Problema sério levantado por uma colega do Orkut. Mas é um problema comum e, por isso, estou analisando aqui. Como a resposta não é específica para ela, estou generalizando vários pontos. Não analisei a tradução da colega, não teria como, porque é numa área que não conheço e, mesmo que tivesse como, não iria analisar. Meu objetivo, aqui, é discutir o problema in genere. Portanto, o que eu digo aqui não vai necessariamente refletir o caso dela em todos os pormenores.
Em resumo, a tradutora fez um serviço para uma agência, a agência mandou para o cliente final. Tempos depois, a agência disse que o cliente tinha devolvido a tradução, com mil alterações, alegado que o serviço estava mal feito e se recusado a pagar. Como prova, entregou à tradutora um arquivo cheio de alterações. A tradutora alega que as alterações na melhor das hipóteses, trocam seis por meia dúzia e, na pior, introduzem erros na tradução dela.
A agência, nesses casos, não dá sua opinião: se o cliente diz que está ruim, então está ruim. Nesse momento, a agência abandona sua trombeteada condição de especialistas em línguas (que muitas vezes inclusive se irrita com o nome "agência", dizendo que não são agências, mas sim empresas de prestação de serviços lingüísticos ou que raio seja e se reduz a humilde posição de repassadora de serviços, quer dizer, de agência, no pior dos sentidos da palavra.
A primeira coisa a lembrar é que meu cliente é a agência. O cliente final é o cliente da agência, não meu. Prova disso é que eu faturo a agência, não o cliente. Em qualquer momento do processo, a agência vai objetar a qualquer contato entre tradutor e cliente final: o cliente é deles, não meu e, por isso, não temos o direito ao contato. Mas quando dá problema, então o cliente passa a ser também do tradutor.
O serviço entregue pela agência é o serviço da agência, não o meu. Cabe à agência pagar a mim, porque foi a eles que prestei o serviço.
A tática da agência, evidentemente, é evadir essa responsabilidade e dizer "pois é, você tem razão, mas o cliente não quer pagar...". Se você tem um pedido da agência – e deveria ter, porque não se faz serviço sem pedido – pode ingressar em juízo contra eles. Se deu nota fiscal – e deveria ter dado, porque "serviço por fora" é sempre prenúncio de confusão – pode pedir ajuda a seu contador para fazer o protesto como cabe.
Se o serviço tiver sido apropriadamente formalizado, não é necessário nem fazer nada: só ameaçar já é suficiente.
Com a ameaça é possível que essa agência nunca mais te dê serviço, certo? Mas, pense bem, você quer mesmo trabalhar para essa gente, sabendo que pode receber ou não?
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