De vez em quando alguém pergunta se já sabe inglês (ou espanhol, ou francês, ou alemão ou o que seja) para ser tradutor, às vezes adicionando que está no talgésimo estágio de uma determinada escola, ou que tem o certificado disto ou daquilo.
As escolas que conheço se dividem em duas categorias: as que se preocupam muito mais com conversação do que com a língua escrita, que, no fim das contas, é a base do trabalho do tradutor de texto, e as que dão alguma base da língua escrita, mas se atêm fundamentalmente, ao "bom inglês" ("bom francês…"), ao passo que o tradutor de texto lida com um pouco de tudo e muito pouco "do bom".
Isso significa que, independentemente de qualgésimo ano, semestre, estágio ou o que seja, que você esteja freqüentando, em qualquer escola, precisa suplementar seus conhecimentos lendo, lendo, lendo, compulsiva e desesperadamente, textos de todos os tipos, desde trechos da Bíblia até bula de remédio, desde obras de arte até obras de lixo. Aos poucos, como profissional, você vai afunilar suas leituras para dois canais: o canal do que você lê por prazer e o canal do que você lê por dever. Mas, até chegar lá, quanto mais variado for o prato, melhor.
Se você pretende se dedicar à tradução da língua falada (simultânea, dublagem, legendagem) aprenda, também a ouvir e entender o "mal falado". Não adianta aprender a falar inglês com pronúncia que engane os próprios nativos se não for capaz de entender o inglês de um chinês gago ou de um alemão bêbado. Mesmo os "falantes nativos" têm uma variedade de acentos extraordinária. A BBC escocesa tem uma séries num escocês muito diluído, para consumo externo, que deixam muita gente boa com cara de ponto de interrogação. Para não falar nos galeses, australianos e o que mais seja. Entender somente inglês de locutor da CNN não resolve nada
Mas o pior é que nenhuma dessas escolas ensina português. E, fundamentalmente, é português que você vai escrever. O que se encontra de mensagens de gente querendo saber como entrar para o mercado de tradução, diz que sabe inglês (francês, espanhol...) e o escambau, mas não conhece a diferença entre a, à, há e ah e me sai com uns "estudo inglês a dez anos" que dão dó é uma barbaridade. Fora os que dizem que na sua faculdade haviam bons professores – o que certamente não deve ter incluído o professor de português. Quer dizer, uma boa conversa com uma gramática não faz mal a ninguém. Principalmente a quem quer ser tradutor na vida.
Até amanhã. Agora, voltei mesmo.
sábado, 24 de fevereiro de 2007
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