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terça-feira, 18 de setembro de 2007

Memória de tradução (“CAT”)

Outro dia, no meio de uma discussão em uma lista, um colega me escreveu, particularmente, perguntando o que era uma memória de tradução, o que também se conhece pelo nome inglês CAT, abreviatura de computer-aided translation. Respondo por aqui, e assim dou um pouco de vida a este blog, que não anda lá muito bem das pernas.

Para começo de conversa, memória de tradução é um péssimo nome, isso é o que é. E, para piorar, tem pelo menos dois sentidos.

A rigor, uma memória de tradução é um corpus paralelo. Ou seja, um arquivo em que são armazenados textos em duas línguas, um ao lado do outro. Os formatos variam, mas, digamos, só para explicar a quem não sabe, algo assim:

The Chemistry book is red. O livro de química é vermelho.
London is the capital of EnglandLondres é a capital da Inglaterra.

As memórias de tradução armazenam segmentos. Um segmento corresponde, aproximadamente, a um período, como definido pela gramática. Assim, preserva-se contexto. Todos nós sabemos que book também é o verbo reservar (passagem, por exemplo, mas, no exemplo acima, não pode ser reservar, porque o contexto não permite.

Para trabalhar com esses bancos de dados, é necessário um programa especial, que, lamentavelmente, também é conhecido como memória de tradução, embora programa de tradução assistida por computador fosse mais preciso. À medida que você trabalha com um desses programas, ele vai automaticamente alimentando o seu banco de dados com as traduções que você vai fazendo e, ao mesmo tempo, pesquisando o banco para ver se há alguma informação que possa ser útil. Se encontrar alguma coisa interessante, faz uma sugestão ou mais. Costumam ser boas sugestões, porque as memórias de tradução, como eu disse, consideram o contexto. São sugestões, quer dizer, você pode mudar como quiser ou até desprezar.

Os programas de memória de tradução fazem muitas coisas mais. Por exemplo, consultam glossários automaticamente, facilitam o trabalho de manter a formatação, ajudam com números e prestam inúmeros outros serviços. Além disso, traduzir arquivos em formatos xml, html e outros bicharocos sem essas ferramentas é praticamente impossível.

Há muitos enganos e mal-entendidos a respeito dessas ferramentas. O primeiro e pior é a confusão com as ferramentas de tradução automática, tipo Babelfish. São coisas diferentes, com objetivos diferentes, tecnologias diferentes e resultados diferentes.

Cada vez mais, os tradutores profissionais usam esses programas de tradução assistida por computador. Começou com a turma da tradução técnica, sempre mais novidadeira. Mas agora, depois de grande resistência, até a turma da literária, que sempre foi mais conservadora, está descobrindo que facilitam a vida do tradutor.

Uso essas coisas desde 1997 e fizeram uma grande diferença na minha vida. A ferramenta mais conhecida é o Trados, mas a minha predileta é o Wordfast, que é mais eficiente e mais barata. Para saber mais sobre essas coisas, clique aqui.

E, aliás, aproveito para convidar para a Reunião na Sala 7, um evento grátis e a distância, para tradutores e pretendentes a tradutor. Ninguém vai ficar tentando te empurrar curso pago nem livro nem nada. É só uma discussão entre colegas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mas Danilo que versão do Trados você está comparando com o Wordfast? Sempre que você fala nisso, a impressão que me dá é a de alguém que usa o Linux mais recente porque o Windows 95 não era bom.
Outro dia, vi você comentando que alguém lhe disse que o Multiterm havia melhorado muito. Ora, isso aconteceu há pelo menos três anos!!!
A diferença entre o Trados e o Wordfast é que o primeiro é o padrão do mercado. Com isso é possível que você receba glossários do Multiterm, arquivos .ttx e vai poder encará-los no Trados. No Wordfast, só com gambiarras e longas horas de conversões.
Não é a minha definição de eficiência.