O piloto automático é um dos nossos maiores inimigos. O maior é o excesso de confiança em glossários, mas isso é outra conversa.
O piloto automático é aquele mau conselheiro que faz a gente traduzir um termo sempre do mesmo jeito sem pensar bem no que ele significa em português naquele contexto – ou se significa alguma coisa. Por exemplo, você já pensou em fail/failure? O piloto automático manda traduzir como falhar/falha/falência. E, às vezes, dá certo. Mas, na maioria das vezes, não funciona. Veja estes exemplos
As a writer, he was a complete failure.
Como escritor, foi um fracasso completo.
John failed both Math and Chemistry.
John foi reprovado em matemática e química.
Mary failed in her attempt to regain the world title
Mary não conseguiu recuperar o título mundial.
Note que conseguir implica na existência de uma tentativa, portanto, a tradução para attempt fica implícita. Não conseguir, muitas vezes, é uma grande tradução. Veja
Many people tried to quit smoking and failed misarably
Muita gente tentou parar de fumar e fracassou completamente.
If all else fails…
Se nada mais funcionar…
Aqui, estou usando o processo chamado modulação, em que se troca o ponto de vista. Quer dizer, onde o inglês diz tudo fracassar, eu digo nada funcionar. Note que a expressão inglesa convencional e, por isso, cabe traduzir pela convencional correspondente no português.
Por agora, é só. Estou botando o blog nos eixos de novo e vou continuar este assunto amanhã.
Obrigado pela visita, volte sempre e torça para que eu consiga manter esta coisa toda funcionando.
Um comentário:
O problema do "piloto automático" é uma das coisas que me impedem de achar que seja possível traduzir com qualidade quando se tem uma produção diária de, sei lá, 5.000 palavras ou mais (sem grandes repetições). Qualidade exige tempo, e quem liga o piloto automático não está a fim de gastar o tempo necessário para buscar essa qualidade.
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