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sábado, 16 de maio de 2009

Cobrar pelo original ou pela tradução?

Escreveu Dani Correa:

Olá, gostaria de tirar uma dúvida. O preço cobrado é por folha traduzida ou por folha gerada? Exemplo: uma folha traduzida, se transformou em duas depois da tradução O que é o certo?
 
Certo, Dani, em qualquer negócio é aquilo que você e o cliente entendem e combinaram entre si. O importante, é que você como profissional entenda as implicações de cada sistema de quantificação do trabalho.

Antigamente, a cobrança era sempre por lauda. A lauda era definida como uma folha de papel formato ofício, com três centímetros de margem esquerda e dois de margem direita, algo que as máquinas de escrever faziam muito bem, e com 32 linhas por folha. Era simples: você entregava o serviço, o cliente contava as folhas, multiplicava pelo preço por lauda definido de comum acordo e estava feita a conta. Como era quase impossível quantificar o trabalho do original e facílimo contar as folhinhas da tradução, era um sistema prático e sensato.

Esse sistema foi caindo em desuso porque, atualmente, só os TPICs entregam serviço em papel e, mesmo eles, deixaram há anos de usar sua formatação habitual (Courier 12, espaço duplo) para acompanhar a formatação do original. A nossa tribo é conservadora, Dani, e tem muita gente que, até hoje, não entende que tradução se possa cobrar de alguma forma que não seja por lauda. Inclusive, gente de menos de 30 anos de idade, que provavelmente nunca viu uma lauda de verdade na vida. Começou uma longa, metafísica e esotérica discussão sobre o que seria uma lauda, em termos de computador, apoiada, inclusive em um parecer preparado pelo Professor Dr. Francis Henrik Aubert, TPIC e professor da USP (e meu amigo há coisa de trinta anos, mas isso é outra conversa). Isto, lá para quem faz juramentada, tem muito significado, porque são obrigados a cobrar por laudas da língua de chegada. 

Para nós outros, não é um problema relevante: o que importa é entendermos o sistema e termos certeza do que o que vamos receber é aceitável.
O sistema de quantificação baseado na língua de chegada tem a desvantagem de que cria insegurança para o cliente, que só sabe quanto vai pagar quando o serviço está completo. Internacionalmente, cada vez mais, por isso, o pagamento é baseado no texto de partida. Por exemplo, o cliente diz "Tenho 10.000 palavras em inglês, para traduzir ao português, quanto você cobra?" Ou, então, "Tenho 10.000 palavras em inglês, para traduzir ao português, pago X por palavra do original. Você aceita?"

Há quem diga que esse método trabalha contra o tradutor, porque o texto em português é sempre mais longo que o texto em inglês. Discordo totalmente. Como profissional, você deve saber disso e de outras coisas e fazer um ajuste apropriado em suas tarifas. 
Por exemplo:

Digamos que sua taxa normal seja R$ 0,10 por palavra da língua de chegada. O cliente vai mandar a você um texto de cerca de 10.000 palavras. O português deve dar uns 20% a mais. Quer dizer, o português vai dar umas 12.000 palavras. Isso significa que, para traduzir esse texto, você vai ganhar coisa de R$ 1.200,00. Certo? Agora, se o cliente quiser cotação pela quantidade de palavras que ele tem lá, sob as vistas dele, tudo bem. A gente cota como o cliente quer. Mas, para você ganhar os mesmos R$ 1.200,00, vai ter de cobrar R$ 0,12 por palavra. No princípio, a gente se sufoca um pouco, mas logo se acostuma. Eu não cobro por texto de chegada desde o século passado e não tenho me dado de todo mal.

Aproveite, já que está aqui mesmo, e clique nos marcadores "TPIC" e "Lauda", aí do lado, que tem muita coisa de interessante para você.

4 comentários:

Vanessa disse...

Danilo, você saberia me dizer quantas folhas A4 dariam, mais ou menos, 10.000 palavras? Usando as formatações atuais (quais são?).

Danilo Nogueira disse...

Vanessa, dê uma olhada nisto:

http://tradutor-profissional.blogspot.com/2009/06/laudas-paginas-etc.html

Anônimo disse...

Parabéns pelo seu blog. Elucida dúvidas, debate a atividade e ajuda a todos. Sublime.
Abs!

Danilo Nogueira disse...

Sublime é saber que a gente está conseguindo atingir o objetivo que se propôs.

Obrigado pelo comentário