Mudamos para www.tradutorprofissional.com

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Comentário ao comentário: andei fazendo umas contas

Uma colega escreveu indignada com os clientes que não querem pagar os espaços. Eu já me indignei muito e, em outras eras, tive o apelido de “estopim”, porque partia para a confrontação à menor oportunidade. Não sei se a idade me tornou mais sábio ou mais covarde, mas o fato é que hoje me irrito muito menos que antes e achei uma série de meios de evitar os arranca-rabos com clientes que já fizeram parte integrante do meu dia-a-dia.

Então, fiz umas contas. Peguei um texto em inglês e sua tradução em português, feita por mim. Poderia ter pegado vários, para uma amostra maior. Se o assunto interessar a você, pode reconferir meus cálculos e mandar um comentário sobre eles. Dependendo do seu jeito de traduzir e dos textos que você traduz, os resultados talvez sejam diferentes.

Vamos lá, aos meus resultados:

O texto original em inglês tinha
• 10.553 palavras
• 61.133 caracteres, sem espaços
• 71.062 caracteres, com espaços

A tradução em português tinha
• 11.758 palavras
• 67.038 caracteres, sem espaços
• 78.226 caracteres, com espaços

Daí, podemos tirar uma porção de conclusões. Vou me limitar a umas poucas. Você pode tirar as suas e iniciarmos aqui uma boa discussão sobre quantificação de trabalho.

A primeira é que, na tradução, o texto cresceu cerca de 11%. Digamos que sua tarifa seja 10 centavos por palavra do original inglês. Nesse caso, numa cotação baseada no número de palavras da tradução portuguesa, para ganhar o mesmo, você deveria cobrar 9 centavos. Certo? Quer dizer, 10.553 palavras em inglês a R$ 0.10, dariam R$ 1.055,30. O mesmo texto, traduzido, daria 11.758 palavras em português, que, a R$ 0,09, dariam R$ 1.058,22. Praticamente o mesmo.

Quanto ao com/sem espaços, a história é um pouco diferente. A diferença entre “com” e “sem” é de aproximadamente 15%. Então, se eu cobrasse por número de caracteres, estabeleceria um valor para o “sem espaços”. Digamos, para fazer conta redonda, que eu cobrasse R$ 10 reais por mil caracteres, com espaços. Então, o valor para “sem espaços” seria aprocimadamente R$ 11,50. Quando o cliente perguntasse o valor, a resposta seria “R$ 11,50 por mil caracteres, mas não cobramos os espaços. Caso o senhor prefira pagar os espaços, há um desconto de 15% sobre essa taxa”. “Caso o senhor prefira” e “há um desconto” são expressões que granjeiam a voa vontade do cliente e, neste caso, podem ser usadas sem risco de perder o dinheiro.

Por hoje chega, amanhã tem mais.

2 comentários:

Anônimo disse...

Afinal,nãoestamosescrevendoemjaponês.Játraduzium livroemquetinahumestestedepalavrasemendadasparamostrarquesomoscapazesdeentender.Masoespaçoébomporqueagilizaaleitura,concorda?
Stella

Anônimo disse...

Mas quando a supressão dos espaços é imposição da editora, que se pode fazer? 30 toques x 72 linhas, espaços não incluídos: ná verdade, são mais de 2400 toques por lauda, e não 2160. O tradutor tem a ilusão de que aquela editora paga mais, mas não paga.
Stella Machado

PS.Peço a fineza de não publicar, já que o assunto foi abordado.