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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Preço de microsserviço

Suspendo a interminável série sobre achação de serviço para responder uma mensagenzinha.
Tenho uma dúvida que é a seguinte: me ofereceram um trabalho onde eu tinha que traduzir 3 frases que eram textos de rótulos de produtos do tipo: leve "X" produto e ganhe uma "mochila". A tradução, além de técnica, exigia uma adaptação pois era do português para um idioma estrangeiro, e no idioma estrangeiro a frase tinha outra estrutura. A agencia me ofereceu R$ 0,10 (dez centavos de real) por palavra com um total de 70 palavras(+/-), ou seja, eu receberia 7 reais pelo trabalho.

Gostaria de saber quanto um profissional cobra por esse tipo de trabalho e se a agencia ofereceu um valor justo.
Não é possível determinar um valor justo para serviço algum. Quer dizer, não há como eu possa dizer, baseado, nos dados que você me dá ou em quaisquer outros, considerando isto e aquilo, o que deveria ser pago. O que se pode falar é se o valor pago está de acordo com o mercado. Isso, na melhor das hipóteses, porque os preços no nosso mercado variam muito e o que está "dentro do mercado" para Alfa, pode estar "fora do mercado" para Beta.

Minha experiência é que, tirando fora os casos realmente extremos, a proporção entre os que cobram mais e os que cobram menos chega a dez para um, situação que leva a muito azedume sempre que a gente se põe a discutir essas coisas. Não há um procedimento padrão e, evidentemente, que paga luta por paga o mínimo, quem cobra luta por cobrar o máximo.

Dez centavos de real por palavra, preço de agência brasileira, para traduzir para uma língua estrangeira, não está de todo mau e tem gente ganhando bem menos que isso. A tradução para uma língua estrangeira, normalmente chamada versão é paga a uma taxa superior à da tradução para o português, mas a minha experiência é que não vale a pena, porque, se sua língua nativa for o português, dá uma trabalheira de todos os diabos. Além de que pouquíssima gente faz "versão" que preste – mas isso é outro problema.

O problema é o ser um microsserviço. A praxe do mercado é usar uma taxa mínima para essas coisas. Menos do isso, independentemente do trabalho que a tradução der, não cobre o trabalho de discutir o serviço, cobrar, emitir nota e quetais. Os clientes detestam e procuram sempre negociar essa taxa. Há tempos não tenho microsserviços no Brasil e, portanto, nem tenho taxa mínima em real. Mas diria que, algo em torno de R$ 50 – 75 seria de bom tamanho. Ou seja, se o cliente mandar uma frase de dez palavras, são R$ 50 e pronto. É também um meio de coibir abusos, o cliente que te pega meia hora no telefone para mandar um serviço de dez reais.

Entretanto, quando se trata de um cliente que manda montes de serviço, a gente às vezes nem cobra uma coisa dessas. Quer dizer, cada caso é um caso.

Pelo que me diz a missivista, o texto talvez seja de natureza publicitária e esses textos são dificílimos de traduzir, não importa para qual língua. O pessoal de criação da agência de publicidade fica um mês para bolar uma frase, cobra um preço condizente com o tempo gasto, mas se espera que o tradutor ache o equivalente em outra língua em menos de um minuto e cobre cinco reais pelo serviço.

Uma vez, eu estava no escritório de uma agência e ligaram da Secretaria do Governo do Estado do Paraná, pedindo uma traduçãozinha rapidinha, só três palavrinhas. Quando o dono da agência fez pé firme, sustentando que precisaria de pelo menos um dia para traduzir aquilo e cotou um preço condizente com um dia de trabalho de um tradutor, desistiram. Ainda bem, porque a frase – não me esqueço – era o slogan do governo do Paraná, na época: Paraná: aqui se trabalha.

3 comentários:

Anônimo disse...

Danilo,

Assunto mais corriqueiro do que o "preço de microsserviço" só mesmo o "micropreço de serviço".

Parabéns pelo blog tão interessante!

Anônimo disse...

Olá! Poderia falar um pouco mais sobre versões? Meu primeiro trabalho renumerado foi fazer a versão Português<>Inglês de um site de Ufologia, estou com este cliente desde Janeiro de 2007. Em cada atualização, vejo um desafio...

Anônimo disse...

Bela dica. Costumava passar por esse problema na revisão, até decidir estabelecer um preço mínimo. Na verdade, mesmo, geralmente nem cobro pelo microsserviço. Acabo deixando para cobrar quando vier um trabalho mais "macro".

Abraço,

Pablo
http://cadeorevisor.wordpress.com