Ninguém faz nada? Alguém precisa fazer alguma coisa! Assim, não pode ficar!
Nossa colega Denise Bottmann, irritada, para não dizer revoltada, com uns tantos plágios de tradução que ela e outros colegas descobriram, chegou à conclusão óbvia de que alguém tinha que fazer alguma coisa. Em vez de ficar clamando aos céus que "ninguém nesta terra faz nada", como é a praxe nessas horas, resolveu que "Alguém" tinha o nome civil de "Denise Bottmann" e partiu para a luta. Só pelo fato de que ela resolveu se mexer, em vez de reclamar que ninguém se mexe, já merece medalha de ouro.
Foi além: em vez no seu blogue publicar aqueles artigos tipo lança-chamas, cheios de alusões vagas e de acusações ainda mais vagas, do tipo "contra tudo e contra todos" comporta-se como atiradora de elite: faz mira contra um determinado plágio, compara edições diferentes e depois diz "o livro tal e tal publicado pela editora tal e tal como tradução de fulano de tal na verdade é uma cópia da tradução de beltrano de tal publicada pela editora qual e qual no ano tal". Quer dizer, faz mira, cuidadosamente, e dá um tiro certeiro, bem no meio da testa da criatura. Se alguém quiser prova, é só pedir.
Deu em alguma coisa? Ah, sim, deu em muita coisa.
No princípio, a turma foi tirando o corpo fora. Sabe como é, aquela conversa mole de relações públicas, diz que não, que talvez, que não é bem assim, mera coincidência, perdemos nossos arquivos, lamentavelmente, porque, sabe, então, houve um mal-entendido, a senhora está prejudicando o setor do livro e tal e coisa e loisa e nossa editora pauta-se melhor respeito e mais o diabo que os carregue a todos eles para o meio dos infernos, que é seu lugar.
Mas a Denise não desistiu e continuou disparando seus tiros certeiros.
Pelo menos uma editoria constituiu advogado e enviou à Denise uma intimação extrajudicial, uma cartinha educada onde, traduzido para o popular, se diz "cala a boca ou eu te processo". Pensaram que, com isso, acabava a história. Acabou, nada. A Denise é igual a clara de ovo: quanto mais apanha, mais cresce.
Conseguiu que uma grande editora reparasse o erro cometido e – briguenta mas honesta – publicou um artigo elogioso em seu blogue. Ela não quer acabar com as editoras, quer acabar com os plágios, no que está certíssima.
Está conseguindo, o que é muito importante, apoio em alguns outros cantos, por exemplo, no Ministério Público Estadual. Agora, está virando caso de polícia, o que, aliás, sempre foi.
Se você está se perguntando porque eu conto o milagre e não conto o santo, é para você ir lá, ler o blogue da Denise, do qual só tenho uma reclamação: o hábito de só escrever com minúsculas. Oh, troço difícil de ler. Mas o conteúdo vale o esforço.
Ah, e se você quiser entrar na campanha, a Denise aceita colaborações. Mas nada de denúncias bobas do tipo "uma amiga me disse sobe de uma conhecida que a editora tal…". Faz à moda da Denise, pega o original, pega a edição que você pensa que foi plagiada e compara. Depois, fala.
O blogue dela está aqui.
Um comentário:
Danilo,
Denise é admirável em seu trabalho-luta sobre os plágios.
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