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terça-feira, 5 de agosto de 2008

Era uma vez um velhinho

Há séculos, prometi a um cliente que se o número de caracteres minha tradução excedesse o original em mais de 5%, o serviço era grátis. O cliente topou, todo satisfeito, embora meu preço fosse salgado, porque sabia - e sabia porque sabia - que uma tradução do inglês para o português sempre é ao menos 30% mais longa que o original e que, como os manuais que ele queria tinham de ter a mesma diagramação em português, espanhol e inglês, os manuais latinos sempre eram compostos em corpo menor do que os originais em inglês.

Minha tradução final ficou, de fato, mais longa que o inglês - mas a diferença era inferior aos 5% de tolerância.

Como consegui isso, se todos nós sabemos que muitas vezes o português exige construções mais longas que o inglês? O que escapa à maioria dos tradutores é que, em outras tantas vezes, o português aceita, com elegância, construções mais breves do que o inglês. Nesses casos, lamentavelmente, a maioria de nós simplesmente ignora a possibilidade de ser mais conciso e acompanha a sintaxe inglesa. Um bom exemplo é a quantidade excessiva de pronomes retos e oblíquos encontrada em textos traduzidos do inglês.

Mas quem colocou a questão em perspectiva foi mesmo o Millôr Fernandes, que um dia comparou
Once upon a time there was a little old man.
com
Era uma vez um velhinho.
Agora, por favor, dê uma olhada aqui.

Um comentário:

Julieta Sueldo Boedo disse...

Ólá Danilo,
Só queria te dizer que seu blog está ótimo! Tenho acompanhado e lido com muito prazer todas suas postagens, que também são muito úteis e exprimem muito bem as peripécias e reflexões de um tradutor profissional.
Parabéns e beijos!