Mais uma vez, ontem, um colega usou, numa das listas, a expressão if you offer peanuts, you attract monkeys. Pode ser muito bonitinha, mas eu acho uma grosseria sem fim.
Eu cobro caro e o meu piso, para clientes nacionais, é a tabela do SINTRA. No exterior, ainda tenho clientes que me pagam USD 0.12 por palavra, mas é a minoria. Meu preço atualmente é USD 0,15. Acho um absurdo aceitar R$ 0,03 por palavra, como muitos colegas dizem que aceitam. Mas me recuso a classificar esse pessoal de macacos. Desculpem, mas me recuso. E, por favor, não me venham com a graçola de dizer que é para não ofender os macacos. É por achar muita falta de bons modos, mesmo.
Mais de uma vez aqui recomendei que se dissesse não às propostas com preços muito baixos e continuo recomendando. Acho que é necessário ter a coragem de dizer que não, a coragem de recusar. Mas me recuso a chamar de macaco quem não tem essa coragem. Já tive fome e a fome erodiu minha coragem, acabei dizendo sim para serviços a preços vilérrimos. Faz tempo e, com inflação e taxas de câmbio que sobem e descem, não posso dizer se os preços mais baixos que já aceitei são superiores ou inferiores aos três centavos de dólar discutidos naquela mensagem.
Se você nunca passou por isso, não sabe como é horrível, o ronco no estômago vazio. Mas também pode servir de vacina contra a arrogância, algo que não faz mal para ninguém.
Temos um colega que tem uma fonte de renda alternativa e se aproveita disso para jamais aceitar preços baixos: fome, ele não passa. Sorte dele e bom que ele use essa fonte de renda para recusar serviços a preço baixo e, dessa maneira, ajudar todos nós a cobrar mais. Porém erra ao escarnecer de quem não conta com essa vantagem e, na hora do sufoco, precisa se vender barato. Soberbia é sempre um defeito.
O colega que está aceitando serviços por preço muito baixo precisa de ajuda e orientação, não de ser chamado de macaco. Não estou defendendo a cobrança de preços baixos: estou defendendo o respeito aos coelgas.
Para terminar, deixe que eu conte uma historinha, que já contei mil vezes. Numa mesa redonda de tradutores, uma das colegas se eximia em falar cobras e lagartos de quem cobrava menos que ela. Macacos, aviltavam preços, traidores da categoria, desprovidos de profissionalismo, incompetentes, o diabo. Dado momento, voltou-se para mim e perguntou quanto eu cobrava. Respondi. Na época, era cerca de 40% a mais do que a tabela dela. O constrangimento foi geral e tão denso que dava para cortar com uma faca.
Moral da história: não chame macaco a quem cobra menos que você: sempre haverá alguém para quem o seu preço possa ser "de macaco".
E por hoje é só.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
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4 comentários:
Danilo! A cada post, me torno mais seu fã!!!
Oi, Danilo, pra onde escrevo pra te fazer uma pergunta semi-complexa? Deixo um comentário ou tem algum email?
Obrigada!
Ana Patrícia, meu e-mail está no alto da página, do seu lado direito.
Maravilha. (E tenho cá comigo um apelido jocoso para quem tem essa atitude: "Linda Evangelista" ;) )
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