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quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O tradutor e o revisor

Para não dizerem que só falo em dinheiro, gostaria de contar a história de uma colega que trabalhava como tradutora em um órgão do governo americano. O bordão predileto da chefe dela era lembre-se de que o que você traduz aqui hoje pode aparecer amanhã na primeira página do Washington Post amanhã. Nunca saiu, mas é uma boa idéia ter essa frase em mente.

Mesmo que você saiba que seu texto vai ser revisto, faça de conta que não vai. Faça de conta que vai aparecer na primeira página dos jornais de amanhã – e com o seu nome em letras bem grandes. A função do revisor é cuidar das falhas do tradutor, não da sua descura. Quer dizer, se quer ser profissional da tradução e não sabe crase, então aprenda. Se não sabe a diferença ente há, a, á e à, passe uma boa hora em companhia do Evanildo Bechara e aprenda. Se pensa que pode usar maiúsculas a torto e a direito em português, como se usa em inglês, leia as regras de ortografia da ABL, que valem por força de lei. Se não sabe usar hífen, uma bela conversa com o Guia Ortográfico do Celso Pedro Luft faz maravilhas. Se não sabe quando usar propor e propuser, aprenda a diferença entre o futuro do subjuntivo e o infinito dos verbos irregulares.

Muita gente acha que, para ser tradutor, o importante é conhecer bem uma língua estrangeira. Importante é, sem dúvida, mas é igualmente importante conhecer a própria, fato de que muitos se esquecem. O tradutor fica como aquele pessoal que tira fotos na fronteira, com um pé em cada país. É essa nossa posição.

E a obrigação do revisor é lidar com as falhas humanas do tradutor, não com a sua descura. Se o revisor introduzir algum erro na tradução, a culpa é dele. Mas se passar algum erro na sua tradução, a culpa é sua. A função do revisor é transformar uma tradução boa em excelente. Não há revisor que consiga transformar em boa uma tradução ruim.

Já tratei deste assunto nestes tópicos.


Um comentário:

Jonab disse...

"Não há revisor que consiga transformar em boa uma tradução ruim"! Tá aí quase que um axioma!