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domingo, 17 de fevereiro de 2008

Você está com excesso de serviço?

Deixa fazer uma pergunta: o que você faz quando está com falta de serviço? Aceita serviço ruim, certo? Serviço ruim quer dizer serviço a preço baixo, serviço de cliente chato, serviço de cliente que demora a pagar. Então, quando a coisa está braba, o que cai na rede é peixe.

Mas, assim como as vacas emagrecem, engordam de novo. Não engordam para todos ao mesmo tempo nem na mesma velocidade, mas nós estamos falando de você, agora. Suas vacas estão engordando? Quer dizer, você está com excesso de serviço? Muitos de nós estão. Tem gente trabalhando sete dias por semana, adoidadamente, e, mesmo assim, não sem conseguir dar conta do recado.

Trabalhar demais é um problema, porque cansa o corpo e a qualidade cai. E o cliente que pediu pelo amor de Deus para você aceitar um serviço num momento em que você estava com lotação total é exatamente aquele que reclama que o serviço foi picaretado. Então, bom, então, tem que ter um limite. Tradutor é metido a herói: traduzi um livro de duzentas páginas em uma semana! Pois não devia, pronto. Fez besteira!

Melhor, quando há excesso de serviço, começar a usar a palavra mágica. A palavra mágica, não, as frases mágicas, porque são duas.

A primeira é não. Um não educado, mas firme, sem cair na defensiva. Dez mil palavras para sexta-feira que vem? Desculpe, não posso, estou de serviço até as orelhas. Não, não dá para encaixar, já estou com todos os encaixes encaixados. Fica para a próxima. Essa se aplica aos chatos, aos que demoram mais tempo para pagar do que o justificável.

A segunda frase mágica é por esse preço, não dá. Meu mínimo é X. Você não tem que explicar porque sua taxa, que era Y, agora é X. Você trabalha por conta própria, cobra o que quer. E vai saindo da conversa. Quanto menos discussão, melhor. Não precisa falar do preço da batatinha, do colégio das crianças, do sapateiro, de quanto tempo faz que você não aumenta. Nada. Para cada explicação que você der, o cliente tem duas respostas e a conversa dura um século, sem levar a lugar nenhum. Lembre-se: VOCÊ TRABALHA POR CONTA PRÓPRIA E SÓ TEM OBRIGAÇÃO DE CUMPRIR A PALAVRA EMPENHADA. PELO SEU SERVIÇO, VOCÊ COBRA O QUE QUISER.

Ah,desculpe, mas nós aqui temos a tabela da casa, sabe, não dá para mexer. Não autorizam. Vê lá o que você pode fazer por mim. Você já fez tanto serviço para nós a esse preço! Por que não pode fazer mais um?

Vá plantar batatas, para não dizer coisas pior. A tabela da casa não é problema meu e nem eu vou comer menos para ajudar os outros. Eu tenho que fazer pela minha família, não pelos outros. Já fez serviço demais àquele preço, está na hora de ter um aumento, raios!

Mas não é isso o que você deve dizer, claro: boa educação, sempre. Não baixe o nível, mesmo que o cliente procure baixar. Você tem a tua tabela, eu tenho a minha. Você não pode subir a sua, não posso baixar a minha. Os outros clientes estão aceitando numa boa, não faz sentido reduzir. Se, em vez de trabalhar para os outros por doze, eu trabalhar para você por dez, estou pagando para trabalhar. Não dá.

Você vai ver quantas vezes o cliente vai reclamar, resmungar, mas aceitar o preço maior. Alguns não vão aceitar, claro. E isso vai reduzir o fluxo do serviço. Mas você vai ver quantos aceitam.

Aliás, contra o conselho de vários colegas, estou aumentando meus preços. Até agora, todos aceitaram numa boa. Vou ter que arrumar outro jeito para reduzir o fluxo de serviço.

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