Já contei aqui umas histórias em que me dei mal. Agora, vou contar uma em que me sai bem. Que diabo, tem dia que nosso time perde, mas também tem dia que dá de goleada.
Eram dois textos sobre ética empresarial, bastante simples, ambos simples, ambos vinham com a assinatura de sua divindade absoluta o President and CEO da empresa. Traduzi, devolvi. Uma semana depois, o cliente, uma agência americana, devolveu os textos com uma raspança: um advogado da empresa, no Brasil, tinha considerada a tradução useless. Calma lá, que estamos todos com muita pressa. Achar erro em tradução minha é possível, achar que alguma coisa poderia ser dita de outra maneira, é igualmente possível. Mas dizer que um serviço meu não serve para nada, já é um tanto de exagero.
Fui ver, o advogado tinha praticamente reescrito todo o texto. Escrito outro texto. Provar isso a um cliente americano que não sabe português, é difícil. Mas São Jerônimo estava de plantão e percebi que o advogado tinha feito uma adição longa e uns tantos cortes facilmente identificáveis. Coisas como nomes próprios e números, por exemplo; Aí, então devolvi para a agência, com um comentário em estilo educadíssimo, que vou reproduzir de memória e, claro, em português, porque nem todos aqui entenderão inglês. Mais ou menos o seguinte:
Muito obrigado pela oportunidade de tomar conhecimento dos comentários feitos à minha tradução. Gostaria de destacar que o comentarista, ao dizer que a tradução era inútil, não quis dizer que meu serviço estava mal feito, mas sim que o texto que lhe foi entregue era inútil. Tanto que as informações contidas no texto comentado diferem das informações contidas no original. Pode-se notar, por exemplo, o parágrafo X, que tem tal e tal coisa que o original não menciona, bem como o parágrafo Y do original, que foi de todo omitido no texto comentado.
Em outras palavras, o comentarista acha que o original é inútil, presta informações que não deveria prestar e deixa de prestar informações que deveria. Não cabe a mim opinar sobre afirmações desse tipo. O texto vinha assinado pelo Presidente e Diretor Executivo da empresa e não me parecia que me coubesse o direito de alterar o que quer que ele tenha dito.
Não sei em que deu a história, mas acho que não ficou muito boa para o advogado enxerido.
Agora chega. Volte amanhã que temos algo de sério para dizer.
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