O artigo da Kelli, aí abaixo, é o grito de dor de todos os principiantes. Poucas profissões têm um sistema para incluir o principiante e a nossa não é uma delas. Quem sai da faculdade fica meio sem ter para onde ir e, muitas vezes, vai ensinar inglês, porque não tem a mais remota ideia de como começar a vida de tradutor. Nosso mercado, que eu venho observando e analisando há anos, com as ferramentas que vou adquirindo ao traduzir milhares de textos sobre finanças, economia, marketing e matérias conexas, é muito confuso e pouco transparente.
Não se trata de um mercado fechado, controlado. Nem eu nem ninguém mais tem como fechar a porteira para impedir a entrada dos mais novos. O próprio crescimento do mercado, conjugado com a aposentadoria e morte dos veteranos, abre vagas que vão sendo preenchidas pelos mais novos. Mas é verdade que uma das melhores maneiras de ingressar no mercado é atrair a atenção dos veteranos, porque muitas vezes é o veterano que encaminha aos mais novatos os serviços que não pode fazer.
O caso da Kelli comigo é um pouco diferente, porque não repasso serviço para ela: nós trabalhamos juntos em mil e uma coisas. O fato é, entretanto, que, quando eu precisei de alguém para trabalhar comigo, não anunciei no jornal: convidei uma jovem que me pareceu inteligente, que eu tinha conhecido numa comunidade do Orkut. Se ela não fosse competente, não teria sido convidada (ou teria sido “desconvidada” logo em seguida). Mas também é verdade que se não tivesse participado ativamente da comunidade do Orkut e lá demonstrado sua capacidade, dificilmente teria sido convidada.
Ou seja, como se dizia antigamente, há que crescer (intelectualmente) e aparecer. Mas isso eu já disse mil vezes e o restante do que eu tenho a dizer fica para amanhã. Obrigado pela visita.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
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Um comentário:
Danilo, eu mesmo sou mais um exemplo da sua teoria de que "uma das melhores maneiras de entrar no mercado é atrair a atenção dos veteranos".
Eu já tinha 6 anos de estrada como tradutor (durante os quais a tradução não era minha atividade principal, pelo menos não 100% do tempo), mas foi preciso que um profissional mais experiente me desse uma chance para que eu ingressasse de vez na carreira. Na verdade, o profissional em questão começou a traduzir profissionalmente exatamente no mesmo ano em que eu conclui meu curso de tradução, com a diferença de que naquele ano ele foi nomeado tradutor público de alemão, com clientela mais ou menos garantida, enquanto eu apenas obtive meu diploma de tradutor de inglês, com muito mais trabalho para encontrar clientes nos primeiros anos, traduzindo inclusive coisas que hoje, com mais de 16 anos de carreira e bastante confortável nas minhas áreas de especialização, eu não pego de jeito nenhum, como bioquímica, farmácia, medicina, versão etc.
E outro ponto que, na minha história, corrobora a sua teoria é que eu consegui essa chance não através de anúncios de jornal ou qualquer anúncio público, mas através da boa e velha recomendação e da boa e velha amizade: além de ter sido indicado por uma colega ao profissional em questão, este era a pessoa que tinha as melhores condições de avaliar meus conhecimentos de alemão, porque era meu professor! Sem o convite para trabalhar no escritório dele, de tradução juramentada, eu talvez nunca teria me aventurado pelo caminho da tradução jurídica e comercial, que é a área que mais gosto de traduzir e na qual mais tenho trabalhado nos últimos 10 anos.
Há quem diga que "recomendação" e "amizade" é nada mais, nada menos que a velha "panelinha", mas que seja: entre um estranho de fora do seu meio e alguém conhecido, de confiança e ainda por cima recomendado, qualquer pessoa em sã consciência escolheria o segundo como parceiro de trabalho.
:-)
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