O artigo da Kelli deu bom Ibope, com uma porção de comentários. Fico satisfeito, porque vocês gostaram e porque assim ela se anima a escrever mais.
O Renato Beninatto deixou um em inglês, que depois tuitou (@renatobeninatto), onde diz que o mais forte não é nem o amor nem o ódio, mas a necessidade de alterar o texto alheio. Certo está ele. É uma compulsão à qual o revisor tem de resistir, a compulsão mesquinha de encher o texto de mudanças, em parte para mostrar serviço ao cliente, em parte para provar a si próprio que é mais competente que o tradutor, que muitas vezes, recebe remuneração maior.
Muda-se quando está errado, muda-se quando a emenda realmente melhora o texto. Não se muda quando "tanto faz, mas eu prefiro assim". Impor as preferências do revisor à tradução é tão antiético quanto impor as preferências pessoais do tradutor ao original.
Explico-me: conheço um tradutor, conhecido por traduzir bem e escrever bem, mas não gosto do trabalho dele: tudo o que ele traduz tem exatamente o mesmo estilo: o dele. Acomoda tudo ao seu leito de Procusto particular. Ler as traduções dele, é como ir a um baile onde se toque de tudo: desde bolerão velho de guerra, até a mais recente ramificação da World Music; desde samba-enredo até hard metal - mas sempre com o mesmo jeitão.
Da mesma forma, há revisores (e editoras) que também impõem um "estilo da casa" ao que passa por suas mãos. É certo que os textos que pasteurizam ficam muito claros e sempre muito corretos, mas não têm gosto de nada.
A Sandra Navarro deixou uma outra impressão interessante, sobre a invisibilidade do revisor, maior ainda que a do tradutor. Quando há revisão (o que nem sempre é verdade, lamentavelmente) os acertos são creditados ao tradutor, os erros são debitados ao revisor. Notei isso quando fiz parte do júri de um prêmio de tradução e um texto foi recusado pelos "erros de revisão" - mas ninguém falou em "boa revisão" nem em criar um "prêmio de revisão".
Uma pena, porque não há boa tradução sem uma excelente revisão.
Acho que ainda vamos voltar ao assunto. A conversa está boa.
Obrigado pela visita e volte sempre.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
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2 comentários:
Talvez eu tenha sido a última a saber ou mandem me internar por sugerir maluquice...
Um truque que aprendi com um revisor há muitos anos e tem sido utilíssimo é ler o texto de trás para frente! Não que esta última frase seja lida "etnerf arap sárt ed otxet o rel"... :-) mas ler o último parágrafo, depois o penúltimo etc.. A lógica é que isso quebra a lógica, ou seja, a cabeça sai do modo automático que "lê" 2+2 = 4 mesmo que esteja escrito 5.
Tente e verás!
Raquel
Será o revisor também um traidor?
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