Sou um especialista. Quem é especialista, é especialista em uma ou mais campos. Eu sou especialista em um pequeno número de campos relacionados com negócios. Esses campos incluem finanças, contabilidade, tributação e direito societário, por exemplo. Dizer que sou especialista nesses campos significa que, na minha opinião, trabalho nessas áreas melhor do que em, digamos, medicina. Secundariamente, significa, ainda na minha opinião, que minha tradução nessas áreas tem qualidade superior à oferecida pelo tradutor médio. Não é dizer pouco.
O especialista se torna prisioneiro de sua especialidade: raramente alguém me pede alguma tradução fora de minha área e, na maioria das vezes, recuso os serviços "fora da minha área". Assim, cada vez mais, faço sempre a mesma coisa e vou me especializando cada vez mais. Como se define popularmente, o especialista é alguém que sabe quase tudo sobre quase nada e, como a tendência é aumentar o grau de especialização, sei cada vez cada vez mais sobre cada vez menos. Entretanto, duvido que chegue ao ponto culminante da especialização, que é o saber absolutamente tudo sobre absolutamente nada.
Não significa que não possa aceitar uma tradução fora de minha área. Posso, mas ia dar tanto trabalho que, financeiramente, não ia compensar, basicamente porque tenho serviço que me baste no meu inferninho particular. Além disso, por mais que pesquisasse e me esforçasse, não poderia fazer as cabriolas tradutórias que faço com os textos que me são familiares. Por isso, a qualidade ia ser inferior ao que faço na minha área. Ser especialista não signifca ser melhor tradutor que os outros.
Nem todos os tradutores se especializam. Muitos são generalistas. A experiência de um generalista e de um especialista diferem. Um bom generalista – e há muitos – enfrentou uma gama de problemas muito mais ampla que qualquer especialista, o que lhe dá uma latitude de conhecimentos que pode usar para dar aos problemas de tradução uma solução diferente daquela que eu daria, mas nem por isso menos boa. Bom, mesmo, é quando a gente pode combinar as experiências de um especialista e de um generalista, mas o tempo e o dinheiro nos impedem.
Não me aflige a idéia de um tradutor generalista nem do tradutor que aceite qualquer coisa. Há muitos, inclusive nas línguas de melhor mercado. O que me surpreende é o tradutor que afirma ter um monte de especializações absolutamente díspares. Tenho a impressão de que as pessoas que apresentam uma dúzia de especializações diferentes simplesmente estão se referindo às áreas em que têm experiência significativa, algo que, para mim ao menos, difere de especialização.
Mais tarde, ainda hoje, vou postar o ppt da Reunião na Sala 7. Ainda volto à questão dos direitos autorais. Obrigado pela visita e, aproveitando que você já está aqui, dê uma olhada no …e Vice-versa.
segunda-feira, 12 de março de 2007
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Um comentário:
"Entretanto, duvido que chegue ao ponto culminante da especialização, que é o saber absolutamente tudo sobre absolutamente nada."
Nossa que coisa genial Danilo! parabéns
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