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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Hoje não dá para escrever nada sério

Então, vai uma historinha boba. Gerente de projeto americano monoglota de pai e mãe me passa uma lista de palavras soltas. Reclamei, pediu, reclamei, insistiu, avisei que ia dar encrenca, continuou a insistir, aceitei. Muitas palavras podiam ser substantivos ou verbos e, em sendo verbos, podiam estar no infinitivo ou no imperativo. Fui traduzindo por verbos no infinitivo. O cliente final tinha uma brasileira que ocupava o elevado posto de casca de ferida residente e que trocou os infinitos por substantivos, reclamou da tradução, mas não estava lá quando eu perguntei como proceder. Ah, sim, claro, prazo curtíssimo.

O gerente de projeto, irritadíssimo, me perguntou se eu não era capaz de traduzir uma palavra simples, como "contact", sem errar. Respondi que, como eu tinha avisado (e-mail tal e tal, essas coisas) muitas daquelas palavras tinham mais de uma tradução em português. O gerente de projeto, teimoso como ele só, perguntou, sarcástico, se mesmo palavras tão simples tinham tantas traduções em português. O molho de tomate que me corre nas veias ferveu e respondi que para "you", uma palavra simples entre as palavras simples, havia ao menos as seguintes traduções: tu, vós, você, vocês, o senhor, a senhora, os senhores, as senhoras, vossa senhoria, vossas senhorias, te, ti, lhe, vos, (con)tigo, (con)vosco, todas elas corretas e encontradiças em qualqer dicionário e que, só com o "you", sem mais contexto, não havia como ter certeza de ter dado a tradução certa, ou acertar com a tradução que o cliente queria.

Nunca mais ouvi falar do coitado.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Mais preços

Escreve o Rolim

Eu cobro mais barato que qualquer um aqui na minha cidade, Belém do Pará. Tão barato que chega a ser ridículo, porque não cobro por palavras, toques, laudas... cobro por empreitada. Aliás, eu não cobro, a agência diz o que tem de dinheiro e paga. Acontece que o cliente aqui, por mais rica que seja sua empresa, não está acostumado a pagar grandes serviços de tradução e pensa que a coisa é fácil e por isso, barata. As duas agências para as quais trabalho já me ligam com o seguinte discurso: “Rolim, temos um book do Grupo Fulano de Tal, de 150 'páginas' e temos X reais pra pagar o serviço. Tu fazes em 10 dias?”. Se eu não o fizer, alguém o fará, e o fará mal feito, sem revisão, e às vezes usando a ferramenta de tradução automática online (os três juramentados que aqui residem cobram zilhões e poucos os procuram). Seriíssimo, mas acontece muito aqui em Belém nos materiais do Governo do Estado, Prefeitura, entre outros. Cruel, mas preciso pagar minhas contas. 80% dos meus serviços são por empreitada, sempre saio perdendo e muito chateado. Mas não posso abrir mão dos parcos serviços que aqui aparecem.
Forte abraço. Adoro teu blog.

Oi, Rolim, bom saber que você adora o blogue. Eu também, embora por motivos diferentes.

Tudo o que você diz de sua cidade se aplica ao mundo todo e, no mundo todo, há tradutores que acham que isso é só no cantinho deles. Numa lista britânica, estava todo mundo outro dia reclamando da mesma coisa. Mas há muito serviço mais bem pago, sem dúvida (e você mesmo diz que ninguém aí cobra menos que você, o que comprova minha assertiva). Tem que ir atrás, como vou eu e vão tantos. Ficar pensando que teu mercado é a cidade onde você mora é um dos maiores erros que você pode cometer.

Quanto ao trabalhar por empreitada, também não vejo problema. Me oferecem muito serviço assim. O sujeito diz "tenho tal coisa para traduzir e uma verba de X". Você pode aceitar ou pode fazer uma contraproposta e, se a proposta for ruim demais, simplesmente rejeitar. O jogo de proposta, contraproposta, aceitação ou rejeição faz parte do mundo dos negócios.

Se você aceitar tudo o que te oferecem, pelo preço que te oferecerem, vão ter oferecer cada vez menos para fazer cada vez mais. Quer dizer, muito depende de que tipo de reputação você cria para si próprio. Nenhum cliente vai te oferecer preços bons se souber que você aceita qualquer preço. Nem você, quando cliente, faz isso. Se você for comer num restaurante, não vai dizer "a refeição aqui é barata demais, vou pagar 20% a mais do que a conta que você apresentou".

Curioso como tradutor tem medo de recusar preços baixos. Precisa ter coragem, mas dá um lucro danado. Esse sempre foi um meu maior segredo: dizer "não" com uma enorme tranquilidade. Sem discurso, sem sarcasmo, sem ironia, sem gracinhas. Só um "não, meu preço mínimo para esse serviço é X", educado mas firme.

Ah, por fim, nunca diga que algum dos seus colegas cobra "zilhões". Isso não existe.

Perguntas que não Posso Responder

Desculpe, mas há pedidos que não tenho como atender. Em algum lugar tenho que traçar um limite.

Um me envia um texto em inglês e pergunta se está bom. Se eu disser que está bom e alguém achar uma falha, vão dizer "como o Danilo foi dizer que estava bom, será que ele não viu isso?" Se eu disser que tem erros, vou ter que explicar quais são. E começa uma discussão e mas/mais isto e mas/mais aquilo. Desculpe, não posso.

Outro me manda umas quantas perguntas sobre terminologia. Também não dá, desculpem, meu tempo tem um limite.

Mais um me pede para traduzir "só um textinho". Se eu fizer isso para um, tenho de fazer para todos e, como dizia Cacilda Becker, não me peça para dar de graça a única coisa que tenho para vender.

Quem pede diz "puxa, mas o que custava, cinco minutos!" Mas de cinco minutos em cinco minutos, vai-se o dia.

Você sempre Passa nos Testes?

Escreve o Paulo:

Eu gostaria de saber uma coisa, você sempre passa nos testes em que compete com outros tradutores? Já aconteceu de não passar? Pergunto isso para aliviar minha frustração, pois algumas vezes eu passo nos testes outras não.

Bom, Paulo, não sei por que você não passou: não vi o teste (e, aliás, prefiro não ver). Mas não ser aprovado faz parte do jogo. Os motivos são inúmeros, desde absoluta incompetência do candidato até absoluta incompetência do avaliador e todas as outras possibilidades que você possa imaginar mais umas tantas em que você jamais pensaria.

Na minha infindável coleção de historinhas, tenho a de um cliente, uma firma de auditoria, que tinha, entre sócios e gerentes, umas trinta pessoas (naquele tempo, isso era bastante gente; hoje seria pouca). Um dos gerentes avisou a encarregada de serviços de tradução que, em qualquer caso, para ele, eu era a última escolha, porque meu texto era ruim. "Qualquer um dos outros é melhor que o Danilo".

Nunca descobri o que ele queria dizer com isso, porque nunca tive uma chance de conversar com o homem e ver a que ele objetava, o que é uma pena. Isso nos leva à conclusão lógica desta nossa conversa: o pior não é ser reprovado, o pior é não ter a mais remota idéia do motivo da reprovação.



terça-feira, 23 de junho de 2009

Mais preços

A tendência é a gente ficar furioso com os que cobram menos que nós, dizer que aviltam o mercado, que se prostituem e o que mais seja, mas se esquecer de que há também os que cobram mais que nós e que podem estar dizendo o mesmo dos nossos preços. Então, aí vai a historinha — que já contei mil vezes.

Um dia, um grupo de amigos decidiu que ia cobrar o equivalente a 1 OTN por lauda. Uma história muito velha, como você pode ver, porque a OTN desapareceu há quase vinte anos e eu ainda cobrava por lauda. Mas ainda vale.

Tempos depois, fui convidado para uma mesa redonda, onde uma colega verberou com palavras duras a turma que cobrava pouco. Ela cobrava não me lembro lá quanto e reclamava de ter perdido serviço para quem cobrava preços inferiores. Só faltou xingar a mãe de quem cobrava menos que ela. No auge da revolta contra os que aviltavam a nobre profissão de tradutor, voltou-se para mim e disparou "quanto você cobra". Foi a minha vez de me divertir: "Eu e mais fulano, beltrano e sicrano combinamos de jamais cobrar menos de uma OTN por lauda. O mercado está aceitando bem."

Saia justa total, porque o preço era bem superior ao que a colega tinha cotado. Como fica? A colega retrucou com uma série de sarcasmos, chegando a insinuar que eu mentia e justificou seu preço com não sei quantas razões, desde "não esfolar o cliente" até "o valor justo".

Não, não estava mentindo. Mas também não reagi. Seria bobagem: era a minha palavra contra a dela e cada um que acredite em quem quiser. Podia ser diferente: não duvido nada que haja quem cobre mais do que eu e poderia ser eu o cobra-pouco da mesa.

Fica a lição: quem execra os que cobram menos, tem que estar preparado para se justificar os que cobram mais.

Por hoje é só. Acho que amanhã tem mais.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Preços


Recebo várias mensagens de colegas falando sobre preços, alguns falando em aviltamento, prostituição e quejandos; outros tantos falando em preço justo. Alguns até me condenando por não falar o suficiente sobre o assunto. Mas não é verdade, porque tem até um marcado aí do lado "preço de tradução".

Parece que alguns gostariam que eu dissesse "o preço justo para uma tradução é X, pagar menos que isso é exploração, aceitar menos que isso é aviltamento".

Sinto muito, não vou dizer. Posso dizer quanto eu cobro: no Brasil, meu piso é R$ 0,30 por palavra do original; no exterior, o piso é US$ 0,15, também por palavra do original. São valores altos, cobrados por tradutores experientes. Isso significa que, no Brasil, nenhuma agência trabalha comigo e que, no exterior, só umas poucas agências e clientes diretos me contratam. Por outro lado, tenho clientes que oferecem US$ 0,17 por palavra do original.

Desde agosto do ano passado, a Kelli revisa minhas traduções e é paga do meu bolso. Por incrível que possa parecer, revisar o próprio serviço custa mais caro do que pagar uma revisora. Fazer uma revisão decente de seu próprio trabalho toma um tempo danado e eu ganho mais traduzindo. Aliás, do ponto de vista estritamente técnico, ninguém deveria revisar seu próprio serviço e, antes da Kelli, quem revisava meu trabalho era minha mulher.

Ter uma revisora também aumenta minha capacidade para lidar com serviços de urgência: mais de uma vez, entre eu terminar a minuta de uma tradução de 50.000 palavras e entregarmos o serviço completo e revisto, preciso menos de uma hora, porque vou passando o serviço para a Kelli aos pedacinhos e ela está sempre nos meus calcanhares.

Antes que me esqueça, esses são valores para serviço de tradução do inglês para o português. Nestes tempos de hoje, raramente traduzo para o inglês.

Acho que amanhã volto ao assunto. Tenho uma história divertida para contar, mas é longa demais para hoje.

domingo, 21 de junho de 2009

Laudas, páginas, etc.

Perguntou a Vanessa, num comentário a este artigo:

Danilo, você saberia me dizer quantas folhas A4 dariam, mais ou menos, 10.000 palavras? Usando as formatações atuais (quais são?).

Vanessa, não entendi. Aparentemente, você quer saber quantas folhas A4 seriam necessárias para um texto de dez mil palavras. Até aí, tudo bem. Depois você diz "usando as formatações atuais (quais são?). Fiquei totalmente embananado com essa parte do teu recado. Vou tentar responder, de uma forma ou de outra, e se a resposta não for satisfatória, faça um comentário aqui e a gente vai se achando.

Se você está querendo saber se existe uma "formatação padrão" para traduções de texto, eu digo que não há. As editoras ainda pensam em termos de laudas, mas a definição de lauda (e a quantidade de texto que cabe em cada uma) varia muito de uma editora para outra. Por outro lado, os clientes não-editoriais esperam que você acompanhe a formatação do original que recebe para traduzir, que vai variar em Arial 14 e espaço duplo a Times New Roman 10, com espaço simples, com mil e uma outras variáveis.

Espero ter iluminado um pouco o teu caminho.

sábado, 20 de junho de 2009

O Novo Trados — Vexame no Lançamento

Saiu o Translation Journal, uma publicação grátis para tradutores, tem lá um artigo meu, com a proverbial palpitação da Kelli, falando sobre o verdadeiro fiasco que foi o lançamento do Trados Studio, no começo deste mês. Uma das coisas mais espírito de porco que eu já escrevi. Clique aqui para ler.

Aliás, não se esqueça da "Sala 7", hoje. Grátis, como sempre, às 14 horas. Se você ainda não se inscreveu, clique aqui e entre pela porta dos fundos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Mercado para Legendagem fora do "Eixão"

Escreve a Bárbara:


Estou ingressando nos ofícios da tradução (faço o curso do prof. Daniel Brilhante Brito) e me interessei pelo curso de legendagem de filmes, mencionado no seu email. Você tem conhecimento se este mercado é grande fora do eixo Rio, São Paulo? Tenho interesse em fazer o curso mas moro no sul do país, geralmente os trabalhos podem ser feitos a distância?


Oi, Bárbara, essa história do mercado restrito ao eixo Rio—São Paulo é do tempo da máquina de escrever. Hoje, é tudo uma coisa só. Eu não tenho clientes em São Bernardo nem em São Paulo, a Kelli não tem clientes em São Carlos. Mas faz meia hora ligou um de Washington e tem uma turminha boa em Zurique, Londres e Nova York.


Por outro lado, a Carol Alfaro mora em Toronto e a Bianca Bold anda por aí, às vezes no Canadá, às vezes no Brasil (passou uma semana em São Carlos, com a Kelli), computador a tira-colo e legendando um filme atrás do outro. O escritório dela vai pendurado no ombro.


Hoje, qualquer lugar do mundo onde você tenha uma boa conexão com a Internet é um bom lugar para se trabalhar como tradutora. Nem pense em restringir sua clientela de traduções à cidade onde você mora, mesmo que seja uma cidade grande. Tua "praça" (no sentido em que os vendedores usam o termo) é o mundo. Temos um colega que traduz do inglês para o francês e mora na Tailândia. Está todo feliz, lá.


Aliás, minha amizade com a Bianca começou justamente porque ela disse que onde morava (Salvador, na época: a moça é meio itinerante) havia pouco serviço e eu respondi que esse troço de "na minha cidade não tem serviço" é balela.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Quem quer aprender a legendar? Italiano e Português

A gente disse que aquela sociedade entre a Carol Alfaro e a Bianca Bold ia dar bons frutos. Já está começando: cremos que seja a primeira vez neste país que alguém apresenta um curso de legendagem de filmes em italiano. Além disso, a distância. Quer dizer, está cada vez mais longe o tempo em que era necessário morar em São Paulo ou no Rio de Janeiro para fazer cursos desse tipo. Para mais informações, é só clicar aqui.

O curso, evidentemente, vai ter as mesmas características e qualidade dos que a Carol Alfaro apresenta. Aliás, tem mais um da Carol pela frente, sobre legendagem de filmes em inglês. Para saber mais sobre este curso, clique aqui.

Haroldo Netto

Então, perdemos, esta madrugada, o Haroldo Netto. Há tempos que não trocava mensagens com ele. A nova vida, com Internet, nos faz conhecer muita gente, mas não nos permite manter contato com todos. Uma pena, mas faz parte da modernidade.

O Haroldo, nascido em 1932 e tradutor desde 1959, fazia parte da velhíssima guarda tradutória e é pena que não nos tenha deixado suas memórias escritas: era um poço de experiência e boas histórias. A epítome do gentleman carioca, representante de uma sociedade culta, gentil, acolhedora e bem humorada.

Traduziu resmas de contos para revistas como "Querida", "Contos de Amor" e "Romance Moderno", período de que tinha recordações hilárias, como os contos ambientados nas "praias tropicais do Uruguai".

Militar, participou do Batalhão Suez, como tradutor, entre 1966 e 1967, já com a patente de capitão, e depois esteve em Fort Leavenworth para traduzir a "Military Review", revista militar dos EUA.

Mas foi traduzindo cada vez mais livros. Traduziu desde Anaïs Nin a Ken Follet. Muitas de suas traduções foram publicadas sob pseudônimos. Se você encontrar numa livraria uma tradução de Paulo Azevedo ou E. Arthens, saiba que foi o Haroldo quem fez.

Sempre receptivo aos mais novos, sempre pronto com um conselho, com uma palavra amiga. Uma conversa gostosa, lenta, tranquila.

Foi-se o Haroldo. Havia tempos que queria escrever para ele fazendo umas perguntas. Agora, não adianta mais.








terça-feira, 16 de junho de 2009

Reunião na Sala 7 - junho de 2009

A próxima Reunião na Sala 7 é dia 20 de junho de 2009, das 14 às 16 horas, horário de Brasília. Para quem não sabe, a Reunião na Sala 7 é um evento a distância, sobre problemas profissionais da tradução. O evento é grátis e aberto a todos os interessados. Para participar, você precisa de um PC, de uma conexão com a Internet e altofalantes. Não precisa de microfone: a participação é via chat.O tema desta reunião é "Limites do Trabalho do Tradutor". Vamos analisar não só o que podemos fazer, como também o que é nossa obrigação fazer como profissionais da tradução.


Para mais informações, clique aqui.


Agradeço a quem divulgar o evento.



Onde Baixo Memórias de Wordfast?

Pergunta o Horácio

Como fiz poucas traduções até hoje, principalmente para minha monografia da faculdade, não tenho uma memória de tradução. Onde seria possível eu obter uma memória? Ou somente com o passar do tempo eu poderei construir uma?

Você não deixou claro como fez essas traduções para a sua monografia. O Wordfast é perfeitamente capaz de trabalhar SEM uma memória de tradução, mas é um desperdício. A primeira coisa que você faz após instalar um programa de memória de tradução é criar uma memória, que o programa vai alimentando automaticamente com o trabalho que você realiza. A memória faz parte de seu patrimônio intelectual

Cada memória de tradução é definida por duas características: par de línguas e direção. Quer dizer, uma memória pode ser inglês > português, por exemplo, e essa memória só pode ser usada para traduzir do inglês para o português. A memória usada para traduzir do português para o inglês tem que ser outra. Há gente que gosta de ter várias memórias para assuntos e clientes diferentes, procedimento que não aconselho. As ferramentas de tradução assistida por computador levam em conta o contexto e, por isso, a possibilidade de confusão é nula.

Continuo insistindo que todo profissional da tradução tem que aprender a usar esses instrumentos e que o Wordfast Classic ainda é o programa mais recomendável para o principiante, tanto pelo preço como pela facilidade de uso. Se, depois, tiver de usar outro, então, use. As memórias de Wordfast são exportáveis em formato TMX, que são importáveis por todos os outros programas. Isso significa que, se você tiver de usar um outro programa, nem por isso vai perder a memória construída com o Wordfast.

Ah, respondendo à sua pergunta: eu não conheço lugar algum de onde se possam baixar memórias.

domingo, 14 de junho de 2009

Mr. Murphy não dá Trégua

Sexta, foi o computador que pifou. Ontem, foi a Telefônica que me deixou fora do ar a maior parte do dia (telefone e Speedy).

Vamos ver o que o dia de hoje me reserva. Ao menos, dormi, descanse e dei umas voltas por aí. Além disso, li toneladas de revistas sobre História em espanhol, francês e italiano.

Acho que amanhã tenho meu computador de volta e as coisas voltam ao normal. Tenho este aqui, onde estou escrevendo agora, e tenho meus backups, mas, desculpem, não é a mesma coisa.

De qualquer modo, consegui, entre sexta e hoje, postar três artigos novos no blogue. Sempre é alguma coisa. Vejam as duas respostas à Renata, uma futura tradutora cheia das dúvidas, e a nota sobre LIBRAS, abaixo.

Até amanhã.

Curso de Tradução — LIBRAS

Recebi um convite que me deixou triste. Triste, porque não vou poder ir, só por isso. Quem me conhece, sabe que ir até o RS é sempre um prazer para mim. Pena que não se possa ir de São Bernardo a Porto Alegre de metrô, no qual, dada a minha idade, nem passagem mais pago. Paciência.

O convite é para o lançamento do curso de Bacharelado em Letras: Tradução e Interpretação em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), pelo Centro Universitário Metodista (IPA). Para quem ainda não sabe, LIBRAS é a língua usada pelos deficientes auditivos brasileiros.

Segundo a mensagem da professora Elaine Indrusiak, da Coordenação de Letras:


"O curso terá duração de sete semestres e, ao menos por enquanto, teremos oferta à tarde. Isso visa atender ao grande número de intérpretes que já atuam em instituições de ensino, mas ainda não têm formação em nível superior. O curso terá várias disciplinas compartilhadas com as licenciaturas em português e inglês, permitindo trocas muito enriquecedoras entre futuros tradutores e futuros professores; outro diferencial é o fato de não nos determos apenas na Libras, mas termos muitas disciplinas de Língua Portuguesa, conferindo maior qualidade ao trabalho tradutório. A matriz curricular do curso pode ser consultada no portal do IPA (na notícia sobre os novos cursos).
"

Não sou especialista em ensino e tenho muito medo de falar sobre o que não conheço. A meu ver, entretanto, a idéia de uma carga pesada de língua portuguesa tem importância capital para qualquer curso de tradução e interpretação, não só para os de LIBRAS. Por incrível que possa parecer, vejo como o maior problema da maioria dos tradutores que conheço a falta de conhecimento de português, assunto no qual toquei mais de uma vez por aqui.


Para mais informações, entrem em contato com eles clicando aqui.


Aproveito para deixar um recado especial para a turma de LIBRAS: aqui tratamos de todos os aspectos de tradução e interpretação e a turma de LIBRAS é sempre bem-vinda, com informações ou com perguntas.


Atendendo à correção do comentário abaixo, emendei o título. O miolo do texto estava claro e acho que impediria mal-entendidos, mas o título estava dúbio, certamente.

Ainda, a resposta à Renata.

Minha experiência, é que o mercado nos mostra o caminho. Se você tiver uma formação profissional específica, por exemplo, se for médica, e quiser passar à tradução, há uma boa chance de você terminar por se especializar em tradução médica. Mas, se não for esse o caso, deixe o mercado indicar o caminho. Não dá para ter certeza de que, se você fizer um curso de tradução médica, ou jurídica ou o que seja, vá conseguir serviço nessa área. Nosso mercado é muito disperso para a gente fazer uma aposta dessas. Se começar a pintar serviço de jurídica, vá fazer o curso e atormente o professor com perguntas de toda a espécie. Foi assim que fiz eu e fez muito mais gente.


Quanto ao inglês, desde que comecei a traduzir, ouço que ele vai ser substituído como coinê. Quando veio a crise do petróleo, todos diziam que o negócio era aprender árabe. Com os milagres econômicos da Coréia e Japão, o que se dizia é que tínhamos de aprender coreano ou japonês, para não ficar para trás. Agora, é o chinês.Mas a língua internacional por excelência ainda é o inglês e, nos últimos tempos, só tem ganho terreno. A revista francesa La Recherche de Abril de 2009. (li em papel, não sei se na Internet está inteiro) tem um excelente artigo mostrando que mesmo na Europa, o inglês avança. As razões transcendem de muito os motivos econômicos e políticos a que normalmente se atribui essa preponderância e não posso me deter nelas agora.


Porém, a meu ver, a falha crucial nessas recomendações de aprender esta ou aquela língua porque seria a do futuro é desprezar o lado do prazer, interesse, satisfação: você tem interesse em cultura chinesa? Já ouviu chinês falado? Achou bonito, interessante? Já pediu para um chinês te ensinar a dizer “por favor, onde é o banheiro?”, para ver se consegue se haver com os tons e a pronúncia em geral? Porque se você acha os chineses, sua cultura e sua língua muito pouco interessantes, nem o melhor professor de mandarim deste mundo vai conseguir enfiar na tua cabeça o suficiente para uma profissional competente naquela língua e, mesmo que conseguisse, traduzir chinês ia ser uma tarefa extremamente desagradável.


Ser tradutor profissional deve ser uma festa, não uma tortura, Renata.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Problemas no blogue

Em nome meu e da Kelli peço desculpas pelos poucos artigos e pela demora em responder perguntas deixadas aqui. Recebi uma visita importante, do exterior, Mr. Murphy, e tive de dar prioridade a ele. Acho que fica aqui até a semana que vem.

Pensei que ia embora hoje, mas adiou a volta uns dias e não há muito que eu possa fazer.

Mr. Murphy não é realmente um mau sujeito, mas é meio desastrado. Hoje, por exemplo, provocou um curto circuito em meu computador principal. Ainda bem que tenho um regra três, mas regra três, como você sabe, é regra três.

Escreve a Renata.

Mensagem da Renata, com umas dúvidas que vão interessar a mais de um leitor.

Danilo, parabéns pelo seu blog. É uma iniciativa admirável manter um blog com tantas informações úteis que certamente ajuda a vida de muita gente. Eu sou estudante de Filosofia da UFRJ mas vou trancar minha matrícula neste semestre. Pretendo cursar Letras na Puc. Entrei num curso de tradução (DBB) há um mês e estou muito feliz por perceber que realmente levo jeito pra coisa. Acho o trabalho de tradução muito interessante e quero me dedicar somente a ele. Entendi pelo seu blog que inglês é a língua mais significativa no mercado, seguida de espanhol e francês, e que tradução literária e legendagem são muito procurados mas não correspondem à maior parcela do mercado e pelo jeito não são o melhor caminho para escolher como uma boa fonte de renda exclusiva. Certo? Me parece que manuais e documentos da área jurídica são a maior fatia do bolo. Você sugeriria alguma área como mais garantida para se investir? Eu poderia fazer um curso de tradução jurídica por exemplo, mas não sei até que ponto isso é o ideal considerando que eu não sei nada de Direito. Outra dúvida: o inglês é hoje a língua mais importante no mundo, por motivos econômicos e políticos, certo? Será que pode ser interessante aprender mandarim, prevendo uma mudança nesse aspecto, já que a China está crescendo e segundo alguns entendidos do assunto (eu não sou) está prestes a tomar o lugar dos EUA?

Renata, obrigado pela mensagem e descuple pelo tanto que demorou para responder. Vamos ver se me faço mais claro.

A maior parte do movimento, talvez mais de 50%, é de inglês. Por outro lado, há uma quantidade enorme de tradutores de inglês, o que significa que as chances de quem traduz inglês não são realmente maiores do que as chances de quem traduz francês ou espanhol. Existe muita gente trabalhando e vivendo e ganhando com francês, italiano, espanhol e outras línguas. O único mercado que parece ter minguado é o de alemão e vários colegas meus que traduziam praticamente só alemão, hoje estão vivendo mais do inglês do que do alemão. Mas esta é uma afirmação empírica, não tenho realmente dados que a alicercem.

Quanto ao curso de tradução jurídica, você tem toda a razão. Não se pode traduzir algo que não se entende e não é em umas poucas aulas que você ou qualquer pessoa vai aprender a destrinchar tradução jurídica. Eu pego assim, as bordas da jurídica que fazem contato com a financeira e posso dizer que é uma barra pesadíssima. Jamais teria a coragem de dizer que sou tradutor jurídico. Aliás, conheço muito poucos tradutores jurídicos realmente bons. Não quer dizer que você precise fazer um curso de direito para fazer tradução jurídica, mas precisa aprender como funcionam as engrenagens do nosso ordenamento jurídico e o ordenamento jurídico do país ou países onde se fala a língua de que você está traduzindo. Isso se pode fazer lendo, lendo furiosamente e pesquisando adoidada.

Quer dizer, para traduzir um documento jurídico do inglês para o português, você precisa entender como funcionam as coisas aqui e lá. E “lá” pode ser Inglaterra, Escócia, Estados Unidos, Canadá e Deus sabe mais o quê, porque pode te cair no colo um documento escrito em inglês, traduzido do japonês, sobre a legislação japonesa sobre as cooperativas.

Existem, aí, uns modelitos, umas formulinhas e tal, mas é o que na indústria de confecções se chama “serviço de carregação”.

Isso se aplica a todo e qualquer tipo de trabalho tradutório, inclusive o literário. Você tem que entender o original muitíssimo bem para conseguir traduzir.

Mas o fato é que o mercado te conduz, Renata. Quando peguei minha primeira tradução na área financeira, não sabia a diferença entre “ativo” e “passivo”. Tive de estudar como um doido para entender essas e outras coisas.

Quanto a línguas, respondo amanhã, que este artigo já está longo demais.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Os Perigos da Terceirização

Uma colega nossa terceirizou um trabalho e se deu mal. A pessoa contratada fez metade, a colega contratante fez algumas observações sobre qualidade, a contratada devolveu a segunda metade do trabalho sem fazer, dizendo "sou tradutor, não redator, procure outra pessoa para terminar".

Não vi o trabalho nem sei quem fez, portanto, estou analisando o problema em tese, presumindo que o relato acima seja um retrato fiel do acontecido. Se não for, pouco se perde, porque não estou mencionando nem insinuando nomes. Estou só tentando tirar alguma lição de um caso que é mais frequente do que se pensa.

A primeira regra do profissionalismo é "aceitou, tem que fazer, tem que fazer direito e tem que fazer no prazo". Só se devolve um serviço em caso de força maior (doença, luto em família, computador que pega foco, coisa assim) ou quando o serviço difere do combinado (cliente disse "mil palavras para amanhã", mas são dez mil).

O problema da qualidade é mais complicado, porque qualidade de tradução tem um elemento de subjetividade e, entre outras coisas, depende em grande da postura teórica do avaliador. Mas há certos procedimentos considerados indispensáveis: passar revisor ortográfico, conferir se nomes, números e datas estão corretos e de acordo com a praxe da língua de chegada, conferir para ver se não houve saltos. Além disso, se houver memória de tradução ou glossário, é obrigação do tradutor respeitar. Se achar que a terminologia é absolutamente inaceitável, deve se entender com o contratante. Desrespeitar de motu proprio, jamais.

Quando o comprador da tradução é intermediário, cabe a ele o dever de mandar revisar o serviço. Mas isso não dá ao tradutor o direito de não aplicar os procedimentos citados no parágrafo anterior. Revisão existe para aperfeiçoar tradução boa, não para consertar tradução ruim. Tradução ruim a gente joga fora e faz de novo, que sai mais barato.

Roxa de raiva, a colega deve pagar o tradutor, por menos profissional que o serviço lhe tenha parecido. Há quem diga que, juridicamente, não tem nada a pagar. Pode ser. Mas, do ponto de vista da estratégia, é melhor pagar, para não passar por caloteira.

Claro que esse tradutor jamais vai trabalhar de novo para nossa colega. Mas vai trabalhar para outros e vai criar os mesmos problemas. Enquanto não mudar de postura, dificilmente vai fazer carreira. Vai ficar sempre com as raspas de tacho de serviço, reclamando da profissão.

Lamentavelmente, existe mais de um lugar onde se possa reclamar de um cliente (intermediário ou cliente final) que não tenha pago, mas não há um santo lugar onde se possa postar uma mensagem reclamando de um tradutor que não tenha feito sua parte.

A gente reclama, e não se razão, que trabalhar para intermediário é grande risco. Mas intermediar não é risco menor.

Edição Extra - Socidade nova na Praça

Acabamos de ser informados que nossa colega Carol Alfaro, a musa dos legendadores, agora tem como sócia a Bianca Bold, um dos nomes mais promissores da nova geração de tradutores, de quem já falei aqui.

Quem está razoavelmente bem informado sabe que a sinergia das duas vai gerar muita coisa importante para a profissão. Esperem, que lá vem chumbo grosso.

Sucesso a ambas, que elas merecem.




domingo, 7 de junho de 2009

O Novo Trados — Vexame no Lançamento

Saiu o novo Trados. As instruções para instalação estavam erradas. Muita gente, inclusive eu, acompanhou as instruções e se deu mal. Um diretor da SDL, que produz o Trados, andou se explicando no Proz, mas não resolveu muito — pelo menos o meu problema. Alteraram o site deles às pressas, com avisos em vermelho e tudo o mais, mas a encrenca está feita.

Além disso, parece que o sistema de licenças vai dar muito o que falar. E, aviso aos navegantes, o TWB não costa do novo pacote. Quem atualizou, tem o direito de usar o TWB anda um ano. Depois, babau. Quem quiser continuar com o TWB, em vez de atualizar, tem que comprar uma licença integral do Studio.

Enfim, uma meleca de todos os demônios. Um vexame sem igual. Vai dar muito pano para mangas e (por que não dizer?) mais de um artigo aqui para o blog.

Os Principiantes

Não importa que a gente tenha um marcador "principiantes" e outro "iniciantes" aqui, levando a uma porção de artigos interssantes para quem ainda está no início: toda semana, ao menos três pessoas me escrevem perguntando como deve proceder o principiante.


De Volta

Gente, desculpem os leitores costumeiros, mas tivemos vários furacões e o blogue ficou paradão. Hoje, aprovei e respondi a vários comentários e já estou fazendo um artiguinho. Amanhã, creio, voltamos ao normal.


terça-feira, 2 de junho de 2009

Wordfast Classic e Vista e Office 2007

Para quem ainda tem alguma dúvida, WF Classic funciona perfeitamente bem com qualquer MSWord de 2000 para cima (tem gente usando dom 98) e com qualquer Windows. 

A apostila oferecida no Site da Aulavox também funciona perfeitamente com o Vista. 

Nos Word mais novos, é só clicar em 'suplementos" que a barra do Wordfast Classic aparece direitinho e o programa funciona magnificamente bem.

Nada tendes a temer.