Já falei até demais em TPIC aqui e quem pesquisar TPIC na caixa aí ao seu lado direito vai saber tudo o que quer e mais algumas coisas que provavelmente preferiria não saber. Não vou me repetir aqui. O edital está aqui. Está escrito em um português algo tosco, mas tem a característica redentora de dizer:
O provimento do Ofício de Tradutor e Intérprete Comercial é exclusivo da Junta Comercial, porém a execução do trabalho é gerada pela de (sic!) demanda externa e o respectivo pagamento destes serviços será feito pelo usuário diretamente ao tradutor, obedecendo à tabela de preços fixada pela Junta Comercial por ResoluçãoJUSESC nº 001/06.
… o que, trocado em muidos, significa que a JUC provê o cargo, mas cada um que arranje serviço por si e se vire para cobrar do cliente. A explicação vale para evitar a surpresa dos incautos que pensam queTPIC é servidor público e recebe do Estado. TPIC tem que correr atrás de serviço e trabalhar como o comum dos mortais.
O número de vagas deve parecer pífio, se você quiser prestar o concurso. Entretanto, parecerá grande demais, se você for um dos TPIC em atividade em Santa Catarina no momento. Essas coisas dependem muito do lado do muro em que você está.
O TPIC, além de tradutor, quer dizer, de lidar com texto, tem de ser intérprete, quer dizer, lidar com a língua falada. Isso porque quem não fala português tem de se comunicar com as autoridades por intermédio de um TPIC . É justo. Imagine, por exemplo, a aflição de um estrangeiro, depondo em juízo e tendo que falar português! Aí, então, entra em ação oTPIC. Não que eles gostem disso, porque a paga por esse tipo de serviço é pouca, mas são ossos do ofício.
Não há, em nenhuma unidade da federação, TPICs para todas as línguas — nem poderia haver. Mas há para aquelas de maior demanda. Sempre há para inglês, espanhol, alemão, francês e, conforme o estado, mais umas quantas. É válido. Fazer concurso para TPIC de coreano em Rondônia ia custar uma fortuna, iam aparecer poucos candidatos e, quem fosse aprovado, pouco serviço teria. E fazer para mongol ou concani ia ser um absurdo.Quer dizer, tem que haver algum limite. Não havendo TPIC nomeado regularmente, pode-se nomear um ad hoc, o que não é ideal, mas pode ser a solução mais acertada.
O que nunca tinha me passado pela cabeça — e agora passa, graças aos contatos gerados pelo blogue e pela Reunião na Sala 7 — é que não existeTPIC para LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais, utilizada pelos surdos. Acho que estava na hora de alguém pensar nisso — ou será que estou errado? Afinal, surdos temos muitos, e em todas as unidades da federação. Não são estrangeiros, é verdade, são brasileiros, ao menos em sua maioria. Talvez por isso, mereçam até mais atenção.
Em tempo: nunca prestei o concurso para TPIC, nem em SP nem em outros estados nem trabalho para escritórios de tradução juramentada. Quer dizer, nem ganho nem perco nada com essa história toda.
3 comentários:
Como você, já deixei clara e pública minha opinião a respeito do ofício do TPIC em outras oportunidades. Entretanto, não me desce esse sapo do número de vagas em concurso para tradutor juramentado. Quer dizer, falando a verdade, acaba descendo sim, como descem tantos outros que a gente se acostumou a engolir em nosso Brasil varonil. Mas esse vou engolir coaxando. O anuro, se me faço entender.
Abraço/Ricardo Souza
Pois é, Ricardo. Vamos por partes. TPIC é um "oficio" e o número de ofícios em cada estado é determinado pela JUC. Isso está aqui http://www.dji.com.br/decretos/1943-013609/001_a_013.htm. É, aproximadamente, como um se fosse um tabelionato. A tal ponto que, se o TPIC adoecer, pode indicar um outro TPIC para exercer as funções de seu ofício (Art 14 § único). Algo como se existisse o Xisésimo Cartório de Traduções e o seu titular, Fulano de Tal, estando doente, indicasse o seu colega do Xisésimo-primeiro Cartório de Traduções para cuidar do seu ofício.
Essa é a lei e, em criando dois novos ofícios de TPIC para inglês, a JUCSC agiu como manda a lei. Deus (e, quem sabe, São Jerônimo) sabe de onde tiraram esse número. Mas não é o número de ofícios em si que você questiona, mas sim o sistema, que parece mais voltado para limitar o mercado e manter um fluxo de trabalho viável para os TPICs do que para dar um melhor atendimento ao público.
De um modo ou de outro, Ricardo, deve fazer muito pouca diferença, salvo pelo CV de quem conquista o título, porque vai prosseguir o sistema de terceirização de traduções juramentadas. Quer dizer, ao mesmo tempo que temos colegas TPICs que dizem tirar da juramentada parte ínfima de sua renda, é segredo de polichinelo que há muita gente fazendo juramentada sem jamais ter prestado concurso algum.
Obrigado pela visita e volte sempre.
Ola Danilo,
Buscando informacoes sobre tpic o google me trouxe ate voce. Obrigada pelas informacoes ! Estou engantinhando no caminho , buscava informacoes sobre algum concurso para a "funcao" e ter uma ideia o que devo estudar pra tal. Vou continuar minha busca. Obrigada novamente.
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