Muitas das idéias para este blog começam nesta comunidade simpática do Orkut. Está lá rolando uma conversa interessante sobre as etapas da tradução. A conversa é entre tradutores, gente que tem calo no dedo de tanto digitar.
Quase todos usam ferramentas de memória de tradução. Uma boa parte usa Wordfast, alguns usam Trados, um pequeno grupo está se enfronhando no MemoQ2, que ainda é novidade e ainda está um pouco cru, mas parece que vai ser um grande programa. Quem traduz livro, está, inclusive, digitalizando o texto para poder usar essas ferramentas. Bom para eles.
O processo de traduzir tem de ser eficaz e eficiente. Quer dizer, tem que alcançar o efeito desejado com a maior economia de meios possível. Temos de apresentar a melhor tradução possível dentro do prazo que temos e esse prazo é sempre menor do que queremos. Por outro lado, se não tivéssemos prazo, a tendência seria ruminar cada parágrafo séculos. Quer dizer, até os prazos apertados têm lá sua utilidade. Além disso – e não é bom esquecer – tradução é meio de vida e, independentemente de prazo que os clientes nos dêem, temos que traduzir tanto por mês para sobreviver. Então é fazer o melhor possível, no menor tempo possível. Exige muito de nossa capacidade.
A primeira fase do trabalho depende do assunto. Pode ser coisa que eu conheça bem, como finanças, ou coisa que eu não conheça. É raro, nos dias de hoje, aceitar algo fora da minha área, mas relatórios financeiros muitas vezes tratam de assuntos que eu mal conheço. Outro dia, por exemplo, peguei um que tinha páginas e páginas sobre mineração. Espero poder escrever outro dia sobre o que fazer quando não se conhece o assunto. Mas hoje, o foco é na tradução, propriamente dita.
Parece que a maioria dos veteranos, inclusive eu, usa um sistema de três etapas. Tradução, cotejo e leitura sem cotejo. Traduzir é sempre a primeira etapa, mas a ordem das outras duas varia. Alguns, como eu, preferem primeiro cotejar a tradução com o original, para ver se dizem a mesma coisa, se houve alguma distorção evitável, e, por fim, uma vez satisfeito de que original e tradução dizem a mesma coisa, lêem a tradução sem cotejo, para ver se flui bem ou se há ainda contaminação da língua de partida. Outros preferem inverter: ao terminar a tradução, lêem sem cotejar, para eliminar as contaminações e, por fim, cotejam para ter certeza de que as alterações introduzidas na leitura sem cotejo não distorceram a tradução.
Embora eu coteje primeiro, não tenho certeza de ser essa a melhor solução. Mas tenho certeza de que as três etapas são necessárias.
Dependendo do caso, pode haver ainda uma leitura de provas de impressão.
Além disso, cada vez mais capricho na primeira fase. Houve época em que eu traduzia de qualquer jeito e acertava na revisão. Com o tempo, mudei. Agora, traduzo com todo o cuidado, para minimizar a revisão. Faço de conta que nem eu nem mais ninguém vai revisar meu trabalho. Não é verdade, porque todos os meus trabalhos são revistos por mim ou pela minha mulher e, muitos deles, ainda por um revisor externo, mas é uma ficção que, ao que me parece, está sendo útil.
Um comentário:
Danilo,
vc nem imagina o qto está me ajudando!
Estou iniciando na área e dei a sorte de já estar com muito trabalho. Agora imagina o que acontece: muito trabalho + pouca experiência = desespero!
Sou muito responsável, não perdi prazos, mesmo que para isso tenha ficado 28 h na frente do comp., mas a qualidade cai.
com as suas dicas, tenho melhorado meus resultados. Mesmo pq nem sabia da existência de programas de TM.
Muuuuuuuuuuito obrigada, mesmo!
Kelly
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