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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O concurso da JUCERJA e outros para TPIC III

Embora pareça que muita gente capacitada tenha sido reprovada, nem em particular nem em público vi alguém alegando que os aprovados no RJ eram incapazes (mas surgiu uma acusação desse tipo em outro estado — a ver se consigo apurar alguma coisa fundamentada, para postar aqui). Portanto, salvo melhor juízo, continua válida a recomendação de não hostilizar os aprovados. Se houvesse um caso de suborno envolvido, teriam sido aprovados alguns incapazes também. Pouco posso dizer sobre a capacidade dos candidatos, porque, embora conheça vários deles pessoalmente, nunca vi o trabalho deles.
Mas é interessante, muito interessante, a quantidade bárbara de reprovações e um resultado que, do ponto de vista estatístico, é totalmente anômalo, ponto abordado pelo nosso colega Erik Borten em uma mensagem brilhante à trad-prt. Já escrevi a ele pedindo permissão para usar aqui, mas ainda não obtive resposta.
Por outro lado, tenho a satisfação de reproduzir, com a devida permissão, uma mensagem da nossa colega Sheyla Barretto de Carvalho, que me pareceu equilibrada e inteligente.
Prezados colegas,
Apesar de inconformada com as notas que me foram atribuídas na prova para tradutor público, desejo esclarecer que credito o resultado do concurso a erro no formato adotado para a correção das provas, não necessariamente à fraude.
Posso parecer ingênua ao afirmar isso, porém, conheço há anos alguns dos profissionais aprovados (como Adriana Rieche, Fernanda Mathias, colegas minhas na PUC-RJ, Patricia Tate e Adriana Schwartz no idioma inglês; Annie Cambe no idioma francês) e sei que são todos merecedores da aprovação recebida.
Acredito que o professor César Cardoso é competente o bastante para receber aprovação, independentemente de ser colega de membro da banca examinadora.
Conheço também Leonardo Morais e sei que há muito tempo atua na área de tradução, portanto, prefiro acreditar que tenha sido aprovado por merecimento.
A impressão que tenho é que distribuíram as provas do concurso para diferentes avaliadores e a maioria deles não soube aplicar as regras de correção recomendáveis para provas de tradução/versão.
Não está autorizado o uso do meu nome em emails como aquele divulgado recentemente por uma "Comissão": acusatório, sem assinatura e cuja opinião é divergente da minha.
Tenho plena confiança na minha capacidade como profissional da área de tradução/interpretação, construída ao longo de uma carreira bem-sucedida de quase 20 anos de muito trabalho e dedicação e da qual muito me orgulho, mas desejo me solidarizar com aqueles cuja confiança possa ter sido abalada pelo resultado do concurso.
As aprovações podem ter sido justas, no entanto, as reprovações, em grande parte, certamente não o foram.
Atenciosamente,
Sheyla Barretto de Carvalho
Tradutora-Intérprete
Sócia-Fundadora do Brasillis
membro da Abrates, da ATA, do Sintra
membro da OAB-RJ
membro do CRA-RJ

2 comentários:

Reginaldo disse...

Realmente, Danilo, o que mais espanta é o número de reprovações. Na prova de italiano do concurso de Santa Catarina, o Edital previa a aprovação dos 40 primeiros na primeira fase (oito vezes o número de vagas), porém apenas 5 passaram para a segunda fase, sendo que a todos os demais foi atribuída nota inferior à mínima para classificação (7,00).
Também acredito, como a colega Sheyla, que seja mais provável isso ser devido aos métodos de correção e não a fraude, pois se houvesse intenção de fraude não haveria necessidade de eliminar quase todos na primeira fase.
Não conheço os aprovados e também quase nenhum dos reprovados, mas também considero que o concurso foi bastante mal conduzido. Entretanto, não sei se é ou teria sido possível algum recurso, já que os critérios de correção descritos no Edital são (talvez inevitavelmente) subjetivos:
"Os critérios na avaliação da prova escrita compreenderão: Fidelidade ao tema, apropriação ao gênero textual e propriedade vocabular, estruturação de períodos, sintaxe (regência, concordância, colocação pronominal) pontuação e ortografia.
[...]
Prova Oral [...] verificar se o candidato possui o necessário conhecimento e compreensão das sutilezas e dificuldades do idioma em avaliação, aplicando-se os seguintes critérios: clareza durante a exposição, objetividade ao apresentar as idéias, pronúncia correta, entonação adequada, adequação ao tema tratado, tradução apropriada e versão apropriada."
Entre extremos como o suposto gabarito do Rio e critérios vagos como "fidelidade ao tema", "clareza durante a exposição" ou "tradução apropriada", não sei qual seja mais discutível, mas o fato é que, apesar de ter havido um bom número de candidatos para o idioma italiano, apenas quatro das cinco vagas foram preenchidas, e é possível que profissionais competentes tenham sido reprovados. Em relação aos demais idiomas, não tive tempo de acompanhar ou conferir os resultados (e não pude prestar também para o inglês, pois não era possível se candidatar a mais de um idioma). Talvez algum colega que tenha prestado para outros idiomas possa acrescentar algo a respeito.
Abraços,

Reginaldo Francisco
tradutor português/inglês/italiano

Danilo Nogueira disse...

Obrigado, Reginaldo. O concurso de SC tem uns aspectos muito curiosos, sim. No momento, faltam-me dados para dizer alguma coisa. Mas espero poder chegar ao tema.

Vamos ver se aparece mais alguma coisa ou como comentário ou como mensagem direta a mim, na minha caixa postal.