Mudamos para www.tradutorprofissional.com

sábado, 20 de outubro de 2007

O que fazer com excesso de serviço?

Quando um tradutor se vê sem serviço, o que faz? Começa a aceitar serviço a preço menor. Reclama, resmunga, mas é a vida. E quando está com excesso de serviço, o que faz?

Há três soluções para o problema.

Primeiro, você pode começar a recusar serviço, por falta de tempo. Acho uma pena, um desperdício, mesmo. Vale numa emergência, se, num determinado dia, aparecerem dois serviços com execução incompatível. Quer dizer, aparecem dois serviços para o dia seguinte e ambos exigem um dia inteiro de trabalho. A gente pode dar uma esticada no dia, eu já dei muitas. Mas para tudo há um limite. Então, rejeite. Paciência.

Mas se o serviço começa a crescer constantemente e você começar ter de trabalhar todos os fins de semana, doze horas por dia, está na hora de tomar uma providência.

Sempre se pode repassar parte do serviço a um colega. Estamos todos rodeados por colegas com pouco serviço, alguns em dificuldades financeiras. Vejo aí, ao menos, dois problemas. O primeiro é achar alguém de confiança para fazer o trabalho. Já vi mais de um caso colega que repartiu trabalho e tiver de refazer tudo, porque não ficou satisfeito com o que recebeu. Também há casos em que o trabalho não está de todo ruim, mas, mesmo assim, exige uma revisão. Quando o trabalho é dividido, em vez de meramente repassado, a revisão é necessária para uniformizar o texto, no mínimo.

Some o tempo da revisão ao tempo necessário par administrar os ires e vires e aos impostos e você vai ver como é difícil, com o que você recebeu do cliente, pagar uma taxa decente ao colega e ainda não ficar no prejuízo. Se seu cliente já for um intermediário, então, fica tudo muito complicado. Já vi muita gente reclamando que recebe traduções de outro tradutor, mas ele paga uma miséria. Mas o fato é que se o "outro tradutor" recebe pouco, não vai poder pagar muito.

Além disso, a maioria dos independentes não tem capital e, quando o cliente atrasa, não tem como pagar o terceirizado. Às vezes, nem quando o cliente paga na hora dá, porque a margem que ele reteve era exígua demais para cobrir os custos, a despeito do fato de que o terceirizado reclama que o terceirizador ficou com a parte do leão.

Claro, o tradutor com excesso de serviço, se tiver talento para isso, pode ser organizar como terceirizador, cobrar mais de seus clientes, montar a estrutura apropriada e ganhar um bom dinheiro. Mas isso se tiver talento e capital. Muita gente não tem. Inclusive eu. Lamentavelmente, terceirizar serviço é uma opção atraente ("para não cair nas mãos de uma agência" é o eufemismo predileto) e muita gente sem competência se estabelece, com resultados catastróficos.

Então, o que fazer?

Bom, primeiro, livrar-se dos clientes chatos, dos que ranhetam com tudo, dos que enviam serviço maluco, dos que demoram a pagar. Segundo, aumentar preços. Quando você aumenta preços, todos os clientes reclamam, cada um apresentando uma razão diferente, que vai desde a "crise atual do mercado" até a situação do time do Corinthians, passando por falta de verba, atenção ao cliente antigo, manutenção de relacionamento e mais o diabo que os carregue a todos eles para perto de suas respectivas sogras. Muitos vão dizer que não vão mais poder trabalhar com você. Alguns podem até trocar de tradutor. Mas, a final de contas, você estava com excesso de serviço, pode se dar ao luxo de perder um cliente.

A mesma lei da oferta e da procura, que te faz baixar preços quando falta serviço, tem de conduzir a um aumento de preços quando o serviço sobra.

Nenhum comentário: