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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Posta restante

Aproveito a manhã mais tranquila para responder duas pendências, com algum laconismo e muito atraso.


A minha língua nativa é o Português, mas sei falar muito bem Inglês e agora estou a estudar Espanhol. Queria saber o que é preciso fazer para ser uma tradutora.

Primeira coisa, sugiro que você dê uma clicada aqui do lado, onde diz “principiantes” e depois em “iniciantes”. Não tenho como repetir tudo o que está lá para cada um que me escreve. É só clicar que vai aparecendo. Mas vale um conselho a mais: passe todos os momentos livres de sua vida estudando suas segundas línguas e, para cada minuto que estudar as línguas estrangeiras, passe ao menos dois estudando português.

Não estou brincando. A maioria dos pretendentes a tradutor se esforça adoidado para melhorar seu conhecimento da segunda língua e acaba deixando de lado o português. Tradutores têm que dominar a própria língua e evitar contaminação de qualquer tipo. Desculpe, não leve a mal, mas preciso dar um exemplo, colhido na sua própria mensagem: você escreve “Inglês” e “Espanhol” com maiúsculas, à moda inglesa, quando ambas as palavras, segundo a ortografia portuguesa, são escritas com minúscula. Tradutor tem que se preocupar com essas minúcias.

Para tradutores que faturam pouco, vale lembrar que existe um programa fiscal chamado MEI - Micro Empresário Individual. Nesse programa você paga de imposto somente R$52,50 por mês (valor fixo mesmo) e "pode" receber até R$2000 por mês.
Outra coisa: pode explicar melhor qual a desvantagem de trabalhar com RPA? Não entendi a seguinte parte: "RPA não isenta o cliente do cumprimento de todas as normas atinentes à aquisição de serviço de pessoa física — que é exatamente aquilo que ele quer evitar ao pedir Nota Fiscal, não RPA."

Mesmo que você cobre muito pouco, logo vai passar dos R$ 2.000 brutos por mês e não há muita certeza de que tradutor seja empresário. Eu, ao menos, não sou. Para coroar, há entendimentos de que, empresários ou não, os tradutores não cabem no programa. Uma confusão dos diabos, um monte de vais e vens e você pode se ver a braços com uma tremenda cobrança de impostos atrasados porque sua empresa foi desenquadrada.

O RPA impõe ao cliente uma carga burocrática e fiscal bem maior que as notas fiscais de pessoa jurídica. Quer dizer, se você cobra dez e dá RPA e outro tradutor cobra doze, o teu serviço sai mais caro para o cliente, por causa dos tributos, além de dar mais trabalho para processar. Por isso, muitas empresas simplesmente não trabalham com quem só emite RPA ou Nota Fiscal de Pessoa Física, o que dá na mesma coisa. A maioria das pessoas jurídicas só aceita trabalhar com outras pessoas jurídicas.

6 comentários:

světluška disse...

Espero que o comentário seja pertinente: está registrado o substantivo vaivém com o plural vaivéns: http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=loadVerbete&pesquisa=1&palavra=vaiv%E9m

Outro dado interessante aqui: http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=17305

Danilo Nogueira disse...

QED!

Meu objetivo, ao apontar os erros, não foi dizer "eu sou o maioral e você não sabe nada", se é isto que te pareceu. O que acontece é que a maioria das pessoas acha que não erra em português e é necessário mostrar um erro óbvio para que notem.

E é, sim, verdade, que a maioria dos tradutores se preocupa mais com a segunda língua que com a própria. Este é um problema que vem afligindo inclusive a União Europeia e as Nações Unidas.

světluška disse...

Não me pareceu nada, se é que o comentário acima é para mim. Só quis contribuir com algo.

Nobody dares to say the name. disse...

Querida 'nome impronunciável para mim', não se chateie com uma resposta torta do caro Danilo Nogueira. É apenas sua natureza ácida, ríspida e quase arrogante presente nos seus textos. Eu mesmo uma vez fui espirrado com uma resposta dele num texto que enviei. Ele é ótimo. Aproveite o conteúdo deste blog (escrevo em inglês mesmo e pronto) ao máximo e considere suas críticas sempre pertinentes.

Danilo Nogueira disse...

Nossa, que horror, gente! Sinto-me como se eu fosse Adolf Hitler num dia de azia.

Curioso que muita gente tem uma impressão de que eu sou uma espécie de rolo compressor, um Átila. Nos dias em que dou palestras ou coisa assim, tem gente que vem falar comigo apavorada, com as mãozinhas atrás das costas, com medo da bordoada.

Na verdade, eu sou um velhinho fagueiro, dono de uma gargalhada estrondosa e o abraçador-mor dos nossos almoços.

světluška disse...

Eu não acho tudo isso do Danilo. Adoro o blogue dele. Se tivesse algo contra ele, não voltaria todo dia. Só fiz um comentário linguístico que pudesse servir a ele ou a qualquer outra pessoa.