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terça-feira, 26 de agosto de 2008

Você deu a descarga?

Quando eu era criança, a minha mãe sempre perguntava, cada vez que eu saia do banheiro, se eu tinha dado a descarga. Ela sabia, claro: a descarga era barulhenta e, quando eu dava, ela ouvia.

Eu me irritava, como é normal, mas voltava e dava a descarga.


A bem dizer, não é tanto sacrifício dar a descarga ao entrar no banheiro e muita gente faz isso automaticamente, mesmo que o banheiro acabe de ser limpo e esteja cheiroso demais da conta. Nesses casos, não seria necessário dar a descarga, mas adquirir o hábito de dar a descarga ao sair é essencial.


O equivalente a dar a descarga quando se fala em tradução é passar o corretor ortográfico. É a última coisa que se faz, antes de mandar o serviço ao cliente, mesmo que tenha sido passado antes. Temos uma colega, cujo trabalho me cabe revisar, que não passa revisor ortográfico. Talvez pense que está abaixo da dignidade dela, não sei. Mas não passa e pronto. Custa muito pouco para mim passar de novo, antes de começar a revisão e, de modo geral, passo nos textos a revisar independentemente de quem tenha feito a tradução.


Mas abrir um texto para revisar e ver aquela profusão de serpentes encarnadas que o Word agrega ao texto, para indicar as cacas do tradutor e me avisar que preciso dar a descarga, é tão desagradável quanto entrar no banheiro e ver as cacas que o usuário anterior me deixou de presente.


Pergunta: se eu vou revisar mesmo, por que raio passar o corretor ortográfico? Fácil: porque muitas vezes, à medida que vou revisando, uso os comandos de busca e substituição e esses comandos falham lamentavelmente quando a mesma palavra foi escrita de cinco maneiras diferentes. Então, toca a mim dar a descarga antes de começar.


Então dou a descarga. Fazer o quê? Mas xingo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Às vezes fico com medo de revisar um texto, principalmente na empresa onde trabalho. São textos técnicos e os clientes não aceitam nada que não seja ótimo.
É complicado...
Tem hora que me acho nova demais para esta profissão, tem momentos que acho que devo tentar ser avogada ou aeromoça, ams sinceramente, traduzir (e revisar) é o que me faz bem de verdade. É para isso que nasci.
E mesmo que eu demore horas, tento fazer o melhor possível, uso o corretor do word, pesquiso na internet, pois sei que não sou perfeita.

Abraços,
Yasmin.

PS: Posso linkar teu blog no meu? (Desta forma sei que entrarei aqui diariamente.)

Anônimo disse...

Ola Danilo, tudo bem? Vc provavelmente nao vai lembrar de mim, mas eu ja andei dando uns pitacos la na comunidade do orkut, apesar de ser jornalista. Bom, eu queria dizer que dia desses escrevi um artigo para um site e citei vc. Se vc nao gostar (afinal, eu parafraseei vc livremente) eh so reclamar q eu mudo/tiro, viu?
Seu blog ja me deu muitas dicas uteis que dez em quando eu repito por ai. Parabens.
(sim, eu estou sem acentos)
O artigo eh esse: http://carreirasolo.org/respostas/qual-e-o-melhor-tipo-de-cliente-para-um-freelancer

Anônimo disse...

Adorei a alegoria da descarga, Danilo. O trabalho do corretor ortográfico é sujo, desagradável, imperfeito, mas precisa mesmo ser realizado.

Abraço,

Pablo
http://cadeorevisor.wordpress.com

Amauri Silva disse...

Fiquei aqui pensando na sensação que se tem ao entrar em um banheiro cuja descarga não foi "dada". ARGHHHH!!!!

Agora, imagine o cliente pegando um texto sem o corretor ortográfico =O

Amauri