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domingo, 17 de agosto de 2008

Como escolher entre duas traduções: (versão revista)

O texto abaixo, com uma modificação na primeira questão, foi publicado aqui. Causou algum impacto, principalmente o Ponto 3, com comentários públicos e particulares.

Você já se viu em dificuldade para escolher entre duas traduções possíveis para a mesma frase? O meu sistema de escolha é este:

  1. Dentre duas traduções, prefira a que mais precisamente refletir a mensagem do original.
  2. Dentre duas traduções que satisfaçam a condição anterior, prefira a que estiver menos aberta a falsas interpretações.
  3. Dentre duas traduções que satisfaçam as condições anteriores, prefira a que for mais correta gramaticalmente.
  4. Dentre duas traduções que satisfaçam as condições anteriores, prefira a que melhor refletir a forma do original.
  5. Dentre duas traduções que satisfaçam as condições anteriores, prefira a que melhor fluir na língua de chegada.
  6. Dentre duas traduções que satisfaçam as condições anteriores, prefira a que usar o vocabulário mais conhecido.
  7. Dentre duas traduções que satisfaçam as condições anteriores, prefira a mais breve.


Mas note que as questões devem ser propostas em seqüência; não vale simplesmente escolher a mais breve se não satisfizer os seis critérios anteriores.

Espero que você goste e comente.


Mantenho o que disse. A única alteração que fiz no texto, foi trocar sentido por mensagem, no Ponto 1, porque mensagem me pareceu mais amplo e, no caso, mais preciso. O Ponto 3, o mais controverso, está lá.

Vamos ver se consigo me explicar melhor: o original (sei, falar de original é politicamente incorreto, a Dra Rosemary e tal, mas eu sou um velho ranheta e chamo o original de original e pronto: ler o blog é de graça, não reclamem, por favor, a cavalo dados não se olham os dentes) tem uma mensagem e é nossa obrigação primordial transmitir essa mensagem ao leitor.

  1. Qualquer tradução que transmita uma mensagem diferente daquela do original deve ser descartada de imediato.
  2. Se duas traduções transmitirem a mensagem do original, porém uma delas der margem a dupla interpretação, deve ser imediatamente descartada. De acordo com a lei de Murphy, você pode ter certeza de que vai ser mal interpretada e, portanto, lá se vai o Ponto 1 para o beleléu (velho usa umas palavras esquisitas, sei disso).
  3. Lá vem, então, o Ponto 3, o controverso. A chave para entender o Ponto é o mais. A recomendação nasceu no dia em que um revisor trocou uma frase minha por outra mais correta, mas que distorcia a mensagem do original. A minha redação não estava incorreta, mas o revisor optou por emendar por uma que era mais correta.

Felizmente, peguei a besteira do revisor a tempo e vetei. Mas ao vetar a emenda, me dei conta de que o revisor tinha dado à frase uma interpretação daquela que eu pretendia, o que significa que eu tinha violado o ponto 2. Então, reformulei a frase de uma forma menos dúbia e ficamos todos felizes.

Note que as recomendações são hierárquicas: aplica-se uma depois da outra, nessa seqüência.

Mas também este artiguinho dominical possa servir para lembrar que dia 21 de agosto temos uma Oficina de Procedimentos e Técnicas de Tradução de e dia 30 mais uma Introdução ao Wordfast. As Oficinas de Procedimentos e Técnicas de Tradução não se repetem nem são seqüenciais, quer dizer, se você fez uma pode fazer a seguinte, se não fez nenhuma, sempre pode começar agora.



Um comentário:

Victor Hugo disse...

Interessante e muito útil... mas quanto aos pontos 4 e 5, pensando em diferenças de forma entre línguas, eles me parecem ligeiramente conflitantes. Pessoalmente, eu inverto a ordem dos dois e dou preferência à fluência na língua de chegada, mas claro que isso tem a ver com os gêneros de texto com os quais trabalho (jogos eletrônicos e seus manuais).