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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Especialização

Um dos modos de ganhar mais é especializar-se. O especialista ganha mais por dois motivos: primeiro porque tem de fazer menos pesquisa; segundo, por ser mais bem remunerado, puxando os preços para cima. Das "puxadas", falei já aqui. Faz menos pesquisa porque os termos e conceitos se repetem; é mais bem remunerado porque se espera que seu produto seja de melhor qualidade, o que pode ser verdade ou não.

Há dois tipos de especialista: os natos e os feitos. Os especialistas natos são os que têm uma formação profissional anterior à sua dedicação ao traduzir. Por exemplo, o médico que, depois de aposentado, vira tradutor é um especialista nato em tradução médica. Os especialistas feitos são gente como eu, que acabei virando especialista em finanças mas, quando comecei na profissão, não era capaz de ler um balanço.

O especialista feito é feito pelo mercado. Quer dizer, eu jamais disse vou me especializar em finanças. O que me especializou foram aquelas duas senhoras que mandam na nossa vida, Dona Virtù e Dona Fortuna, das quais aqui falei muitas vezes. Virtù é o que temos em nós próprios, nosso potencial, jeito, talento, dom, esforço, chame como quiser. Fortuna são os fatores externos, as coincidências da vida.

Dona Fortuna me jogou no colo umas coisas de contabilidade e Dona Virtù me ajudou a fazer um serviço decente. Daí veio a reputação de que eu era capaz de dar jeito nessas coisas de contabilidade e, em seguida, vieram outros assuntos correlatos.

O especialista, por outro lado, é um prisioneiro de sua especialização: raramente alguém me oferece alguma coisa fora da minha área de especialização e, quando oferecem, eu recuso. Estou muito bem, aqui no meu canto.

Obrigado pela visita e volte sempre. Abandonei uma porção de coisas que fazia para cuidar melhor deste blog e espero voltar a postar todos os dias. Por falar nisso, você já notou que lá em cima, do seu lado direito, há uma caixinha com o nome pesquisar blog? Serve, evidentemente, para pesquisar nos arquivos anteriores deste blog que já está ficando bem grandinho. É bem possível que a resposta que você procura esteja lá. Se não estiver, pode me escrever fazendo a pergunta que, se eu tiver uma resposta, dou com prazer, aqui no blog, mascarando a sua identidade, para não dar bandeira demais. Se não tiver, paciência.

2 comentários:

robertobech disse...

Interessante você levantar o assunto da especialização por aqui. Outro dia mesmo eu estava pensando nisso. Quando decidi ser tradutor entrei logo para a faculdade de letras, mas depois que me formei pensei que tinha feito besteira: parecia que todos os meus colegas tradutores eram engenheiros, advogados ou tinham estudado técnicas de acupuntura tailandesa por anos para se tornarem tradutores. Afinal, eram especialistas em finanças, mecânica, off-shore... será que eu tinha feito a faculdade errada?

A princípio isso me intrigou um bocado, mas li um post seu na comunidade dos tradutores em que você explicava como "foi escolhido" pela área de finanças, e aquilo esclareceu as coisas. Acho ótimo você trazer o assunto para o seu blog.

A propósito, não posto muitos comentários porque sou um canalha, mas estou sempre acompanhando seu blog, leio todos os posts. Obrigado pelas dicas.

Cris disse...

Fox Paulistinha = Brazilian Terrier
:)