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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Me dá um desconto aí!

Acontece a toda hora: liga o cliente e oferece um serviço por um preço muito baixo. O cliente tem mil alegações em apoio à pretensão de desconto. Só para ilustrar, aqui vão algumas, que ouvi de agências:
  • Tivemos de dar um desconto ao cliente final;

  • Atuamos no mercado XXXX, onde os preços são mesmo menores;

  • Foi uma concorrência brutal, contra fulano e beltrano, que, sabidamente, cobram pouco e tivemos de cobrar ainda menos para ganhar;

  • O trabalho já tinha sido feito uma vez, por outro tradutor, ficou mal feito e não podemos cobrar do cliente duas traduções, estamos, inclusive, absorvendo um prejuízo;
Nada disso é relevante. Agência tem a mania de querer descarregar nos nossos ombros as besteiras que fez. Às vezes, nem fez besteira alguma, está cobrando seu preço normal, mas inventa alguma desgraça, para ver se chora um descontinho.

Aceitar ou não aceitar, eis a questão! Claro que, se você está com a corda no pescoço, qualquer cinco milréis é dinheiro e eu já fiz mais de um serviço a meia-paga.

Por outro lado, se você for aceitar, pode ter certeza de que o mesmo cliente vai voltar com outro pedido de desconto: a concessão de um desconto sempre gera mais pedidos de descontos. É quase impossível migrar de meia-paga para remuneração integral, não importa qual seja o cliente.

O cliente pode até jurar que é só esta vezinha que ele vai pedir desconto e que vai haver muito mais serviço com remuneração normal e mais mil coisas, mas não demora vem outra choradinha. Se você concedeu desconto uma vez, não importa qual seja a alegação feita pelo cliente, na próxima vez ele vai lembrar que você deu o desconto e não se esquecer de pedir outro. E lá começa o chororô de novo.

Só para evitar choradeiras futuras, já vale dizer que não. Mas, como já insisti aqui mais de uma vez, tem de ser um não firme e educado.

5 comentários:

JuMar disse...

Olá, Danilo. Sou leitora há pouco, mas encontrei muitas informações preciosas aqui e que, inclusive, me levaram a procurar uma pós-graduação na área.
E, por confiar no seu vasto conhecimento, gostaria da sua opinião sobre o curso oferecido pela Mackenzie (www.mackenzie.br/153.html). Obrigada!

Amanda disse...

Traduçao é uma arte e num trabalho artístico é uma grosseria pedir desconto.
Mas nesse tempo materialista a arte virou business e nos negocios e na guerra vale tudo!
Tudo menos deixar que menosprezem nosso trabalho.
Tradutores valorizem-se!!!

Amanda disse...

Traduçao é uma arte e num trabalho artístico é uma grosseria pedir desconto.
Mas nesse tempo materialista a arte virou business e nos negocios e na guerra vale tudo!
Tudo menos deixar que menosprezem nosso trabalho.
Tradutores valorizem-se!!!

Anônimo disse...

Conheço ainda outra desculpa de cliente tanga-frouxa: "é que estou com um projeto pessoal (livro, documentário, peça de teatro) e o dinheiro vai sair todo do meu bolso". Ou seja, porque sai do bolso dele é que pode cobrar quanto tenha vontade...

Danilo Nogueira disse...

Se sua taxa normal é 10 e você cobrar 8, está doando 2 do seu bolso. Agora, ainda que mal pergunte, por que raios eu tenho que subsidiar o tal do "projeto pessoal" dele?