Quanto ao segundo fator de qualidade, o terminológico - bem, esses são outros quinhentos. Outros novecentos, eu diria até. Conheço "tradutô jurameintadu" que trabalha a toque de caixa, mal pesquisa os assuntos e a respectiva terminologia, não sabe o que é a função de concordância de uma CAT e vai tocando o barco, cheio de trabalho! Êêêêê beleza... Usar a Web a nosso favor é, sem dúvida, um diferencial de qualidade. Saber encontrar a informação certa num lugar confiável é fruto de paciência, curiosidade e muita, muita vontade de descobrir a "verdade". Alguns não têm essa paciência, outros não querem sacrificar o tempo precioso, que poderia ser usado no shopping gastando os gordos honorários. E outros ainda não compreenderam direito o que é traduzir. Quanto ao fato de Wildcat afirmar que "não tinha conhecimento suficiente do assunto", conto a minha experiência, certamente bastante representativa do mercado tradutório: a não ser que seja uma área especialíssima e cabeludíssima, ou muito exótica, meto as caras. Afinal, traduzir é aprender, e cabeça não foi feita só pra usar chapéu ;-) Claro, ao desbravar novos territórios, o ritmo do trabalho diminui devido às pesquisas e intermináveis leituras. Suponhamos que o assunto do texto do Wildcat não tenha sido tão cabeludo e o problema tenha sido mesmo a baixa qualidade do texto de partida. Aí não tem jeito. Com ambiguidades e passagens em que a compreensão é difícil ou até impossível, só chamando o santo. Ou ficando em comunicação direta e contínua com o autor. Ou explicando a situação pro cliente *antes* de começar o trabalho.
Marcos,
Sempre lembrando que não sou TPIC nem trabalho à sombra de qualquer um deles, tenho di dizer que esse seu fim de comentário, tem, a meu ver, uma falha essencial, a falha da generalização.
Mas tradutores incompetentes e preguiçosos há de sobra em qualquer canto e não me parece que os TPICs sejam muito piores do que os outros. Sem contar que corre por aí que algumas traduções juramentadas nunca passaram pela mão de um TPIC, mas não divulgue isso, por favor, que é mero boato.
Além disso, não acho os emolumentos dos TPICs tão altos assim, não. Além de traduzir, eles têm uma carga infernal de tarefas administrativas e burocráticas que consomem um tempo enorme. Aliás, a minha tabela particular é mais alta que a da junta e não acho meus honorários tão gordos assim. Dá para passear no shopping, sim, mas acho que tenho direito a isso — e a outras coisas também.
Em outros pontos, concordo plenamente. É possível trabalhar em áreas pouco conhecidas, com os recursos de que dispomos hoje, desde que se faça muita pesquisa — o que torna o serviço mais moroso, e, por extensão, menos lucrativo. Eis uma das razões pelas quais fui me especializando. O que eu preciso pesquisar, para fazer um serviço na minha área é muito pouco e, por isso, posso me concentrar em outros detalhes e, evidentemente, ganhar mais.
E quanto ao avisar o cliente de que se conhece pouco a área, acho essencial. O cliente tem direito a informações claras e verdadeiras.
2 comentários:
Danilo,
sem dúvida, foi uma generalização. Apelei para o rótulo do tradutor juramentado para enfatizar o fato de que até entre os tradutores "examinados" existe variação grande de qualidade. Não foi intenção atacar a classe em si, mas ressaltar o fato de que "até" os juramentados pisam na bola. Sei da qualidade por experiência própria: já trabalhei em cooperação com TPICs, já fiz revisão de tradução feita por TPIC, já encomendei traduções de documentos privados a TPIC.
Enfim, o assunto do meu comentário não eram os TPICs, mas sim o rigor do profissional na lida com a terminologia. E se a gente pensar que a quantidade de conhecimento tem aumentado exponencialmente nas últimas décadas, o lado crítico desta problemática tende a se agravar...
Marcos (o pessimista)
Boa noite, Danilo.
Costumo passar por aqui todo os dias e fico horas lendo os textos antigos (isso porque não sou formado ainda, nem tenho emprego e estou de férias 'suínas'). Bom, gostaria de fazer uma pergunta, e a faço aqui porque não consigo acessar a parte do 'contato'. É possível viver no mundo da tradução sem as ferramentas como WF ou Trados? Imagino, para meu desespero, que não. Confesso que tive uma matéria na faculdade chamada "Ferramentas de Tradução" e que não aprendi nada, 95% por minha culpa e 5% por culpa da faculdade, pois a matéria é oferecida no 2° ano, e acho que tal curso deve ser dado no 4° e último ano,os professores não tem tempo de ensinar muita coisa, mas enfim. Caso esse assunto já tenha sido discutido no blog, peço que me desculpe e que somente me avise, que eu o acho.
Acredito que não valha a pena publicar esse comentário. Até mais, Felipe.
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