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sábado, 7 de julho de 2007

Hoje estou abrindo espaço aqui para a nossa colega Sonia Augusto, que, faz uns dias, postou esta mensagem lapidar na lista trad-prt:

Eu normalmente peço ao cliente para confirmar se entendi corretamente o que ele quis dizer. Se foi um erro, ele corrige sem se sentir mal. Se queria mesmo escrever aquilo, eu traduzo (e fico com imagem de tradutora cuidadosa e minuciosa).

Sou psicóloga de formação e o primeiro livro que traduzi era de psicologia, mas de outra linha. Aí caiu a ficha de que naquele momento eu era tradutora, não psicóloga, e não precisava concordar com a autora, "só" traduzir o que ela escrevera da melhor forma possível. Nesse momento também decidi que se algum dia eu encontrasse um trabalho que considerasse prejudicial ao leitor, não traduziria. Traduzi vários textos com que não concordava ou que julgava bobagem, mas só uma vez recusei um trabalho que considerei irresponsável e perigoso.

Em 130 palavras, provavelmente escritas às pressas, como a maioria das mensagens que todos nós postamos, ela nos dá uma grande lição de profissionalismo. É bom ler de novo. Vale a pena.

Começa dizendo que, quando encontra algo que lhe parece errado em um texto, pede ao cliente para confirmar. Um modo elegante de evitar constrangimentos que, ainda por cima, ajuda a construir a imagem de profissional cuidadosa e minuciosa, como ela mesma diz. Um pouco de savoir faire não faz mal a ninguém.

A segunda parte da mensagem, a história do livro da psicóloga de outra linha também é emblemática. Quando encarregaram a Sonia de traduzir o livro, pediram que ela levasse ao leitor de língua portuguesa as idéias de quem escreveu o livro, não as dela própria. Transmitindo, cuidadosamente, as idéias do original, por menos corretas que possam ter sido ou possam ter a ela parecido, prestou à psicologia brasileira um serviço maior do que se tivesse se arvorado em censora de obras alheias e reescrito o livro "com as idéias corretas". Se fosse professora, poderia, inclusive, na sala de aula, rebater as idéias do livro que tinha traduzido e quanto mais fielmente tivesse traduzido o livro, melhor seria rebater as idéias que julgasse falsas.

Por fim, conta que se recusou a traduzir um livro que considerava irresponsável e perigoso. Foi só um, poderiam ter sido muitos. O que ela quer dizer com isso é que para tudo há um limite e que há certas coisas que ela não faz e pronto, posição com a qual também concordo plenamente.

Tem uma turma aí que acha que traduzir não é suficiente, talvez tenham um tanto de vergonha de serem "só" tradutores. Geralmente, não são tão bons tradutores quanto pensam, porque traduzir bem é mais difícil do que conseguem perceber. Mas isso é outra história. Até amanhã, que talvez eu fale disso.

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