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terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Vida de tradutor

Um dos dogmas básicos do setor de traduções, em nível internacional, é que todos traduzem exclusivamente para sua própria língua. As grandes agências americanas e européias, que formam um bloco de elite com grande influência sobre o que sucede na profissão, jamais nos pedem serviços de “versão” – ou, ao menos, é o que dizem.

Enquanto trabalhava basicamente para clientes brasileiros, eu fazia muito serviço para o inglês. Acho que até mais para o inglês que para o português. De repente, minha vida deu uma virada e comecei a ter cada vez mais clientes no exterior. Por isso, a participação do “para inglês” no meu trabalho foi caindo e houve meses em que não “verti” uma só palavra.

Ontem, entretanto, liga esbaforida uma agência cliente antiga, lá de Nova York. Tinha um apaga-fogo para mim e começou por dar graças a Deus de ter me encontrado em casa. Havia um porém, entretanto: tratava-se de uma tradução para o inglês. Simplesmente, não tinham conseguido ninguém, na carteira de prestadores de serviço deles, que entendesse português brasileiro o suficiente e estivesse disponível para encarar o serviço no prazo desejado. Então, como vocês sabem, não tem tu, vai tu mesmo, e ligaram para mim, cheios de desculpas e justificações.

Contaram uma história de que meu inglês ia ser revisado por um americano e tal, mas era mentira, como eu logo descobri. Meu serviço foi remetido diretamente para o cliente, com casca e tudo, entre outras coisas, porque não havia tempo para revisões.

Moral da história: como diz o marinheiro, em dia de tempestade, todo porto é amigo.

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