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quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Microsserviços de tradução

Pipocou ontem uma discussão interessante numa das listas. Um colega recebe de um cliente o encargo de traduzir fragmentos de textos. O resto do texto já foi traduzido por alguém, não sei em que circunstâncias.

Do meu ponto de vista, o cliente tem o direito de distribuir o trabalho da maneira que acha conveniente. Se o cliente quer dividir o texto entre diversos tradutores, é direito dele. Se esse procedimento vai dar alguma vantagem, não me cabe julgar. Aparentemente, o cliente traduz internamente o mais fácil e encomenda do nosso colega os trechos mais difíceis. Poderia ser, também, que o cliente simplesmente quisesse a tradução de meia dúzia de parágrafos necessários para atualizar um documento, mas, ao que tudo indica, não é o caso do nosso colega.

Nosso colega não gosta muito do sistema. Por minha parte, estou tão acostumado que não me importo. Muito do meu serviço e do serviço de outros tradutores é traduzir partes de documentos.

Há mil razões para o cliente nos pedir a tradução de trechos isolados: pode ser uma atualização de um documento já traduzido, pode ser uma única cláusula de um contrato, para uso de um advogado. Pode ser, inclusive, como observa o colega, um "em casa a gente faz o fácil, o difícil a gente manda fazer fora". Não importa.

Quando recebo um pedido de tradução, levanto três questões. A primeira é ética: posso aceitar aquele tipo de serviço daquele cliente? Se puder, passo ao tempo: tenho como atender o cliente no prazo especificado? Se tiver, passo ao terceiro quesito: a que preço me convém aceitar o encargo? Essas três perguntas cabe exclusivamente a mim responder. Posso até consultar colegas, mas a decisão final é minha.

O problema de preço é crucial e muitos de nós começam a solução estabelecendo uma taxa mínima. Tanto por palavra, por lauda, por toque ou o que quer que seja, e o mínimo é X. Esse X deve corresponder a aproximadamente o ganho em uma hora de trabalho e é esse o mínimo que você cobra por qualquer pedido. Uma linha, que seja. Mais ou menos como a taxa de visita do eletricista ou encanador.

Isso vai estimular o cliente a agrupar os fragmentos e mandar coisinhas maiores. Se não estimular, tudo bem: traduzir duas linhas pela taxa mínima é mais que compensador.

Se o cliente mandar o filé para um tradutor menos experiente e os ossos para você, simplesmente ajuste suas tarifas. Sem problema, sem queixa, sem ressentimento. Sua tarifa normal é X, para textos de dificuldade média. Para textos de alta dificuldade, há um acréscimo de Y%. Todo texto fragmentário tem, por natureza, dificuldade maior e, ao enviar parte para um tradutor menos experiente e o resto para você, é o cliente que está dizendo que está te mandando os ossos, não o filé.

Se vai convir ao cliente continuar mandando linhazinhas soltas ou mandar o documento inteiro, não sei – nem é da minha conta. Dos negócios dele, sabe ele, não eu.

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