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quinta-feira, 5 de março de 2009

Professores e tradutores 2/3

Hoje, o segundo capítulo da mensagem da professora Vera Menezes.

Bem, eu achei uma solução maravilhosa para resolver meu problema com os resumos de amigos queridos a quem não posso dizer "não". Antigamente eu passava horas debruçada em cima dos resumos e, muitas vezes, o texto em português não era claro, o que me dava mais trabalho ainda.

É uma pena que você ache impossível dizer "não", Vera. Eu acho imprescindível aprender a dizer "não" com facilidade e um sorriso nos lábios.

O ter de passar horas em cima de resumos mal escritos é horrível e nos dá mais uma medida da dificuldade de traduzir do português para o inglês. Não é que eles escrevam tão bem assim, porém a maioria dos textos que nos vêm de lá passou pela mão de revisores profissionais, que, ao menos, tiraram o mais grosso das esquisitices, ao passo que aqui, os textos que nos mandam vêm co casca e tudo. A turma pensa que para ser tradutor de e para o inglês só precisa saber muito inglês. Precisa, mas não é o suficiente. Precisa saber ainda mais português, para escrever direito no estilo dos outros e, quando se traduz para o inglês, precisa, muitas vezes ser mágico para entender o original.


Os tradutores literários acham difícil traduzir obras de grandes autores, porque nunca tiverem que quebrar a cara decifrando os crimes contra a língua pátria cometidos pelo pessoal da indústria e comércio, pelos advogados, pelo pessoal do governo. No tempo em que eu traduzia muito para o inglês, era comum ligar para o cliente e perguntar que demônio significava uma frase, para descobrir que nem o redator entendia. A reação mais comum era "mas você só tem que traduzir, meu!". Como se fosse possível traduzir sem entender.

Sabem o que faço agora? Pago a uma amiga tradutora que mora no Rio Grande do Sul para fazer minha tarefa e assim eu não deixo os amigos tristes. O preço dela é muito bom e eu, apesar de morar em BH, faço o deposito online e resolvo o problema sem sair de casa. Os amigos nem sabem que faço isso e espero que não fiquem sabendo por esta lista. Traduzir é coisa para profissional e acho que vale a pena pagar por isso. Assim pago com prazer e presenteio os amigos que me pedem o favor sem que eles saibam que paguei por eles. Afinal alguém que termina uma tese merece esse carinho, não é mesmo? Isso tudo foi para dizer que Heloisa tem toda a razão. Mas quem pediu o favor também não merece pedras. Provavelmente não sabia como é trabalhosa essa tarefa


O prejuízo menor — entendendo-se que a Vera seja uma mulher ocupada, o que deve ser — é realmente pagar para que alguém faça. Bom saber que ela acha que vale a pena pagar um tradutor e que vale a pena oferecer o presente de uma boa tradução aos amigos. Pena que eles não saibam que é ela quem paga. Mas, enfim, como dizia meu pai, cada um cai do bonde como quer.


(Amanhã, o finzinho, não perca!)

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