Este blog entrou em recesso de fim de ano meio forçado: ele, que adquiriu vida própria, não queria parar e eu não queria que parasse. Mas a vida quis que parasse e parou.
Reabre hoje e reabre com chave de ouro, com uma mensagem recebida do Saulo von Randow Júnior, o homem que está levantando o maior escândalo do mundo tradutório brasileiro: o plágio de traduções por atacado, feito pelas nossas editoras. O início da história você encontra aqui, se é que ainda não conhece, está aqui.
Uma historinha sórdida. Vamos insistir e, um dia, as editoras vão ter de se manifestar – ou individualmente, ou através da Câmara Brasileira do Livro. Cabe a nós, com os meios de que dispomos, chamar a atenção de todos para o problema e obrigar os editores agir corretamente.
Esse plágio por atacado me fere profundamente, embora nada do que eu tenha feito tenha sido plagiado. Sou amante de música clássica e a maior parte do que ouço já está no domínio público há anos. Quer dizer, para tocar ou reimprimir a quinta Sinfonia de Beethoven, não é necessário pagar direitos autorais. Como Beethoven não tem sucessores com direito intelectual sobre sua obra, se um maluco mandar imprimir a partitura da uma sinfonia dele e publicar como de sua autoria, não há como me processar. Mas a grita vai ser enorme, principalmente por parte dos músicos e editores honestos. Espero que as editoras honestas se juntem também ao nosso clamor.
Se você sabe de alguma coisa que possa nos ajudar, escreva para mim. Se você pedir, seu nome será mantido em segredo, mas a informação será pesquisada e pode ajudar a dar um pouco mais de dignidade à nossa profissão. Não vou publicar informações, assinadas ou anônimas, sem pesquisar.
Danilo,
Gostaria de colocá-lo a par, bem como aos leitores do seu "blog", sobre a repercussão do artigo "O Mistério de Ivanhoé: alguns dias após a publicação da matéria no seu sítio, fui contactado pela, também tradutora, Denise Bottmann, a qual queria saber mais sobre o assunto.
Ela disse ter tomado conhecimento do caso num grupo de debates do "Yahoo" conhecido como "Litterati", onde o assunto foi levantado. Como dispunha, assim como eu, das 2 edições do livro "Ivanhoé" , ela partiu para o cotejo dos livros e ficou assombrada com o que encontrou. Como também possuía 2 edições do "Fausto" e "Werther" de Goethe, ela resolveu aprofundar as investigações e, aí também, encontrou vestígios de plágio.
A Denise, então, tentou entrar em contato umas 3 ou 4 vezes com a Nova Cultural e, ao mesmo tempo, escreveu um e-mail para a seção Folha Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo, os quais se interessaram sobre o assunto e publicaram uma matéria sobre o caso.
Logo em seguida, partindo de uma matéria publicada pela Revista Veja sobre o lançamento, na época, sobre a coleção "Obras-Primas" da Editora Nova Cultural, começamos um trabalho de cotejo dessa coleção com os livros dos mesmos autores de outras editoras, principalmente os da Editora Abril Cultural.
Nesse ínterim, a repercussão dos plágios deu origem a um abaixo-assinado por parte dos tradutores, fazendo com que o mesmo ganhasse as páginas do jornal Folha de S.Paulo como matéria digna de nota. Como eu possuía alguns desses livros (Ana Karênina, Tom Jones, Crime e Castigo) de ambas as editoras e a Denise possuía outros, passamos a publicar nossos "achados" junto ao "blog" que destaca o abaixo-assinado acima referido as nossas descobertas.
Atualmente, eu e a Denise estamos trabalhando para separar o joio do trigo: com o apoio de algumas pessoas que são proprietárias de sebos, estamos trabalhando para saber quais obras foram vilipendiadas nesse processo de plágio descarado (direto) e, também, por um sistema de tradução por sinonímia, sem qualquer respeito ao trabalho do tradutor original da obra em questão.
Na ocasião, gostaria de manifestar o meu agradecimento ao Danilo por seu empenho na busca de solução para esse que começou como "O Mistério" e que, agora, já se traduz em vários "Mistérios".
Cordialmente,
Saulo von Randow Júnior
O abaixo assinado de que o Saulo fala está aqui. É só clicar.
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