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domingo, 2 de setembro de 2007

O mistério de Ivanhoé - II

A história da tradução de Ivanhoé¸ contada aqui, teve umas conseqüências curiosas. Quem eu esperava que se manifestasse ficou calado, ao menos até agora, mas há uma porção de formiguinhas tradutoras procurando informações e meu e-mail particular tem recebido informações, que, por não terem sido confirmadas, não vão ser divulgadas aqui. Há, inclusive, um colega que ao que tudo indica descobriu um caso semelhante.

Isso é grave, muito grave. Vou traçar um paralelo com a música clássica, a ver se me faço entender. Beethoven, como todos na época dele, trabalhava por empreitada, muitas vezes até por encomenda. Chegava um editor de música e pedia "uma sonta para violino" e ele fazia. Ao contrário do que diz a lenda, Beethoven era um negociador hábil e ganhou um dinheirinho razoável com seu trabalho. Então, o editor pagava a ele lá um tanto e recebia a tal da sonata. A sonata era publicada como de L. v. Beethoven.

Muitas vezes, saiam edições pirateadas, mas sempre com o nome de Beethoven. As obras de Beethoven caíram no domínio público, o que significa que podem ser publicadas ao gosto do freguês. Se eu cismar de hoje, como o dia está bonito, publicar uma nova edição das Sinfonias, direito meu e não há o que reclamar. Mas tem que ser com o nome Beethoven. Não posso lá eu publicar a famosa quinta e botar como autor o meu grande amigo Brederodes Sacatrapos, jovem artista pelo qual tenho grande estima e que anda precisando de um empurrãozinho em sua carreira.

Existem alguns casos cabulosos, na música, na literatura e na tradução, em que Alfa faz alguma coisa que Beta assina. Há casos, também, de falsa atribuição, enganos cometidos por pesquisadores, como os que atribuíram uma certa obra a Joseph Haydn. Johannes Brahms achou que deveria escrever umas variações sobre a obra e daí saíram as Variações sobre um tema de Joseph Haydn. Posteriormente, foi descoberto que a obra tinha sido composta por Ignaz Pleyel, discípulo de Haydn.

Há casos de contestação de autoria e de autoria incerta, como sabe qualquer um que tenha dedicado uns minutos aos sonetos atribuídos ou atribuíveis a Camões. Mas, aparentemente, nada disso acontceu aqui. Simplesmente, a obra mudou de autor.

Continuo a pesquisa e continuo a agradecer a ajuda que me possam oferecer. Se você tiver alguma informação mas tiver receio de divulgar, mande uma mensagem ao meu e-mail, em vez de fazer um comentário. Vou investigar, com os recursos de que disponho, ressalvando totalmente sua identidade.

Obrigado pela visita e pela possível cooperação

3 comentários:

Regina disse...

Só para dizer que estou adorando ler a respeito dessa saga do tradutor misterioso de Ivanhoé, Danilo. Infelizmnete, não tenho como contribuir com nada, a não ser minha curiosidade geminiana. :)

Um beijo e um queijo procê e pra Vera! Iara

denise bottmann disse...

boa tarde, danilo

há algum tempo, vc comentou no litterati uma lebre levantada no orkut pelo saulo, a respeito da tradução do ivanhoé feita pelo brenno silveira e reeditada pela nova cultural com outro nome, está lembrado?
na época, entrei em contato c/ vc e postei algo em seu blog. corri um pouco atrás das editoras para as quais trabalho e de alguns amigos tradutores com experiência nessa área de edição. liguei tb umas 3 ou 4 vezes para a nova cultural, sempre com resultados pífios.
após a matéria sobre a martin claret na folha de domingo passado, enviei um e-mail para o jornal, comentando o assunto.
naquele dia pensei em lhe repassar uma cópia do e-mail, para mantê-lo a par e mesmo porque me parecia que vc e saulo estavam mais diretamente empenhados. mas achei que não teria retorno da folha, e que seria inútil criar alvoroço em cima de algo que acabaria ficando por isso mesmo.
bem, hoje recebi um retorno de um editor da fsp declarando seu interesse no assunto.
vc poderia dar sua opinião? vc poderia consultar o saulo? vc acha que vale a pena termos uma postura mais organizada? pois, além de eu ser meio desbocada e muitas vezes meter os pés pelas mãos, creio que este é um assunto sensível, que poderia envolver mais pessoas. de mais a mais, sinto-me meio insegura de dar andamento a este caso sozinha. o que vc acha?

agradeço,
denise

Anônimo disse...

E aí, algum fato novo?

Já procurou na estante virtual? Lá deve ter...