segunda-feira, 29 de junho de 2009
Hoje não dá para escrever nada sério
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Mais preços
Eu cobro mais barato que qualquer um aqui na minha cidade, Belém do Pará. Tão barato que chega a ser ridículo, porque não cobro por palavras, toques, laudas... cobro por empreitada. Aliás, eu não cobro, a agência diz o que tem de dinheiro e paga. Acontece que o cliente aqui, por mais rica que seja sua empresa, não está acostumado a pagar grandes serviços de tradução e pensa que a coisa é fácil e por isso, barata. As duas agências para as quais trabalho já me ligam com o seguinte discurso: “Rolim, temos um book do Grupo Fulano de Tal, de 150 'páginas' e temos X reais pra pagar o serviço. Tu fazes em 10 dias?”. Se eu não o fizer, alguém o fará, e o fará mal feito, sem revisão, e às vezes usando a ferramenta de tradução automática online (os três juramentados que aqui residem cobram zilhões e poucos os procuram). Seriíssimo, mas acontece muito aqui em Belém nos materiais do Governo do Estado, Prefeitura, entre outros. Cruel, mas preciso pagar minhas contas. 80% dos meus serviços são por empreitada, sempre saio perdendo e muito chateado. Mas não posso abrir mão dos parcos serviços que aqui aparecem.Forte abraço. Adoro teu blog.
Perguntas que não Posso Responder
Quem pede diz "puxa, mas o que custava, cinco minutos!" Mas de cinco minutos em cinco minutos, vai-se o dia.
Você sempre Passa nos Testes?
terça-feira, 23 de junho de 2009
Mais preços
A tendência é a gente ficar furioso com os que cobram menos que nós, dizer que aviltam o mercado, que se prostituem e o que mais seja, mas se esquecer de que há também os que cobram mais que nós e que podem estar dizendo o mesmo dos nossos preços. Então, aí vai a historinha — que já contei mil vezes.
Um dia, um grupo de amigos decidiu que ia cobrar o equivalente a 1 OTN por lauda. Uma história muito velha, como você pode ver, porque a OTN desapareceu há quase vinte anos e eu ainda cobrava por lauda. Mas ainda vale.
Tempos depois, fui convidado para uma mesa redonda, onde uma colega verberou com palavras duras a turma que cobrava pouco. Ela cobrava não me lembro lá quanto e reclamava de ter perdido serviço para quem cobrava preços inferiores. Só faltou xingar a mãe de quem cobrava menos que ela. No auge da revolta contra os que aviltavam a nobre profissão de tradutor, voltou-se para mim e disparou "quanto você cobra". Foi a minha vez de me divertir: "Eu e mais fulano, beltrano e sicrano combinamos de jamais cobrar menos de uma OTN por lauda. O mercado está aceitando bem."
Saia justa total, porque o preço era bem superior ao que a colega tinha cotado. Como fica? A colega retrucou com uma série de sarcasmos, chegando a insinuar que eu mentia e justificou seu preço com não sei quantas razões, desde "não esfolar o cliente" até "o valor justo".
Não, não estava mentindo. Mas também não reagi. Seria bobagem: era a minha palavra contra a dela e cada um que acredite em quem quiser. Podia ser diferente: não duvido nada que haja quem cobre mais do que eu e poderia ser eu o cobra-pouco da mesa.
Fica a lição: quem execra os que cobram menos, tem que estar preparado para se justificar os que cobram mais.
Por hoje é só. Acho que amanhã tem mais.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Preços
domingo, 21 de junho de 2009
Laudas, páginas, etc.
sábado, 20 de junho de 2009
O Novo Trados — Vexame no Lançamento
Aliás, não se esqueça da "Sala 7", hoje. Grátis, como sempre, às 14 horas. Se você ainda não se inscreveu, clique aqui e entre pela porta dos fundos.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Mercado para Legendagem fora do "Eixão"
Escreve a Bárbara:
Estou ingressando nos ofícios da tradução (faço o curso do prof. Daniel Brilhante Brito) e me interessei pelo curso de legendagem de filmes, mencionado no seu email.
Oi, Bárbara, essa história do mercado restrito ao eixo Rio—São Paulo é do tempo da máquina de escrever. Hoje, é tudo uma coisa só. Eu não tenho clientes
Hoje, qualquer lugar do mundo onde você tenha uma boa conexão com a Internet é um bom lugar para se trabalhar como tradutora. Nem pense em restringir sua clientela de traduções à cidade onde você mora, mesmo que seja uma cidade grande. Tua "praça" (no sentido em que os vendedores usam o termo) é o mundo. Temos um colega que traduz do inglês para o francês e mora na Tailândia. Está todo feliz, lá.
Aliás, minha amizade com a Bianca começou justamente porque ela disse que onde morava (Salvador, na época: a moça é meio itinerante) havia pouco serviço e eu respondi que esse troço de "na minha cidade não tem serviço" é balela.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Quem quer aprender a legendar? Italiano e Português
A gente disse que aquela sociedade entre a Carol Alfaro e a Bianca Bold ia dar bons frutos. Já está começando: cremos que seja a primeira vez neste país que alguém apresenta um curso de legendagem de filmes
O curso, evidentemente, vai ter as mesmas características e qualidade dos que a Carol Alfaro apresenta. Aliás, tem mais um da Carol pela frente, sobre legendagem de filmes
Haroldo Netto
terça-feira, 16 de junho de 2009
Reunião na Sala 7 - junho de 2009
A próxima Reunião na Sala 7 é dia 20 de junho de 2009, das 14 às 16 horas, horário de Brasília. Para quem não sabe, a Reunião na Sala 7 é um evento a distância, sobre problemas profissionais da tradução. O evento é grátis e aberto a todos os interessados. Para participar, você precisa de um PC, de uma conexão com a Internet e altofalantes. Não precisa de microfone: a participação é via chat.O tema desta reunião é "Limites do Trabalho do Tradutor". Vamos analisar não só o que podemos fazer, como também o que é nossa obrigação fazer como profissionais da tradução.
Para mais informações, clique aqui.
Agradeço a quem divulgar o evento.
Onde Baixo Memórias de Wordfast?
domingo, 14 de junho de 2009
Mr. Murphy não dá Trégua
Vamos ver o que o dia de hoje me reserva. Ao menos, dormi, descanse e dei umas voltas por aí. Além disso, li toneladas de revistas sobre História em espanhol, francês e italiano.
Acho que amanhã tenho meu computador de volta e as coisas voltam ao normal. Tenho este aqui, onde estou escrevendo agora, e tenho meus backups, mas, desculpem, não é a mesma coisa.
De qualquer modo, consegui, entre sexta e hoje, postar três artigos novos no blogue. Sempre é alguma coisa. Vejam as duas respostas à Renata, uma futura tradutora cheia das dúvidas, e a nota sobre LIBRAS, abaixo.
Até amanhã.
Curso de Tradução — LIBRAS
O convite é para o lançamento do curso de Bacharelado em Letras: Tradução e Interpretação em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), pelo Centro Universitário Metodista (IPA). Para quem ainda não sabe, LIBRAS é a língua usada pelos deficientes auditivos brasileiros.
Segundo a mensagem da professora Elaine Indrusiak, da Coordenação de Letras:
"O curso terá duração de sete semestres e, ao menos por enquanto, teremos oferta à tarde. Isso visa atender ao grande número de intérpretes que já atuam em instituições de ensino, mas ainda não têm formação em nível superior. O curso terá várias disciplinas compartilhadas com as licenciaturas em português e inglês, permitindo trocas muito enriquecedoras entre futuros tradutores e futuros professores; outro diferencial é o fato de não nos determos apenas na Libras, mas termos muitas disciplinas de Língua Portuguesa, conferindo maior qualidade ao trabalho tradutório. A matriz curricular do curso pode ser consultada no portal do IPA (na notícia sobre os novos cursos)."
Não sou especialista em ensino e tenho muito medo de falar sobre o que não conheço. A meu ver, entretanto, a idéia de uma carga pesada de língua portuguesa tem importância capital para qualquer curso de tradução e interpretação, não só para os de LIBRAS. Por incrível que possa parecer, vejo como o maior problema da maioria dos tradutores que conheço a falta de conhecimento de português, assunto no qual toquei mais de uma vez por aqui.
Para mais informações, entrem em contato com eles clicando aqui.
Aproveito para deixar um recado especial para a turma de LIBRAS: aqui tratamos de todos os aspectos de tradução e interpretação e a turma de LIBRAS é sempre bem-vinda, com informações ou com perguntas.
Atendendo à correção do comentário abaixo, emendei o título. O miolo do texto estava claro e acho que impediria mal-entendidos, mas o título estava dúbio, certamente.
Ainda, a resposta à Renata.
Minha experiência, é que o mercado nos mostra o caminho. Se você tiver uma formação profissional específica, por exemplo, se for médica, e quiser passar à tradução, há uma boa chance de você terminar por se especializar em tradução médica. Mas, se não for esse o caso, deixe o mercado indicar o caminho. Não dá para ter certeza de que, se você fizer um curso de tradução médica, ou jurídica ou o que seja, vá conseguir serviço nessa área. Nosso mercado é muito disperso para a gente fazer uma aposta dessas. Se começar a pintar serviço de jurídica, vá fazer o curso e atormente o professor com perguntas de toda a espécie. Foi assim que fiz eu e fez muito mais gente.
Ser tradutor profissional deve ser uma festa, não uma tortura, Renata.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Problemas no blogue
Pensei que ia embora hoje, mas adiou a volta uns dias e não há muito que eu possa fazer.
Mr. Murphy não é realmente um mau sujeito, mas é meio desastrado. Hoje, por exemplo, provocou um curto circuito em meu computador principal. Ainda bem que tenho um regra três, mas regra três, como você sabe, é regra três.
Escreve a Renata.
Mensagem da Renata, com umas dúvidas que vão interessar a mais de um leitor.
Danilo, parabéns pelo seu blog. É uma iniciativa admirável manter um blog com tantas informações úteis que certamente ajuda a vida de muita gente. Eu sou estudante de Filosofia da UFRJ mas vou trancar minha matrícula neste semestre. Pretendo cursar Letras na Puc. Entrei num curso de tradução (DBB) há um mês e estou muito feliz por perceber que realmente levo jeito pra coisa. Acho o trabalho de tradução muito interessante e quero me dedicar somente a ele. Entendi pelo seu blog que inglês é a língua mais significativa no mercado, seguida de espanhol e francês, e que tradução literária e legendagem são muito procurados mas não correspondem à maior parcela do mercado e pelo jeito não são o melhor caminho para escolher como uma boa fonte de renda exclusiva. Certo? Me parece que manuais e documentos da área jurídica são a maior fatia do bolo. Você sugeriria alguma área como mais garantida para se investir? Eu poderia fazer um curso de tradução jurídica por exemplo, mas não sei até que ponto isso é o ideal considerando que eu não sei nada de Direito. Outra dúvida: o inglês é hoje a língua mais importante no mundo, por motivos econômicos e políticos, certo? Será que pode ser interessante aprender mandarim, prevendo uma mudança nesse aspecto, já que a China está crescendo e segundo alguns entendidos do assunto (eu não sou) está prestes a tomar o lugar dos EUA?
Renata, obrigado pela mensagem e descuple pelo tanto que demorou para responder. Vamos ver se me faço mais claro.
A maior parte do movimento, talvez mais de 50%, é de inglês. Por outro lado, há uma quantidade enorme de tradutores de inglês, o que significa que as chances de quem traduz inglês não são realmente maiores do que as chances de quem traduz francês ou espanhol. Existe muita gente trabalhando e vivendo e ganhando com francês, italiano, espanhol e outras línguas. O único mercado que parece ter minguado é o de alemão e vários colegas meus que traduziam praticamente só alemão, hoje estão vivendo mais do inglês do que do alemão. Mas esta é uma afirmação empírica, não tenho realmente dados que a alicercem.
Quanto ao curso de tradução jurídica, você tem toda a razão. Não se pode traduzir algo que não se entende e não é em umas poucas aulas que você ou qualquer pessoa vai aprender a destrinchar tradução jurídica. Eu pego assim, as bordas da jurídica que fazem contato com a financeira e posso dizer que é uma barra pesadíssima. Jamais teria a coragem de dizer que sou tradutor jurídico. Aliás, conheço muito poucos tradutores jurídicos realmente bons. Não quer dizer que você precise fazer um curso de direito para fazer tradução jurídica, mas precisa aprender como funcionam as engrenagens do nosso ordenamento jurídico e o ordenamento jurídico do país ou países onde se fala a língua de que você está traduzindo. Isso se pode fazer lendo, lendo furiosamente e pesquisando adoidada.
Quer dizer, para traduzir um documento jurídico do inglês para o português, você precisa entender como funcionam as coisas aqui e lá. E “lá” pode ser Inglaterra, Escócia, Estados Unidos, Canadá e Deus sabe mais o quê, porque pode te cair no colo um documento escrito em inglês, traduzido do japonês, sobre a legislação japonesa sobre as cooperativas.
Existem, aí, uns modelitos, umas formulinhas e tal, mas é o que na indústria de confecções se chama “serviço de carregação”.
Isso se aplica a todo e qualquer tipo de trabalho tradutório, inclusive o literário. Você tem que entender o original muitíssimo bem para conseguir traduzir.
Mas o fato é que o mercado te conduz, Renata. Quando peguei minha primeira tradução na área financeira, não sabia a diferença entre “ativo” e “passivo”. Tive de estudar como um doido para entender essas e outras coisas.
Quanto a línguas, respondo amanhã, que este artigo já está longo demais.