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sábado, 9 de dezembro de 2006

Tradução e música

Hoje, na “Reunião na Sala 7” que a Aulavox nos permite realizar grátis uma vez por mês e onde ficamos um tempo falando sobre assuntos profissionais e, entre outras coisas, mal dos ausentes, um colega perguntou, assim, muito genericamente, se havia alguma relação entre tradução e música.

Acho que sim. Sou doido por música, se é que alguém ainda não sabe disso, e um daqueles chatos que distinguem Bruch de Bruckner e sabem que nenhum dos dois tem coisa alguma que ver com Buxtehude. Para mim, traduzir é o mesmo que tocar um instrumento musical. Emil Gilels toca piano, eu toco computador e pronto. Vejam que a terminologia inclusive tem muito em comum. O pianista interpreta Beethoven, por exemplo. E nossos bons amigos Vinay e Darbelnet falam em transposição e em modulação. O original é a partitura, a nossa tradução é a gravação. Há bons intérpretes de Chopin como há bons intérpretes de medicina ou veterinária.

O intérprete de música clássica toca rigorosamente o que está na partitura, ao contrário do que acontece na música popular, onde se tem mais liberdade. Mas você pega duas interpretações da mesma peça musical, por dois musicistas diferentes, tocando exatamente as mesmas notas, e vai ver que não são a mesma coisa. E mesmo se você pegar duas interpretações da mesma peça, pelo mesmo executante, em data diferentes, também vai notar diferença. Igualzinho ao que acontece com tradução.

Por hoje, é só. Até amanhã.

Um comentário:

Anônimo disse...

Danilo,
Enviei seu texto, devidamente creditado e com seu nome logo abaixo do título, a diversos amigos que lidam com música ou com tradução. Enviei-o também para Artur da Távola.
Espero não ter violado nenhum direito seu, por se tratar de um blog de caesso livre. Se agi de maneira incorreta, ou imcompleta, pode puxar-me as orelhas. Afinal, fiquei entusiasmada e nem lhe pedi permissão.
Stella Machado.