O Leão está doente
Um colega me chamou a atenção para esta notícia. Trocado em miúdos, a Lionbridge, que está entre as maiores agências de tradução do mundo, uma das que menos paga aos tradutores e uma das que mais investe em tecnologia, teve um prejuízo de US$ 4 milhões – e isso para o primeiro trimestre de 2008. O que vem pelo resto do ano, só Deus sabe.
O que deu errado? Saber, assim, de saber sabido, não sei. Mas sempre se podem fazer algumas observações:
- Agência não é mina de ouro, como pensa tanta gente. A despeito do diferencial entre o que nos pagam e o que cobram dos clientes, as despesas são tantas que, se não forem bons, o bicho pega.
- A Lionbridge, como tantas outras empresas, sobrestimou o retorno proporcionado pelo investimento em tecnologia. Há retorno, sim, mas não é o que a turma pensa.
- A política deles era maximizar vendas: cobra o mínimo, para pegar o serviço de uma forma ou de outra, e depois dá um arrocho nos tradutores e revisores. Mas, a despeito do fato de que o mercado está cheio de gente disposta a aceitar serviço a taxas baixíssimas, há um limite para tudo.
- Esse pessoal se impressiona muito com serviço grande. Vêem um serviço de megalhão de palavras, arquitrocentos fyzzy matches, e acham que dá para conceder um desconto bom. Mas acontece que controlar um serviço muito grande custa uma fábula e, na verdade, as agências deveriam cobrar um acréscimo de volume, em vez de dar desconto. Salvo se você juntar tudo o que os tradutores mandaram fizer uma prece a São Jerônimo e mandar para a frente, com casca e tudo.
- O sistema de pagamentos deles tem sido muito criticado, o que também contribui para afastar os bons tradutores.
Claro, nem todas as agências são um fracasso econômico, mas, também, nem todas são o sucesso que se pensa. Aliás, se eu achasse que ter agência de tradução era lucro certo, já tinha montado uma.