… estava começando minha carreira… e tinha muitas frustrações por não ser considerada tradutora pela minha inexperiência. Depois… comecei a trabalhar aqui e ali…
… hoje estou mais inclinada a desistir da carreira. Pode ser que aconteça um milagre e surja uma oportunidade legal que realmente pague minhas poucas contas, mas por enquanto, se quero construir minha independência definitiva, a tradução não me dá espaço.
.… vivo adiando essa decisão de largar a carreira.… quero ter minha vida, me estabilizar o mínimo possível pra ter meu cantinho... É natural, não? E a tradução já provou que é sempre "pingada". Tem trabalho mês sim, mês não. E como as contas vêm sempre "mês sim"...
…quis desabafar algo que queria há muito falar com você. Saber o que você acha disso tudo. Se você já passou por isso, como superou... Enfim, uma ajuda para eu definir o que farei daqui pra frente.
Vamos dizer que a autora da mensagem que me chegou ontem se chame Cláudia. Não se chama, e é por isso que a estou chamando assim aqui. Há que preservar a privacidade do pessoal que escreve. Bom, Cláudia, a sua mensagem não é excepcional. Como você há muita gente.
Há uma diferença entre aprender a traduzir e viver de traduzir. Há poucos empregos de tradutor e a maioria de nós, incluindo eu, trabalha por conta própria. Trabalhar por conta própria exige umas tantas habilidades que não se aprendem na faculdade nem nos livrinhos do Venuti. Exige, por exemplo, investir muito tempo na busca de serviço. No início, esse investimento é enorme; cai, com o tempo, mas jamais chega a zero. Até hoje gasto um bom tempo trabalhando o mercado. Não falta serviço, pelo menos do meu lado, mas fico procurando coisa melhor, porque melhorar é preciso. A maioria de nós detesta esse tipo de tarefa, muitos jamais aprendem. Esse, aparentemente, é o seu ponto fraco.
Já passei por épocas terríveis, também. Era casado, aluguel atrasado, geladeira vazia, roupas precisando substituição. Muitas vezes, o único pão que havia era o que o diabo tinha amassado. Tinha muito poucas opções e resolvi insistir. Deu certo e hoje, se não vivo como um nababo, também não posso dizer que viva mal.
Lamentavelmente, não tenho uma receitinha para conseguir serviço. O sucesso profissional, como diria o Maquiavel, é feito de virtù e fortuna, ou, como talvez disséssemos atualmente, de fatores internos e externos.
Do lado virtù, você escreve bem e, creio, deve ter pelo menos a competência fundamental para se tornar uma boa profissional da tradução, o que já é um bom e largo passo dado. Mas te falta a habilidade de conseguir serviço. Esta, entretanto, está indissoluvelmente vinculada à fortuna, quer dizer, aos imprevistos da vida, Cláudia. E são tantos, que não dá para botar numa receitinha.
O que te posso dizer, a guisa de conselho? Se você tem uma opção, já está melhor que eu, que não tinha nenhuma, e isso deve te dar uma segurança maior: na pior das hipóteses, você vai ser recepcionista e refaz a carreira daí. Isso é ótimo, o ter o Plano B. Eu até digo que ter um bom Plano B é mais importante que ter um bom Plano A.
Mas o Plano A é, realmente, ser tradutora, certo? Então comece dando a você um prazo: ou me estabilizo até o mês tal, ou parto para o Plano B. O prazo, evidentemente, depende de como você consegue manejar as suas contas. Durante esse prazo, participe ativamente de todas as atividades de tradutores. Não só da comunidade do Orkut, mas também das listas do Yahoo. Acompanhe as discussões, candidate-se a todas as ofertas de serviço. Inscreva-se no translatorscafe.com, no ProZ e em tudo quanto for canto de onde possam sair ofertas de serviço. Faça as inscrições grátis. Tem gente que diz que a inscrição paga do ProZ vale a pena, mas acho bom começar pela grátis. E rale, claro; rale até os dedos sangrarem.
Raros são os serviços bons saídos dessas inscrições. Costuma ser muita carne de pescoço. Mas é por aí que se começa. Serviço bom vai para as mãos de quem já provou que sabe, porque ninguém quer arriscar uma desconhecida para traçar um filé.
Por outro lado, tem muita gente que, depois de uns anos do "Plano B" e com uma vida mais estabilizada, resolve atacar a tradução de novo e se sai bem. Nunca se sabe.
Você diz, num dos trechos de sua mensagem que apaguei, que freqüenta aqui o blog. Por isso, provavelmente não precisa da informação, mas os outros novatos que caírem de pára-quedas na mensagem talvez precisem: onde diz "pesquisar blog", lá em cima, digite "iniciantes" e veja o que eu já disse sobre o assunto. Depois, repita com "principiantes". Tem coisas a dar com pau.
Finalmente, um abraço e boa sorte. Eu sei como você se sente, porque já passei por tudo isso. Agüentei o tranco e não me arrependo.
3 comentários:
Nossa, Danilo, que beleza de post... estou nessa "hora da verdade" e precisava ler isso, valeu mesmo.
Danilo, você é um escroto, quem não te conheça que te compre. Mentiroso, farsante, ardiloso, fofoqueiro, insidioso, malicioso, invejoso. Você é um desastre ambulante, poço de preconceitos, ególatra, esquizofrênico. Só anda com crianças, porque sua geração não te suporta. Tem a língua ferina, pobreza de caráter e só sabe semear a discórdia e a dissídia. Você é um crápula, um pulha!
Antes de tudo, congratulo sua atuação como blogueiro, uma vez que não tenho competência para avaliar a de tradutor. Sua linguagem simples é motivadora.
Danilo,
o anônimo da "dissídia" /entenda-se por post/ suprapublicada é um idiota cuja "língua felina" demonstra a falta de personalidade ao "Identificar-se" como anônimo.
Admiro sua postura ao permitir a publicação de tais palavras.
Parabéns mesmo.
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