Há um outro dado que às vezes escapa: a tradução começa depois de a gente entender o texto de partida e, mesmo quando se entende, nem sempre a tradução é óbvia. Um dos motivos é que muitas vezes o que é verbo numa língua vira substantivo em outra ou até advérbio em uma terceira, processo que se chama transposição. Quer dizer, a tradução melhor de um determinado termo só pode ser determinada levando em conta os termos mais próximos. Por exemplo, drive, entre outras mil coisas, significa dirigir um veículo, um carro, por exemplo. Mas essa informação não resolve muito o problema de quem está procurando um boa tradução para He drove uphill… Ele dirigiu seu carro colina acima, evidentemente, não é uma boa solução.
Daí que fico sempre surpreso quando, em fóruns de tradutores, alguém pede a tradução de uma palavra, assim, sozinha, sem contexto nem nada. Mais surpreso ainda quando o consulente diz o contexto é um contrato. Contrato, que eu saiba, pode ser gênero textual, mas contexto não é. E muito mais ainda quando o consulente apresenta como contexto um pedacinho da sua tradução e a palavra ignorada no original. Contexto, vamos lá de novo, é sempre um pedacinho do original ou do texto de partida, como é moda dizer hoje. Minha admiração culmina com os que agregam definições mil, mas não contexto.
Parece até que a turma paga o contexto do bolso deles.
Procuro atualizar este blog diariamente com alguma coisa interessante sobre a profissão de traduzir. Se gostou, volte sempre. Se não gostou, deixe um comentário reclamando ou dando sugestões.
Um comentário:
Oi Danilo, que bom que o blog está de volta.
Adorei "paga o contexto do bolso deles"!
Abraço,
Julia Aidar
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