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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

De volta aos calotes

Parece que certas conversas pipocam sempre em vários lugares ao mesmo tempo. Em diversos ciberpontos de encontro de tradutores de que participo, seja ativamente, seja como observador, esta semana apareceram discussões sobre calote.

Calotes há, sim, na nossa profissão como em todas as outras. O que me surpreende, entretanto, é que algumas das mensagens fazem parecer que o mundo em que vivemos não tem lei nem ordem e que nossos clientes não passam de um bando de canalhas que só nos pagam na marra. Talvez um pouco do que eu chamo de "coitadinização profissional", aquele hábito para mim intragável de choramingar que nossa profissão é horrível e que melhor seria ser faxineira que tradutora, que somos todos uns coitadinhos, pobrezinhos de nós.

Na verdade, a grande maioria dos clientes paga em dia. Alguns pagam com pequenos atrasos e muito poucos pagam com grandes atrasos ou nos passam calotes. Lamentavelmente, é o atrasado que aparece mais, o que dá a falsa impressão de que temos de andar eternamente com a faca entre os dentes, uma pistola em cada mão e uma espada na outra, em perpétua guerra contra as forças do mal, personificadas por nossos clientes.

O assunto é longo e volto a ele amanhã.

2 comentários:

Lorena S. P. Leandro disse...

Acho que isso é conseqüência (eu ainda gosto do trema) do medo dos tradutores e, muitas vezes, da falta de experiência. E também da descrença no ser humano, né... Por que vão me pagar certinho quando é tão fácil me dar o calote?
Mas se for para prevenir, eu escolho andar com uma espada Jedi!

Anônimo disse...

Eu fiz uma conta reveladora há uns 5 anos, numa mudança de endereço. Achei que era a oportunidade perfeita para jogar no lixo algumas traduções juramentadas que o cliente simplesmente jamais foi retirar. Total do horrível calote: coisa de R$ 300,00 a R$ 400,00 ao longo de 15 anos no mesmo endereço. Supondo 11 meses de trabalho no ano, isso dá coisa de R$ 0,10 por dia útil! Minha conclusão: cliente paga, sim!

Raquel Schaitza