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terça-feira, 6 de março de 2007

Livros, editoras, direitos autorais

É impressionante o número de tradutores e pretendentes a tradutores confusos quanto a editoras e direitos autorais de autores e tradutores. Vamos ver se consigo deixar claro o assunto.

O autor é dono de sua obra. Publica se quer e como quer. Nada impede que você escreva um livro, mande imprimir, encadernar e se ponha a vender por aí. Não são poucos os que tentam. Quer dizer, a rigor, ninguém precisa de editora para nada. Para que existem as editoras, então?

A função principal da editora é levar o livro ao mercado. Não é tarefa fácil, como sabe qualquer um que tenha publicado seu próprio livro com seus próprios recursos. Parece muito bonito "livrar-se do sistema", mas divulgar o livro e fazê-lo chegar a quem o compre é tarefa altamente especializada, que transcende a capacidade da maioria de nós. E consome muito mais tempo do que se pode pensar.

Toda editora tem uma área que se chama departamento editorial, divisão editorial ou coisa semelhante, que costumamos ver como o centro de tudo, mas, na verdade, tem como função precípua alimentar a parte da empresa que leva as obras ao mercado. Antigamente, as editoras tinham enormes setores gráficos e de encadernação. Hoje, a maioria delas terceiriza esses serviços, para se concentrar no que melhor sabem fazer: atender o mercado.

Não adianta uma editora ter um catálogo de primeira categoria se a comercialização for falha. Um bom exemplo é dado pelas editoras acadêmicas, que publicam maravilhas que é quase impossível comprar. Há tempos quis comprar um livro de uma delas, precisei dar cinco telefonemas até achar a pessoa que podia me atender e me pediram para ir ao Banco do Brasil, fazer um depósito na conta da editora, remeter o recibo pelo correio ou fax e aguardar a entrega em 15 a 20 dias. Livrarias "comerciais" eles não atendem. Desculpe dizer, mas prefiro ser atendido pelas livrarias "comerciais", por mais que o termo enoje tanta gente. Um livreiro conhecido me informa que muitas dessas editoras não concedem descontos ao livreiro. Quer dizer, esperam que livreiro venda o livro pelo preço que o comprou. Como o livreiro vivem da diferença entre o preço de venda e o de compra, nem quer saber dessas editoras, porque quem trabalha de graça é relógio.

Exceto pelas acadêmicas e algumas religiosas, que não visam lucro e vivem de doações, subsídios e patrocínios, as editoras são empreendimentos comerciais, que visam lucro como qualquer outra empresa. Algumas são muito bem sucedidas e auferem altos lucros. Mas há inúmeras editoras muito pequenas, que capengam eternamente à beira da falência, porque publicam livros que poucos querem ler e sequer sabem como fazer esses livros chegarem aos interessados.

As editoras se especializam e, por isso, não adianta levar um romance a uma editora concentrada em livros de medicina. Por excelente que o romance seja, a editora não vai publicar. Pelas mesmas razões, se você se especializou em medicina, não vale a pena oferecer seus serviços de tradução a uma editora especializada em literatura: não vão ter nada para você.

A conversa está boa e espero que você esteja gostando. Mas tenho de deixar o resto para amanhã. Não se esqueça da Reunião na sala 7, que tem a virtude ser grátis.

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