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sábado, 22 de setembro de 2007

Descontos, continuação da novela

Uma das maiores bobagens que se diz sobre o mercado é que o cliente sempre prefere o mais barato. Se isso fosse verdade, quem se recusa a trabalhar por três centavos de real a palavra estaria sem serviço há tempos.

Muitas vezes, a escolha é condicionada pelo prazo: quem promete entregar mais cedo, leva. Outras vezes, pela confiança: pega o serviço o tradutor conhecido, que já prestou bons serviços.

Até já peguei um serviço, há muitos anos, porque meu preço era o médio! O cliente, depois de longas conversas amigáveis, me explicou que eles jamais tinham contratado um tradutor, não tinham critério algum a seguir e, então, pediram três cotações, descartaram a mais cara e a mais barata e saí eu, com o rabinho abanando e o serviço em baixo do braço.

O que é verdade, triste, mas verdade, é que a maioria dos clientes usa a afirmação de que sempre pega o mais barato como meio de intimidação. Então, você cota dez, o cliente liga, faz mil elogios, diz que gostaria de trabalhar com você, mas, lamentavelmente, há alguém que pediu oito e ele tem que escolher o mais barato, por norma da casa. É hora de morder a bala, como dizem os americanos e fazer de conta que nem se importa. Primeiro, porque pode perfeitamente ser mentira do cliente; você não viu as cotações dos colegas e é bem capaz de eles nem terem consultado mais ninguém. Segundo porque, se ele tem que comprar do mais barato e já tem o mais barato, já resolveu o problema dele, certo?

Minha resposta, nesses casos, é padrão: não cabe a mim estabelecer as normas que regem a escolha de fornecedores pela sua empresa. Se ele perguntar se não estou disposto a baixar o preço, digo que não, porque esse é o preço que cobro de todos; se der um desconto ao senhor, vou trabalhar por oito quando poderia trabalhar por dez, o que não faz sentido, porque estaria pagando dois centavos a cada palavra que traduzo. Normalmente, a terceira pergunta é se eu tenho mais serviço e a resposta é claro, serviço é o que não falta. Já perdi muito serviço com essa estratégia, mas foi esse também um dos meios que me ajudou a aumentar meus preços.

Nunca se esqueça: coragem não garante vitória, mas o medo assegura a derrota.

Até amanhã, que o blog está entrando nos eixos de novo.

Um comentário:

Felipe disse...

Penso exatamente da mesma forma, Danilo. Não foram poucas as vezes que ouvi de tradutores que o mercado pratica o preço de 3, 4 centavos, quando muito, 5.

Acho legal que eles trabalhem por tão pouco, mas nunca me sujeitei a isso, talvez por uma ganância mascarada, mas creio piamente que meu trabalho não vale só isso. Já cheguei até a cortar relações com uma empresa (polidamente, claro) que por um único deslize depois de dois anos, quis descontar 25% do preço da tradução que eu já havia entregado.

É bom saber que tem mais gente que dá o devido valor ao trabalho que faz, sem se submeter aos caprichos orçamentários e lábias comerciais. Cá entre nós, confesso que já dei desconto, mas depois de ler essa séria de 3 textos, vou negar duas vezes...

Grande abraço e parabéns.

Felipe Cichini