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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Edição extra: O Renato, a Época e o tradutor

Nosso colega Renato Motta notou que a revista Época tinha deixado de publicar o nome de quem traduziu um determinado livro. Achou injusto - como achamos todos nós - e achou que algo precisava ser feito. Tendo chegado a essa conclusão, decidiu que caberia a ele agir. Quer dizer, não caiu naquela esparrela de começar a esbravejar que "alguém tem que fazer alguma coisa".

Pensou lá com seus botões e concluiu que a melhor coisa a fazer era escrever à revista. Outros teriam começado uma campanha absolutamente inócua do tipo "Não compre a Época: ela não dá valor ao tradutor". O Renato achou que a primeira coisa a fazer era escreve uma mensagem — e escreveu o que você pode ler aqui abaixo.
Na edição de 30 de novembro de 2009, a revista Época apresentou uma interessante reportagem sobre o livro Nossa Escolha, escrito pelo ex-presidente norte-americano Al Gore. A matéria é um trecho muito bem traduzido de um livro que será lançado em dezembro, mas o editor se esqueceu de informar o nome da pessoa que fez a tradução da obra.
Curiosamente, o fotógrafo cuja imagem ilustra o artigo, Jeff Riedel, foi devidamente creditado. O editor da matéria sabe que uma foto não surge do nada. Uma foto sempre tem um profissional por trás dela; um profissional que enquadrou o objeto de interesse da lente, ajustou o foco, preparou a iluminação e editou o material antes de ele ser publicado.
Infelizmente, esse mesmo editor não percebeu que a tradução de um texto também não surge do nada. Toda tradução sempre tem um profissional dedicado por trás dela; um profissional que fez a transcrição das palavras originais - do inglês ou de outra língua - para a nossa; um profissional que re-escreveu o texto em nosso lindo idioma para que ele pudesse ser saboreado pelos leitores da revista Época, e também ajustou as frases, preparou a iluminação, revisou tudo e editou o material antes de ele ser publicado.
Peço à direção da revista Época que alerte os seus editores para o fato de que as traduções devem SEMPRE ser creditadas, pois é isso que merece o profissional que a realizou, o mesmo merece o leitor da publicação e assim determinam as leis éticas da nossa sociedade.
Obrigado.
Renato Motta
É uma mensagem educada, nada daquela oratória altíssona, grandíloqua e sesquipedal, carregada de ironias e generalizações acusatórias, do tipo "a autoproclamada grande imprensa que se diz democrática…", nada de insultos. Aponta uma falha, demonstra que é uma falha pela comparação com o caso do fotógrafo, creditado pelo seu trabalho, e pede uma correção, sem criar confrontações.

Achando bom pedir um pouco de pressão por parte dos colegas, postou a mensagem aqui , onde deve ter sido lida por várias centenas de colegas, vários  dos quais escreveram à revista. No fim da tarde, a Época já estava se desculpando e dizendo que vai publicar uma errata.

Vitória para nossa categoria? Por certo! De parabéns o Renato pela ação e a revista Época pela reação. Mas é bom lembrar que foi também uma vitória da civilização. Porque o Renato, antes de agir como tradutor, agiu como homem civilizado e a Época, ao reconhecer o erro, retratar-se e prometer solução, também agiu civilizadamente.

Agora, olho vivo para ver se não recaem em tentação - e fica o exemplo. Se você for membro da comunidade do Orkut, deixe lá o seu abraço ao Renato. Se não for, deixe um abraço no perfil dele - ele de certo merece nossa gratidão.

2 comentários:

denise bottmann disse...

magnífica iniciativa, ótima divulgação!

Anônimo disse...

A "palpiteira" aqui tem que ser coerente e, sim, elogiar a iniciativa do Renato que, com muita classe, arregaçou a manga em vez de ficar reclamando.
Raquel Schaitza