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quinta-feira, 15 de março de 2007

As cinco habilidades

Tradutores precisam dominar cinco habilidades fundamentais e, parece, com esta afirmação estou iniciando mais uma de minhas novelinhas.

Presume-se, primeiro, que o tradutor tenha a capacidade de ler a língua de partida, quer dizer, a língua de que traduz. De modo geral, a língua de partida é uma língua estrangeira. O conhecimento necessário para traduzir é muito mais amplo do que o conhecimento neessário para se virar nas férias ou para ler o jornal. Quando você se põe a traduzir e, principalmente, quando vê sua tradução analisada por alguém, é que nota quanto passava por cima de mil pormenores e matizes daquele livro que parecia ter lido e entendendo perfeitamente.

Preume-se, em segundo lugar que o tradutor tenha a capacidade de escrever a língua de chegada, a língua para a qual traduz, que costuma ser sua própria língua materna. Aqui, também, o conhecimento necessário de longe ultrapassa o que seria necessário para as atividades normais e mesmo para atividades especiais, como escrever literatura. O literato escreve o que que quer, o tradutor escreve o que os outros querem, o que é uma exigência diferente. Nem de longe quero dizer que o tradutor seja superior ao escritor. Essa coisa de "superior" e "inferior" é meio idiota. O escritor precisa ter um tipo de criatividade diferente daquela esperada do tradutor, por exemplo e ficar fazendo essas comparações é desperdício de tempo.

A maioria dos tradutores e candidatos a tradutor investe muito tempo e esforço no aprendizado de uma língua estrangeira. Poucos se preocupam o suficiente com sua própria língua. É constrangedora a quantidade de mensagens que recebo começando assim: estudo inglês ***a*** dez anos. Deveria ter gasto um par de semanas a estudar português, também, pelo menos para apender a diferença entre "a" e "há".

Na Europa e na América do Norte, a exigência de boa redação na língua de chegada é tão grande, que só em raríssimos casos se admite que alguém traduza para uma língua estrangeira. Quer dizer, lá, não se faz "versão", sob a alegação de que ninguém domina uma língua estrangeira a ponto de a ter como língua de chegada.

O problema é que nem mesmo os nativos, muitas vezes, sabem o suficiente. A turma se esforça tanto para dominar uma língua estrangeira, que acaba escrevendo sua própria língua "com sotaque". Dá pena ver como tantos tradutores escrevem textos originais, cheios de estrangeirismos sintáticos. Imagino quando estão traduzindo. Não é só aqui. Há anos, me pediram para examinar umas traduções do português feitas por um inglês. Até eu, que sou brasileiro, encontrava o tupiniquinglish no texto dele. Livrar-se da contaminação é um dos maiores problemas do tradutor. Mas essa e outras questões ficam para amanhã, porque, por hoje, é só.

19 comentários:

Anônimo disse...

Danilo:
Sempre gosto de comentar, quando me perguntam, que o tradutor precisa de duas ferramentas especiais: bagagem e malícia.
Além da própria língua, há que se ter cultura geral e atualização, gostar de ler -- e em outras línguas também, por que não? --, dar atenção á arte, e muitas outras coisas que a gente vai descobrindo.
Malícia para não escorregar, como alguém que traduziu "the Ark of Covenant" por Arco (sic!) do Pacto (duplo sic). Engasguei. Decálogo por Dez Palavras... Vai ler a Bíblia gente! É fonte de cultura.
Um dia destes vi um texto junguiano em inglês onde surgia uma expressão muito conhecida entre os junguianos: Holy Wedding. Tudo bem pq estava em inglês. Quantos se animariam a descobrir que em português a tradução é Hierogamia?
Se eu fosse contar...
Stella Machado

Anônimo disse...

Concordo com a Stella; cultura geral (e específica também, por que não?) é algo que não faz mal a ninguém, e é indispensável para os tradutores. Essa da Arca foi demais...

Um abraço,

Cristine Martin

Anônimo disse...

Cristine,
Já reparou que, quando a gente começa a traduzir, logo desperta o interesse por quase todos os assuntos? De repente, um deles pode cair nas nossas mãos.
Lembrei outra sobre a Arca da Aliança: Arca de Covenant. Seria alguma cidade do Reino Unido?...
E "the Day of Judgement", que muitos esquecem ser o Juízo Final?
Eu sou muito curiosa e intransigente comigo mesmo. Quando desconfio, procuro até achar. Mal comparando, chego a parecer um porco "fuçando"...
Stella

Anônimo disse...

A questão de conhecer a língua materna é realmente primordial. Pude perceber isso no convívio com revisões de tradução. São absurdos os erros de português encontrados em certas traduções, ainda mais em textos de tradutores de primeira viagem. Muitas vezes percebe-se que o tradutor teve uma boa percepção, o que demonstra seu conhecimento na língua extrangeira; mas, na maioria delas, é apresentada grande dificuldade de desverbalização.
Diante da prática tradutória, nada vale ter pleno conhecimento da língua extrangeira (se é que existe essa possibilidade) sem ter segurança lingüística primeiramente na língua fonte.

Anônimo disse...

Danilo:

Acredito que os tradutores tenham preguiça de estudar uma língua que supostamente já conhecem o suficiente. Ficam na ansiedade de estudar algo novo, diferente. Mas não tiro sua razão. Saber a língua materna em detalhes é essencial para uma atividade como esta.

Anônimo disse...

Nenhum tradutor é perfeito pelo fato de nossa comunicação não ser.
Nossa língua cada dia vai ficando p/ traz e os próprios tradutores se preoculpa mais em saber a língua a ser traduzida do q a língua mãe q é muito importante.

Kelly ariane
tradutor 1°ano
Unasp

Anônimo disse...

Olá Danilo.
Na Minha opinião a maior abilidade do tradutor é gostar do que faz,estar sempre tentando melhorar o seu trabalho.

Nome: Fernanda Da Silva Monteiro.
Curso:Tradutor.
Ra:0062441

Anônimo disse...

Tradutor tem que estudar bastante o idioma que deseja falar e também tem que estudar bastante a sua própria língua,para não acontecer erros graves,ou contaminar a lingua lingua na hora de fazer a tradução.

Curso:Tradutor e interprete
Vanessi Araujo Ferraz de Campos
RA:0041301

Anônimo disse...

Gostei do texto e estou de acordo, pois muitos tradutores acham que só falar o inglês acreditam no direito de traduzir e nem ao menos revisar, para saber se a sua própria língua foi escrita da maneira correta, isto acaba mostrando textos incoerentes, sem pontuação, e a literalidade.

Tradutores que se prezem devem gostar do que faz e quando fizer colocar todas as habilidades exigidas dele mesmo, para se ter um bom trabalho e de qualidade.

Anônimo disse...

Estudei o segundo grau fora do Brasil, não tenho um português bom,agora devo de dedicar-me não só ao inglês que quero aperfeiçoar, mas também ao português que ficou "perdido".Será uma tarefa e tanto!
um abraço.

Anônimo disse...

Gostei muito das observações feitas no texto.
Eu acho que nas faculdades de formação na área de tradução deveriam investir mais nas disciplinas de redação, assim como se é exigido no exterior. Ainda mais quando pensamos nas dificuldades com as quais nos deparamos ao escrevermos em português.

Anônimo disse...

Danilo,
Aprendemos muito sobre isso no semestre passado. Assim como não adianta dizer-se Tradutor se você não conseguir ler e compreender muito bem na lingua meta, muito menos se você não puder fazê-lo na língua alvo.
Saber língua materna é primordial e deve estra no topo da lista de prioridades do tradutor.
Também concordo com as meninas, Stella e Cristine e ri bastante das gafes...rs
Agora, Danilo, continuamos esperando o final da novela... mas o começo já foi show!

Anônimo disse...

UAU! Essa foi demais!
É bem verdade que vez ou outra escrevemos e não corrigimos, principalmente na internet, e nem nos damos conta de que erramos isso ou aquilo. Por outro lado é termos a petulância de fazer uma tradução correndo, ou simplesmente não revisarmos o que escrevemos. As Cinco Habilidades são um tapa com luva de pelica para os tradutores que estão começando, e até mesmo para os que "acham" que são bons tradutores (e porque não) para darmos tanto valor a lingua de chegada como a de partida.
Ambas, apesar de suas infinitas discussões sobre a falta de comunicação entre elas, são importantes.

Anônimo disse...

Acredito que conhecer a língua materna é o mais importante, pois não adianta nada saber bem a língua inglesa e fazer feio na hora de traduzir ou interpretar. Ter uma boa percepção e desverbalização são coisas mais simples do que reverbalizar.

Anônimo disse...

Infelizmente existem muitos brasileiros que se importam mais com línguas estrangeiras do que com sua própria língua.Conheci muitos colegas que sempre permaneciam nos níveis mais avançados de Inglês e na sua própria língua não conseguiam tirar uma nota que chegasse aos pés da que tinham em inglês.Infelizmente, quando eu ainda estava no ensino médio a escrita de minha própria língua nunca foi muito bem cobrada, o que eu acho totalmente incorreto, pois o essencial é saber falar, escrever e usar bem sua língua materna.

Anônimo disse...

Só pude compreender a importância das disciplinas de língua portuguesa, dentro do curso de tradução, depois do segundo ano de faculdade. Antes disso, julgava um desperdício ter mais de 50% das disciplinas relacionadas ao português e sempre ficava apreensiva com as leituras que nos eram impostas. Felizmente esse conceito mudou e hoje posso concordar com o que descreveu neste texto. É uma pena que as faculdades brasileiras ainda não têm dado o devido valor à prática de redação na língua de chegada, como em outros países, mas acredito que isso em breve mudará, é só uma questão de tempo, pois a preocupação com a qualidade das traduções tem aumentado a cada dia.

Alexys SouL4PraisE disse...

É coerente dizer que realmente, o "Domínio da preguiça" é a habilidade implícita que é a mais difícil de se aflorar!

Alex Moura
RA: 0062421

tatydias disse...

Em primeira mão como todos nós já ouvimos muitas vezes que é essencial sabermos muito bem nossa língua materna, para depois querermos meter a traduzir outra, se não nem nós mesmos entenderemos nossa própria tradução..assim portanto todos os tradutores tem que estudar muito bem o português...para que possa fazer boas traduções..e assim poder transmití-las com clareza,sem erros absurdos...que envergonhem nossa profissão.

Anônimo disse...

Danilo esse texto é de grande importância para nós que estamos iniciando o curso; é também pra os demais tradutores, que muitas vezes pensam que não precisam saber mais nada...ou o que já sabem é o suficiente.
Eu mesma me enquadrei neste texto; porque sempre gostei de línguas estrangeiras, e muitas vezes procurava estudar e aprender mais que minha própria língua; agora posso enteder que é de extrema importancia conhecer totalmete a língua materna; e assim evitar constrangimentos futuros com a tradução.

Elisangela - turma de tradutor e intérprete.
R.A: 0005719