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domingo, 24 de maio de 2009

A Denise e a Metempsicose Tradutória

Um artiguinho rápido, que tenho quatro dias terríveis pela frente. Nossa colega Denise Bottman está, há tempos, criando um caso de todos os diabos em torno de certas traduções que, anos depois de publicadas, reaparecem no mercado. Até aí, nada de mais. O problema é que, quando re-encarnam, são misteriosamente atribuídas a um tradutor diferente do responsável pela primeira edição. Por exemplo, quando a tradução de Ivanhoé feita originalmente por Brenno Silveira, tradutor conhecido e respeitado, reapareceu, foi atribuída a um senhor chamado Roberto Nunes Whitaker de quem nada se sabe. E a tradução é exatamente igual à do Brenno, um verdadeiro milagre. O caso foi até analisado aqui neste blogue. Um entre muitos casos da epidemia de metempsicose tradutória que atualmente ocorrem no Brasil.

Mas quem empunhou a bandeira foi a Denise, mesmo. Pimenta braba a moça. Depois de criar um caso atrás do outro em seu blogue e ter incomodado mais de uma editora, recebeu da Martin Claret uma notificação extrajudicial. Para quem não sabe, notificação extrajudicial é uma espécie de carta que se manda via cartório, dizendo, em linguagem formal e educada "Moça, a senhora está nos causando prejuízos com essas coisas que anda fazendo. Ou para, ou nós ingressamos em juízo contra a senhora e vai ser o diabo". 

A Denise não divulgou o conteúdo da notificação, mas é sempre mais ou menos isso. Direito deles, claro. O problema é que o tiro pode sair pela culatra. Tenho certeza de que a Denise estava esperando e aposto que até está se divertindo. A moça, como eu disse, é pimenta braba. Já tem o advogado dela para encarar a briga, que promete ser das boas.

Como eu disse acima, a Martin Claret, e qualquer outra editora que se julgue prejudicada, tem todo o direito de fazer uso de notificações extrajudiciais e outros meios legais. Mas fariam melhor se explicassem as coisas direitinho. A Denise é briguenta, mas é, além de tudo, uma mulher educada e inteligente e tenho absolutamente certeza de que, se em vez de ameaças, a Martin Claret tivesse enviado a ela uma explicação bonitinha, demonstrando que está agindo direito e que a Denise pisou no tomate, ela própria ia publicar essa explicação no seu blogue, com um pedido de desculpas. 

Ainda está em tempo. 

Agora, que você já chegou até aqui, vá dar uma olhadinha no blogue da Denise. Deixe um recadinho lá, educado, bem escrito, sem baixaria. E ajude no que puder. O blogue dela mora aqui.






3 comentários:

denise bottmann disse...

caro danilo, muito obrigada. sua avaliação, digamos, estratégica está corretíssima.
quanto à notificação em si, devo publicá-la em breve no blog, acompanhada da devida contranotificação.
denise

Danilo Nogueira disse...

Obrigado, Denise. Vou acompanhar aqui, empoleirado no meu galho, ansioso pela notificação e contranotificação. Um abraço sucesso.

d.

mayra67 disse...

To adorando ver dois tradutores, responsáveis e éticos, baterem uma bolinha sobre um assunto tão sério quanto essa questão de plágio. Já fiz contato com a Denise pelo seu blog sensacional. Agora, vejo que tenho outro interlocutor, tão responsável quanto e com a humildade que só os tradutores sabem ter: o senhor Danilo Nogueira. Não sou tradutora e pretendo aprender com eles, pois estou estudando esse vasto campo dos Estudos da Tradução no doutorado em letras neolatinas da UFRJ. Obrigada por enriquecerem minha pesquisa e se prestarem a ser mais do objetos, sujeitos de pesquisa. Valeu!