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terça-feira, 11 de março de 2008

Combinar, a gente combina antes

Já faz tempo que não encontro o Tércio. O Tércio tem trauma de tradução. Há muitos anos, quando nós dois andávamos desempregados, alguém pediu a ele uma tradução. Você faz para mim? Eu não sei nada de inglês. Depois você me diz quanto é.

O Tércio fez, caprichadinho. Fez a mão, bateu a limpo na máquina de escrever portátil que tinha em casa (estou dizendo que a historia é velha). Caprichou como pode, leu releu, revisou e trevisou. Foi encontrar o amigo para entregar. Chegou lá, o amigo, todo sorridente, disse Terminou, que bom! Estava esperando. Quanto é?

O Tércio tinha coçado a cabeça para determinar o preço. Pesou e mediu mil fatores, até que chegou a um valor que lhe pareceu justo.

Não me lembro quanto era e nem faz diferença, porque era ainda coisa de cruzeiros e ninguém mais sabe o que isso significa. Mas ele deu lá o preço dele e o amigo respondeu, na lata: Muito caro, não quero. Virou as costas e foi embora, deixando o coitado do Tércio com a tradução na mão e se sentido um perfeito idiota.

Tinha cometido um erro fatal, que muitos iniciantes cometem. Muitos de nós, principalmente os principiantes, se sentem constrangidos quando temos de cotar preço é adiamos a hora o máximo. Quando você entrega o serviço, não tem mais como adiar: aí precisa dizer mesmo. E, por mais justo ou camarada que você considere o preço, quem pediu pode achar um absurdo, um roubo. Ou pode achar que, para ele, não compensa.

Então, a gente combina. Combinar, combina-se antes, quer dizer, antes de começar. Não se pode combinar depois de pronto. Primeiro combina, quer dizer, você diz quanto vai custar e o cliente diz que concorda em pagar, e, depois, você começa.

Jamais traduza uma linha, uma que seja, sem antes ter a aprovação do cliente para o preço. Se for pessoa física, diga que vai dar uma olhada no serviço em casa e passa a cotação via e-mail. E escreva uma mensagenzinha assim Oi, Beta, a tradução das páginas 10-17 do livro "Teeth -Brushing Techniques for Quadriplegic Hens" vai custar R$ X, que eu espero receber contra a entrega da tradução. Entrego a tradução pronta 10 dias depois de você me responder este e-mail dizendo que está de acordo com o preço. Obrigado pelo interesse pelos meus serviços e um beijo.

Quanto mais amigo, bacana, legal, gente fina, "cool", quase uma irmã for a pessoa, maior é a necessidade de sermos formais e profissionais. Se você um dia encontrar o Tércio por aí, ele vai concordar.

3 comentários:

robertobech disse...

Não falei que ia passar a comentar os posts? :-)

Gostei da idéia do "entrego o trabalho dez dias depois de você responder este email", obrigado pela dica.

Anônimo disse...

Oi Danilo,
Só não entendo bem como você consegue marcar esses 10 dia. Só consigo imaginar isso com um sistema de "reserva de tempo" que pode ser uma grande furada cada vez que o cliente disser "ah, nesse meio tempo achei quem faça por menos". O cliente pede hoje, você avalia que precisa de 10 dias. Você não sabe quando ele vai se dignar a confimar. Ele confirma no dia 20 e espera ter pronto no dia 30. Um pouquinho antes outro cliente confirmou um trabalho legal e você faz um "encaixe" das Tooth-brushing techniques? Entendeu. Eu sempre digo que a data de entrega fica sujeita à disponibilidade da tradutora no momento que o cliente der o aceite definitivo. Aí eu sento, olho em volto da escrivaninha e no diretório de attachments e na minha planilha de INs e OUTs (e na agenda social, e avalio se estou precisando por o sono em dia) e só aí marco a data definitiva.
Beijo,
Raquel

Anônimo disse...

como dizem aqui na minha terra, "o combinado não é caro". é isso aí.