De vez em frequentemente, alguém me pergunta quanto cobrar. Desculpe, mas essa é uma pergunta à qual não respondo. Até já disse quanto cobrava; quanto os outros devem cobrar, eu não digo. Se você está querendo saber quanto deve cobrar, dê uma olhada na tabela do SINTRA.
A tabela do SINTRA está acima da média do mercado e, por exemplo, nenhuma agência vai pagar aqueles valores. Por outro lado, as agências têm suas próprias tabelas e vão dizer a você direitinho quanto pagam. Sempre se pode tentar negociar um preço melhor, mas nem sempre se consegue alguma coisa. As melhores editoras e os clientes diretos estão chegando cada vez mais perto da tabela do SINTRA. Cabe a você decidir quanto vai cotar por seu trabalho.
O problema principal, e eu já disse isso aqui mil vezes, é cotar com firmeza. Nada de dizer Bom, sabe como é, a turma aí está cobrando 10, mas a gente procura não cobrar tanto… Isso não é coisa de profissional. Profissional diz, calma mas firmemente, eu cobro X por palavra. Se o cliente pedir desconto, a melhor resposta é é o preço que eu cobro de todos os clientes, não faria sentido cobrar menos do senhor.
Sempre deixe as coisas muito bem claras e por escrito. Muitos clientes mandam um pedido ou ordem de serviço para seus fornecedores. Se receber um destes, leia atentamente e releia mais atentamente ainda, antes de começar e peça uma emenda escrita se estiver algo errado. Não adianta o cliente dizer ah, desculpe, erro de preenchimento, a gente dá um jeito. Na hora do vamos ver, vale o que está escrito e você se ferra.
Se o cliente não mandar pedido nem ordem de serviço, mande um e-mail dizendo mais ou menos: A tradução de tal coisa vai custar tanto para ser pago no dia tal. O prazo de entrega é de tantos dias a contar do recebimento de um e-mail confirmando a aceitação desta proposta. E especifique se você vai dar nota fiscal de pessoa jurídica ou RPA, para evitar problemas posteriores.
Cuidado, muito cuidado, com o cliente que te telefona e diz que a proposta está aceita, mas que o e-mail vai só amanhã. Dá menos trabalho enviar um e-mail do que fazer um telefonema e há uma grande probabilidade de que esse cliente meramente queira fugir à aprovação por e-mail, que vale como prova em juízo.
Agora, vamos mudar de assunto um pouco, por favor. Outra hora a gente volta a falar em preços.
3 comentários:
Caro Danilo,
Como o formulário de contato não funcionou, estou usando o de comentários. Acompanho regularmente o seu blog, pelo RSS (ou seja, regularmente mesmo) e então acho que tenho uma idéia da vida de um tradutor. Queria saber, entretanto, algo sobre o cotidiano mais comezinho. Tipo, você fica o dia inteiro vendo e-mail, porque a qualquer hora pode chegar uma proposta? Consegue montar um horário de trabalho? As perguntas são obviamente utilitárias: tenho um emprego, digamos, presencial, e gostaria muito de trabalhar como tradutor algumas horas por dia. É viável ou os prazos são sempre curtíssimos, em horas?
grato
André
essa tabela do sintra faz uns 3 anos que não é mexida... pelo menos para tradução editorial está meio defasadinha.
Sim. Curioso — e animador — ver como as editoras, tradicionalmente o segmento que pior pagava — estão pagando cada vez melhor.
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