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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Notícia importante para quem escreve inglês

Recebi, repasso

We are pleased to announce the initial release of the 360 million word "BYU Corpus of American English" (1990-2007), which is freely available online (http://www.americancorpus.org). New texts will be added at least two times each year from this point on (20 million new words each year; 4 million words in each of the five genres), and it will thus serve as a unique linguistic history of American English since 1990.

CONTENT

The corpus is composed of more than 360 million words in nearly 150,000 texts, including 20 million words each year from 1990-2007. For each year (and therefore overall, as well), the corpus is evenly divided between the five genres of spoken, fiction, popular magazines, newspapers, and academic journals. The texts come from a variety of sources:

Spoken: (76+ million words) Transcripts of unscripted conversation from nearly 150 different TV and radio programs (examples: All Things Considered (NPR), Newshour (PBS), Good Morning America (ABC), Today Show (NBC), 60 Minutes (CBS), Hannity and Colmes (Fox), Jerry Springer, etc).

Fiction: (70 million words) Short stories and plays from literary magazines, children's magazines, popular magazines, first chapters of first edition books 1990-present, and movie scripts.

Popular Magazines: (78+ million words) Nearly 100 different magazines, with a good mix (overall, and by year) between specific domains (news, health, home and gardening, women, financial, religion, sports, etc). A few examples are Time, Men's Health, Good Housekeeping, Cosmopolitan, Christian Century, Fortune, Sports Illustrated, etc.

Newspapers: (73+ million words) Ten newspapers from across the US, including: USA Today, New York Times, Atlanta Journal Constitution, San Francisco Chronicle, etc. There is also a good mix between different sections of the newspapers, such as local news, opinion, sports, financial, etc.

Academic Journals: (73+ million words) Nearly 100 different peer-reviewed journals. These were selected to cover the entire range of the Library of Congress classification system (e.g. a certain percentage from B (philosophy, psychology, religion), D (world history), K (education), T (technology), etc.), both overall and by number of words per year

QUERIES

-- The interface is the same as the interface for the 100 million word British National Corpus and 100 million word TIME Magazine corpus (see http://corpus.byu.edu/)

-- Queries by word, phrase, alternates, substring, part of speech, lemma, synonyms (see below), and customized lists (see below)

-- The corpus is tagged by CLAWS, the same tagger that was used for the BNC and the TIME corpus

-- Chart listings (totals for all matching forms in each genre or year, 1990-present, as well as for sub-genres) and table listings (frequency for each matching form in each genre or year)

-- Full collocates searching (up to ten words left and right of node word)

-- Comparisons between genres or time periods (e.g. collocates of 'chair' in fiction or academic, nouns with 'break the [N]' in newspapers or academic, adjectives that occur primarily in sports magazines, or verbs that are more common 2004-2007 than previously)

-- One-step comparisons of collocates of related words, to study semantic or cultural differences between words (e.g. comparison of collocates of 'small' and 'little', or 'men' and 'women', or 'rob' vs 'steal')

-- Include semantic information from a 60,000 entry thesaurus directly as part of the query syntax (e.g. frequency and distribution of synonyms of 'beautiful', synonyms of 'strong' occurring in fiction but not academic, synonyms of 'clean' + noun ('clean the floor', 'washed the dishes')

-- Create your own 'customized' word lists, and then re-use these as part of subsequent queries (e.g. lists related to a particular semantic category (clothes, foods, emotions), or a user-defined part of speech)

NOTE

Due to copyright and licensing issues, the corpus is not available in full-text form. Rather, as with our interface to the BNC and TIME, all access will be via the web interface, which allows full frequency and distributional charts, and limited KWIC displays (up to 100 words per entry)

O piloto automático

Ainda falando de fail, como o piloto automático manda traduzir fail como falhar, o fail to acaba sendo traduzido metodicamente por falhou em, o que é um absurdo.

He failed to come significa ele não veio – só isso. Ele falhou em vir existe, é bom português, mas significa outra coisa, significa que ele veio, mas isso foi uma falha. Mas, em um texto traduzido ele falhou em vir, geralmente significa que o inglês tem he failed to come.

Quem traduz no piloto automático acaba cometendo essas e outras e está correndo sério risco de, mais dia menos dia, se vir substituído por um tradutor eletrônico. Não se engane: Babelfish é uma droga, mas há coisas melhores e estão cada vez melhores.

Como conclusão, repito aqui o comentário do Fabio ao item anterior, cujo original você pode ler rolando um pouco a tela, se quiser:

O problema do "piloto automático" é uma das coisas que me impedem de achar que seja possível traduzir com qualidade quando se tem uma produção diária de, sei lá, 5.000 palavras ou mais (sem grandes repetições). Qualidade exige tempo, e quem liga o piloto automático não está a fim de gastar o tempo necessário para buscar essa qualidade.

Pois é, Fabio (sem acento mesmo?), conheço gente que acha 10.000 palavras por dia perfeitamente normal. Não duvido. Mas traduzir 10.000 palavras por dia como norma e produzir um texto de qualidade me parece tarefa para heróis.

Parece que vou começar a atualizar este blog todos os dias. Se você for do tipo religioso e gostar de ler estas coisas, reze por mim. Mas reza braba, por favor. Volte amanhã que tem mais.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O piloto automático

O piloto automático é um dos nossos maiores inimigos. O maior é o excesso de confiança em glossários, mas isso é outra conversa.

O piloto automático é aquele mau conselheiro que faz a gente traduzir um termo sempre do mesmo jeito sem pensar bem no que ele significa em português naquele contexto – ou se significa alguma coisa. Por exemplo, você já pensou em fail/failure? O piloto automático manda traduzir como falhar/falha/falência. E, às vezes, dá certo. Mas, na maioria das vezes, não funciona. Veja estes exemplos

As a writer, he was a complete failure.
Como escritor, foi um fracasso completo.

John failed both Math and Chemistry.
John foi reprovado em matemática e química.

Mary failed in her attempt to regain the world title
Mary não conseguiu recuperar o título mundial.

Note que conseguir implica na existência de uma tentativa, portanto, a tradução para attempt fica implícita. Não conseguir, muitas vezes, é uma grande tradução. Veja

Many people tried to quit smoking and failed misarably
Muita gente tentou parar de fumar e fracassou completamente.

If all else fails…
Se nada mais funcionar…

Aqui, estou usando o processo chamado modulação, em que se troca o ponto de vista. Quer dizer, onde o inglês diz tudo fracassar, eu digo nada funcionar. Note que a expressão inglesa convencional e, por isso, cabe traduzir pela convencional correspondente no português.

Por agora, é só. Estou botando o blog nos eixos de novo e vou continuar este assunto amanhã.

Obrigado pela visita, volte sempre e torça para que eu consiga manter esta coisa toda funcionando.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Você está com excesso de serviço?

Deixa fazer uma pergunta: o que você faz quando está com falta de serviço? Aceita serviço ruim, certo? Serviço ruim quer dizer serviço a preço baixo, serviço de cliente chato, serviço de cliente que demora a pagar. Então, quando a coisa está braba, o que cai na rede é peixe.

Mas, assim como as vacas emagrecem, engordam de novo. Não engordam para todos ao mesmo tempo nem na mesma velocidade, mas nós estamos falando de você, agora. Suas vacas estão engordando? Quer dizer, você está com excesso de serviço? Muitos de nós estão. Tem gente trabalhando sete dias por semana, adoidadamente, e, mesmo assim, não sem conseguir dar conta do recado.

Trabalhar demais é um problema, porque cansa o corpo e a qualidade cai. E o cliente que pediu pelo amor de Deus para você aceitar um serviço num momento em que você estava com lotação total é exatamente aquele que reclama que o serviço foi picaretado. Então, bom, então, tem que ter um limite. Tradutor é metido a herói: traduzi um livro de duzentas páginas em uma semana! Pois não devia, pronto. Fez besteira!

Melhor, quando há excesso de serviço, começar a usar a palavra mágica. A palavra mágica, não, as frases mágicas, porque são duas.

A primeira é não. Um não educado, mas firme, sem cair na defensiva. Dez mil palavras para sexta-feira que vem? Desculpe, não posso, estou de serviço até as orelhas. Não, não dá para encaixar, já estou com todos os encaixes encaixados. Fica para a próxima. Essa se aplica aos chatos, aos que demoram mais tempo para pagar do que o justificável.

A segunda frase mágica é por esse preço, não dá. Meu mínimo é X. Você não tem que explicar porque sua taxa, que era Y, agora é X. Você trabalha por conta própria, cobra o que quer. E vai saindo da conversa. Quanto menos discussão, melhor. Não precisa falar do preço da batatinha, do colégio das crianças, do sapateiro, de quanto tempo faz que você não aumenta. Nada. Para cada explicação que você der, o cliente tem duas respostas e a conversa dura um século, sem levar a lugar nenhum. Lembre-se: VOCÊ TRABALHA POR CONTA PRÓPRIA E SÓ TEM OBRIGAÇÃO DE CUMPRIR A PALAVRA EMPENHADA. PELO SEU SERVIÇO, VOCÊ COBRA O QUE QUISER.

Ah,desculpe, mas nós aqui temos a tabela da casa, sabe, não dá para mexer. Não autorizam. Vê lá o que você pode fazer por mim. Você já fez tanto serviço para nós a esse preço! Por que não pode fazer mais um?

Vá plantar batatas, para não dizer coisas pior. A tabela da casa não é problema meu e nem eu vou comer menos para ajudar os outros. Eu tenho que fazer pela minha família, não pelos outros. Já fez serviço demais àquele preço, está na hora de ter um aumento, raios!

Mas não é isso o que você deve dizer, claro: boa educação, sempre. Não baixe o nível, mesmo que o cliente procure baixar. Você tem a tua tabela, eu tenho a minha. Você não pode subir a sua, não posso baixar a minha. Os outros clientes estão aceitando numa boa, não faz sentido reduzir. Se, em vez de trabalhar para os outros por doze, eu trabalhar para você por dez, estou pagando para trabalhar. Não dá.

Você vai ver quantas vezes o cliente vai reclamar, resmungar, mas aceitar o preço maior. Alguns não vão aceitar, claro. E isso vai reduzir o fluxo do serviço. Mas você vai ver quantos aceitam.

Aliás, contra o conselho de vários colegas, estou aumentando meus preços. Até agora, todos aceitaram numa boa. Vou ter que arrumar outro jeito para reduzir o fluxo de serviço.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Volta à Vida

Acho que, finalmente, a partir da semana que vem, este blog vai entrar em ação de novo, depois de vários tropeços, topadas e tropicões. Minha vida deu umas guinadas e tive de repensiocinar (verbo cunhado por mim, mistura de "pensar" com "raciocinar", com o prefixo re-) uma porção de coisas. A ver se dá tudo certo.

Por hoje, fica o aviso da Reunião na Sala 7

A próxima, grátis como as anteriores, será no sábado, dia 16 de fevereiro de 2008, às 14 horas, sempre via Aulavox.

O tema será "Ferramentas de Tradução Assistida por Computador". Vamos falar não só dos programas básicos, como Wordfast, Trados e semelhantes, como de utilitários grátis, que poucos conhecem, como xBench, AndoTools, PlusToyz e quetais, para certas tarefas específicas de controle de qualidade e organização de glossários.

Como é um programa à distância, via web, você pode participar de sua própria casa, independentemente de onde estiver. O evento é absolutamente grátis e ninguém vai ficar atormentando os participantes para comprar ou pagar qualquer coisa que seja.

Todos são bem-vindos.

Para participar, clique aqui.

O sistema Aulavox funciona a preceito em PCs e Windows. Não é necessário ter microfone, mas alto-falante é indispensável. As perguntas são feitas pelo bate-papo e eu respondo à medida que forem surgindo.

Por favor, divulgue para outros interessados.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Traduções amadoras, um perigo?

A revista Língua Portuguesa publicou matéria cotejando uma tradução pirata de Harry Potter com o trabalho da tradutora oficial, nossa colega e minha particular amiga, Lia Wyler, chegando à irrefutável conclusão de que, embora os amadores não fossem de todo ruins, a Lia traduz melhor. Entretanto, nem todos os tradutores profissionais são tão competentes com a Lia. Fosse outro o profissional encarregado do HP, os amadores poderia ter ganho a parada da qualidade.

Não, espera, estou me adiantando. Preciso primeiro definir o que quero dizer com tradutor profissional. Pelo menos aqui, tradutor profissional significa aquele que traduz a troco de uma remuneração compatível com a média do mercado para traduções semelhantes. Todos nós achamos que ganhamos mal e a maioria acha que quem cobra menos que eu avilta o mercado. Mas isso é outra conversa, para outro dia. O que quero dizer é que se as editoras pagam, em média R$ X por lauda e nossa colega Beta traduz para uma editora e recebe RX$ por lauda, ou mesmo um pouco menos (por isso falo em média), então é tradutora profissional. E há mais de um profissional que eu conheço e que traduz pior, bem pior, do que o bando de amadores enveredou pela aventura de traduzir Harry Potter.

Estará chegando ao fim a tradução profissional? Eis a pergunta intraqüilizadora que perpassa toda a conversa surgida em vários grupos de tradutores. Vamos agora ser substituídos por bandos de adolescentes ou de aposentados?

Creio que não. Gente traduzindo por nada ou quase nada, sempre houve. E, diga-se de passagem, gente muito boa. Conheci vários daqueles tradutores e tradutoras que brilham nos cadernos literários dos nossos jornais e a grande maioria deles trabalha de graça ou por valor meramente simbólico, garantindo o rancho com outras fontes de renda. Não traduzem por dinheiro: como os adolescentes que traduzem Harry Potter, traduzem por prazer ou pela aventura, por prestígio ou até para fazer currículo.

O fato é que esses amadores e amadoras, por bons que sejam, traduzem o que bem entendem, como bem entendem, quando bem entendem. O profissional traduz o que é preciso, como necessário, dentro do prazo estabelecido, uma postura que faz uma diferença danada para quem precisa de serviços de tradução. Conheci, há anos, um psicólogo que traduzia, a preço de banana e muitas vezes gratuitamente, os trabalhos do professor com que estudara nos EUA. Mas certamente não traduziria 50 laudos preparados por algum colega ou mesmo um estudo preparado por alguém que seguisse outra linha de psicologia: coisas que não lhe interessavam, mas essas coisas precisam ser traduzidas. Aí, então, entra o profissional.

Amador traduz o que quer traduzir, profissional traduz o que precisa ser traduzido. Faz uma baita duma diferença.