Mudamos para www.tradutorprofissional.com

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Fiz um teste numa agência!

O colega novato está todo pimpão porque fez teste em uma agência. Mandou o teste, está ansioso pela resposta. Mas a resposta não vem. Podiam – diz numa mensagem a um grupo de tradutores – ao menos dizer se foi aprovado. Esperava, é verdade, um retorno mais pormenorizado, o teste corrigido, avaliado, comentado. A decepção é grande.

Mas, querendo o não, é assim que funciona.

As agências recebem toneladas de currículos e de testes todos os dias e como todos os dias nas agências são uma verdadeira loucura, a análise sempre fica para amanhã. E cumpridores de seus compromissos, o amanhã vemos isso é mantido todos os dias.

Currículos e testes são guardados em pastas para leitura futura, às vezes com alguma marca para identificar o par de línguas e especialização. Alguns são destruídos na hora, quando quem recebe acha que o candidato não tem condições de trabalho. Por exemplo, um CV onde consta estudo inglês à dez anos provavelmente vai para o cesto de lixo na hora. A maioria dos testes e CVs, entretanto, é preservada.

As agências vivem sob pressão imensa, tanto de prazos como de custos e, de modo geral, preferem entregar os serviços a gente em quem já tem confiança. Quer dizer, o setor de vendas aceitou um pedido de 120 laudas para fazer em três dias. Não tem quem dê conta sozinho, tem que dividir entre três tradutores e rezar para nenhum atrasar. Quem vai se arriscar com um desconhecido, numa hora dessas, especialmente se for inexperiente?

Bom, e quando é que chega a hora do novato, do iniciante? Geralmente, na hora do sufoco. Não tem ninguém conhecido para dar jeito em um serviço; então, vamos abrir a pasta de CVs e testes. Fuça-que-te-fuça, achamos alguém que parece ter alguma chance. Liga para ele já, pelo amor de Deus! Telefone não atende. Pega outro, vamos, rápido, que o tempo se escoa. Tem mais este, vamos ver, trim, trim, trim, alô, é da casa do fulano? Olha, nós temos um serviço para você. Está ocupado? Obrigado, fica para a próxima. Outro, vamos lá. Até que aparece um que pega o serviço. O gerente de projeto suspira, faz uma prece e carrega na Maracujina.

Lembre, agora, por favor, que eu não tenho uma agência e nem repasso serviço a ninguém, mas sei como as coisas acontecem. Não estou dizendo que este seja o melhor dos mundos, estou afirmando que este é o mundo em que vivemos. Também é bom lembrar que a vida nas editoras é menos histérica, porque os prazos, embora apertados, não se contam em horas e nem é comum dividir serviço entre meia dúzia de tradutores.

Para você, que está começando, isso significa que a agência à qual você mandou o teste ou o CV pode demorar meses para te chamar, ou pode não chamar nunca. Por isso, fazer três ou quatro contatos não é nada. Pense em termos de ao menos uma dúzia. E não espere milagres instantâneos. Pode demorar um bom tempo até formar a carteira. Mas o primeiro cliente é sempre o mais difícil de conseguir.

4 comentários:

robertobech disse...

Vou te contar uma história curiosa, Danilo. Semana passada eu, novatão, estava mandando uns currículos para ver se o milagre acontecia. Era uma quarta-feira, 8:00 da manhã. Mandei o currículo para uma agência, por email.

8:15. Toca o telefone. É o cara da agência. Pergunta que versão do Trados eu tenho e qual é a minha disponibilidade de horário. Disse que pagava x por palavra, eu topei.

Recebi dois textos pequenos para traduzir. O cliente pagou por eles, não foi um daqueles testes safados. Traduzi e mandei.

Dia seguinte. Toca o telefone. É o cara de novo. Pergunta novamente sobre minha disponibilidade. Pergunta se posso pegar um trabalho grande. Quero saber quantas palavras são, ele diz "umas cinco ou seis mil para segunda." Eu topo.

Passam-se quinze minutos. A secretária dele me liga para dar informações sobre o trabalho. "São umas 40.000 palavras para sexta-feira, 9.000 no matches, umas 20.000 100%, umas 15.000 fuzies. Pagamos x por no matches, y por fuzzies e nada por 99%-100%.

Novatão, não quero nem saber, já saio topando. Nem sei direito o que são 40.000 palavras para traduzir. Nunca nem tinha usado o tal do TagEditor, rs...

Desde sexta estou escravizado na frente do PC, e acho que estou indo bem. Confesso que é até meio empolgante, coisa de principiante. Agora que li seu tópico confirmei as minhas suspeitas. Eu mandei o email naquele momento crítico em que o sujeito diz "danou-se, precisamos de um doido que não saiba direito o que está fazendo e tope encarar esse bando de palavras entremeadas por tags até sexta."

Divertida essa vida de tradutor...

Anônimo disse...

Quero parabenizá-lo pelo blog que é muito útil para nós novatos da tradução.

Eu gostaria de saber uma coisa, você sempre passa nos testes em que compete com outros tradutores? Já aconteceu de não passar?

Pergunto isso para aliviar minha frustração, pois algumas vezes eu passo nos testes ouras não.

Desde já agradeço a sua atenção.

Abraço.

Paulo

Danilo Nogueira disse...

Paulo, sua resposta está aqui:

http://tradutor-profissional.blogspot.com/2009/06/voce-sempre-passa-nos-testes.html

Luana M. Machado disse...

Olá, Daniel. Quem me dera ter descoberto este teu blog antes. Estou adorando e está me ajudando muito a ampliar os horizontes quanto a este árduo ofício que é a tradução, além do fechado mercado de trabalho.Sou novata, futura especialista em tradução de espanhol e gostaria muito de saber como começar uma busca eficiente por boas agências de tradutores para mandar CV, pois todas as tentativas desde que comecei minha especialização foram frustrantes, uma vez que, nas editoras, se vc NÃO tem o contato editorial certo, nada acontece!Mas eu não desisto! Pode me ajudar?

Luana M.M