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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Hoje é sexta-feira

Sexta-feira. A maioria de nós está se preparando para o previsível e inevitável: o cliente que liga na sexta de tarde e pede um serviço para segunda de manhã - e lá se vai o nosso fim de semana. Que você me diz disso?

Tenho uma colega que diz que é absolutamente normal. Lembra que todo pessoal que trabalha em hospitais enfrenta o mesmo problema e enfrenta com naturalidade. Tem toda a razão. O mesmo problema enfrentam os policiais, motoristas de transporte público, pessoal da aviação comercial, turma que trabalha em shopping e tantos outros que muitas vezes têm que trabalhar no fim de semana, isso quando não têm que varar a noite em serviço.

Outros colegas dizem que o cliente abusa, pedindo urgência para serviços que poderiam perfeitamente aguardar uma semana para começar, que é vício do cliente, uma forma de demonstrar sua força e deixar clara a relação entre senhor e escravo. Têm toda a razão.

Outro grupo argumenta que os culpados somos nós, que se nós metodicamente recusássemos serviços para a noite ou fim de semana, o cliente deixaria de pedir. Ou se pelo menos cobrássemos taxa dobrada por esse serviço. Estão certíssimos.

Há também o caso de mais de um colega que adora trabalhar de madrugada e nos fins de semana e, para isso, sequer espera taxa de urgência. Uma de nossas colegas diz que por ela cobraria taxa de urgência para fazer serviço durante o dia nos dias de semana. Não há como discordar.

Finalmente, há o caso dos colegas que dizem que quem se recusar a fazer serviço noturno e de fim de semana se arrisca a perder o cliente. Estão carregados de razão.

Se todos têm razão, como é que fica? Boa pergunta!

Eu sempre achei que dizer "não" é importante e poder dizer "não" é mais importante ainda. Dizer não educadamente, sem aquelas diatribes do tipo você pensa que sou seu escravo?! Pouco escândalo, por favor. Esta senhora pode ter toda a razão do mundo, mas seu comportamento não é o que se recomenda a um profissional.

Mas dizer não é um direito sagrado. Você não tem a obrigação de aceitar todo o serviço que te oferecem. Enfie isso na sua cabecinha tradutória de uma vez por todas. Se o cliente deixou a tradução para a última hora, não é culpa sua e se ele está meramente pressionando para mostrar quem é que canta de galo no galinheiro, menos culpa ainda você tem.

Você não tem a obrigação de trabalhar no fim de semana nem de noite, pronto. Nem tem a obrigação de contar toda a sua vida (há seis meses não tiro uma folga, minha mãe está no hospital à morte e faz uma semana que não vou ver a coitadinha, minha pulga de estimação está com cólicas) como justificativa. Simplesmente diga - Que pena! Para segunda-feira não dá, pode ser para terça? - e acabou. Quanto mais explicações você der, pior é.

Se o serviço for realmente urgente, o cliente pode ir procurar outro e, se achar, talvez você ganhe um concorrente de peso. Então, aí vai outro dos meus bordões: procure clientes o tempo todo. Se você tiver muitos clientes e muito serviço, vai ter mais confiança e segurança para recusar um serviço - ou para cobrar taxa de urgência.

Por outro lado, se você gosta de trabalhar nos fins de semana ou de noite, faça desse gosto uma arma de marketing. Quando o cliente ligar todo maneiroso pedindo um serviço para amanhã de manhã, avise que até prefere trabalhar de noite.

Dessa maneira, a questão de se o cliente está abusando ou não, se ele realmente precisa da tradução com toda essa urgência ou não, se torna absolutamente irrelevante.

E por hoje é só. Mas antes de encerrar, gostaria de reforçar o convite para a Reunião na Sala 7, grátis, a distância, na qual todos são bem-vindos, inclusive você.

3 comentários:

Camilinha disse...

Bom, eu não cobro dobrado, mas cobro um valor adicional. Entrego a minha proposta. O cliente aceita ou não...

Isso, claro, se eu estiver disponível. Também pode acontecer de eu não estar...

Como ficou bem claro no seu post, não há regra nenhuma!!!

Meg disse...

Eu ofereço adicional para entregas em dias corridos, e fica a cargo do cliente decidir se quer a entrega em dias úteis a preço normal ou não. Pelo que entendi a maioria dos clientes gosta de ter a opção.

Sandra Navarro disse...

O mais difícil e importante para o tradutor é ter disciplina e controle do seu tempo. Assim, você não precisa trabalhar no fim de semana para compensar o que não trabalhou direito durante a semana... e depois trabalhar pouco na semana porque está cansado e 'resolvendo a vida' porque trabalhou no fim de semana... Quando você se dá conta, está sendo controlado pelas traduções, quando deveria ser o contrário...

E como hoje é sexta-feira, bom fim de semana!