É com grande satisfação que publicamos um texto de nosso colega Guilherme da Silva Braga com informações claras e objetivas sobre o novo dicionário Houaiss. Agradeço a ele o privilégio da publicação e tenho certeza de que você vai gostar. ______________________________________________________________________
Cuidado com o novo Houaiss![i]
Guilherme da Silva Braga[ii]
Porto Alegre, 8 de outubro de 2009.
Muita gente deve estar saudando o recente lançamento do novo Dicionário Houaiss da língua portuguesa, atualizado segundo os critérios estabelecidos pelo recente acordo ortográfico, como uma solução muito bem-vinda aos problemas levantados pela reforma e agravados ainda mais pela inaptidão demonstrada pela Academia Brasileira de Letras, que publicou um Vocabulário Ortográfico cheio de erros e falhas, elaborado às pressas e de qualquer jeito com fins unicamente monetários[iii].
Infelizmente não é bem assim.
Quase comprei o dicionário assim que o vi, pois acreditei tratar-se de uma versão atualizada do antigo dicionário Houaiss – mas por sorte li algumas informações que começaram a circular pela internet segundo as quais a nova edição do Houaiss não seria tão completa quanto a anterior, embora tivesse o mesmo nome.
Na tentativa de esclarecer a situação – pois eu só teria interesse na nova edição se esta fosse de fato uma atualização integral do Houaiss que eu já conhecia –, fiz uma consulta ao site da Editora Objetiva, mas os dados apresentados por lá servem mais para confundir do que para esclarecer. Aliás, são tantos os dados referentes ao novo Houaiss apresentados de forma confusa que é quase impossível não suspeitar que, ao menos em parte, a confusão seja proposital, como se verá mais adiante.
Segundo a editora Objetiva informa em seu site, o antigo Dicionário Houaiss da língua portuguesa[iv] traz
+ de 228 mil verbetes
+ de 380 mil definições
+ de 3.000 páginas
+ de 90% de caracteres do que os demais dicionários[v]
enquanto à nova edição de seu homônimo, o Dicionário Houaiss da língua português contém
2.048 páginas
Mais de 442 mil entradas, locuções e acepções[vi]
A primeira coisa que me chamou a atenção foram as quase mil páginas a menos da nova edição.
A segunda, mais sutil, foi o fato de a primeira página fornecer dados separados relativos ao número de verbetes e definições da antiga edição, enquanto a segunda traz números aparentemente somados (?) relativos a entradas, locuções e acepções da nova – o que já de saída impossibilita a comparação entre uma edição e a outra.
Se entendermos “verbete” como sinônimo de “entrada” e “definição” como sinônimo de “acepção”, contudo, é possível chegar a um número aproximado relativo à edição antiga: basta somar os “+ de 228 mil verbetes” às “+ de 380 mil definições” e chegamos a “+ de 608 mil verbetes e definições”, ou, como a página sobre a nova edição prefere, “mais de 608 mil entradas e acepções”. Se esse raciocínio estivesse correto, bastaria para demonstrar que a nova edição é bem menor do que a segunda – cerca de 27% menor, e isso sem levar em conta omissão de locuções.
Vale a pena notar como, neste caso, os dados “mais de 228 mil verbetes” e “mais de 380 mil definições” indicados na antiga edição poderiam ser apresentados de modo muito mais impressionante como “mais de 608 mil entradas e acepções” segundo o método usado para a divulgação da nova edição sem incremento algum de conteúdo, bastando, para tal, saber mexer com os números do jeito certo.
Confuso, resolvi entrar em contato com a editora Objetiva para tentar esclarecer o assunto. Enviei três emails e nenhum deles foi respondido. Fiquei sabendo de outros colegas que tentaram o mesmo expediente e tiveram a mesma sorte, ou antes o mesmo azar: a editora simplesmente não se manifesta a este respeito.
Os dados necessários para uma comparação efetiva entre as duas edições tampouco se encontram no site do Instituto Antônio Houaiss, que traz dados semelhantes àqueles apresentados no site da editora Objetiva.
Assim, resolvi ir a uma livraria, munido de lápis e papel, a fim de tirar o assunto a limpo.
Meu método foi simples: anotei o intervalo de palavras constante na primeira página de cada letra do meu antigo Houaiss (a primeira página da letra c, por exemplo, vai de c a caapiá-verdadeiro) e o número de entradas contido neste intervalo – no caso da letra c, 57 entradas.
Na edição do novo Houaiss, contei as palavras contidas no mesmo intervalo e elaborei uma tabela indicando a defasagem do novo Houaiss em relação ao antigo.
Nos casos em que a última palavra constante na primeira página de uma letra qualquer do antigo Houaiss não constava na edição nova, procurei nesta última a primeira palavra situada alfabeticamente após a entrada inexistente e refiz, no antigo Houaiss, a contagem referente ao novo intervalo.
Os resultados encontram-se na tabela a seguir:
Intervalo | N.º de entradas no antigo Houaiss | N.º de entradas no novo Houaiss | N.º de entradas a menos no novo Houaiss | % de entradas a menos no novo Houaiss |
¹a – ¹aba | 47 | 23 | 24 | 51,06% |
b – ²babar | 63 | 38 | 25 | 39,68% |
c – caapiá-verdadeiro | 57 | 38 | 19 | 33,33% |
d – ¹dada | 83 | 38 | 45 | 54,21% |
e – ebriático | 77 | 38 | 39 | 50,64% |
f – fabriqueta | 50 | 38 | 12 | 24% |
g – ²gabro | 74 | 46 | 28 | 37,83% |
h – habitude | 55 | 41 | 14 | 25,45% |
i – iamologia | 59 | 31 | 28 | 47,45% |
j – ¹jaca | 74 | 52 | 22 | 29,72% |
k – katakana | 141 | 21 | 120 | 85,10% |
l – lábio | 54 | 32 | 22 | 40,74% |
m – macaco | 67 | 44 | 23 | 34,32% |
n – nacionalismo | 67 | 38 | 29 | 43,28% |
o – obdurar | 75 | 51 | 24 | 32% |
p – pachto | 86 | 59 | 27 | 31,39% |
q – quádrica | 62 | 41 | 21 | 33,87% |
r – rabeira | 75 | 50 | 25 | 33,33% |
s – sabedoria | 55 | 38 | 17 | 30,90% |
t – tabasco | 76 | 40 | 36 | 47,36% |
¹u – uapiti | 99 | 63 | 36 | 36,36% |
v – vacinoterapia | 67 | 47 | 20 | 29,85% |
w – welwitschiáscea | 76 | 37 | 39 | 51,31% |
x – xântico | 71 | 45 | 26 | 36,61% |
y – yuppie | 41 | 19 | 22 | 54,76% |
z – zambê | 65 | 39 | 26 | 40% |
TOTAL | 1816 | 1047 | 749 | 42,34% |
Do quadro acima, percebe-se que a nova edição do Dicionário Houaiss da língua portuguesa é, conforme as informações que circulam pela internet, seguramente e demonstravelmente menos completa do que a edição anterior de mesmo nome. Na contagem acima, a letra que menos sofreu defasagem foi a letra f, que mesmo assim teve uma perda de 24% do número de entradas. As perdas da letra k, no entanto, ultrapassam 85% segundo o mesmo método, e a perda média de conteúdo é de 42,34%[vii].
Mesmo os verbetes mantidos sofreram, por vezes, um processo de encolhimento. O verbo lavar, por exemplo, que contava com quinze acepções na antiga edição, agora conta com apenas sete. O substantivo texto, que trazia oito acepções e três locuções, encolheu até ficar com cinco acepções e nenhuma locução.
Vale frisar que o prefácio da nova edição, assinado por Mauro de Salles Villar, traz alguns esclarecimentos sobre a omissão de elementos mórficos (que supostamente estão incluídos no CD-ROM) e de vocabulário referente a outras variedades do português, como o português lusitano e o português do Timor Leste, bem como a informação que a editora Objetiva omite em seu site não informa por email: esta nova edição do dicionário é uma “obra de cerca de 146 mil verbetes[viii]” – portanto, cerca de 35% menor do que a antiga edição, que somava mais de 228 mil[ix].
O prefaciador também esclarece que a nova edição “situa-se, quanto à extensão, entre o Grande, cuja segunda edição contará com mais de 230 mil entradas, e o Minidicionário, que tem mais de 30 mil palavras e locuções”.
Sem nos determos no Minidicionário, que decerto não interessará aos profissionais de Letras, cabe perguntar: que Grande é esse? Ninguém jamais viu ou teve nas mãos uma obra chamada Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa. A editora Objetiva, no entanto, agora trata o antigo Dicionário Houaiss da língua portuguesa por este nome, embora o adjetivo “grande” não figure na capa, na ficha catalográfica nem em parte alguma do referido dicionário[x]. Seria esta mudança retroativa do nome do antigo dicionário, no site da editora e no prefácio da nova edição, uma tentativa de justificar o significativo empobrecimento de conteúdo na nova edição de um dicionário que de fato ostenta o nome exato, letra por letra, de seu predecessor?
É o que tudo indica, pois, como se lê no trecho do prefácio citado acima, o novo Dicionário Houaiss da língua portuguesa, embora tenha nome idêntico ao do antigo Dicionário Houaiss da língua portuguesa, não é uma atualização ou uma nova versão de seu antigo homônimo, mas apenas uma edição intermediária – sem equivalente na antiga ortografia – entre o Minidicionário e o antigo Dicionário Houaiss da língua portuguesa, que hoje a editora Objetiva prefere chamar de Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa.
Um quadro comparativo talvez ajude a esclarecer as diferenças:
Antiga ortografia | Nova ortografia |
Minidicionário Houaiss da língua portuguesa (mais de 30 mil palavras e locuções) | Minidicionário Houaiss da língua portuguesa (mais de 30 mil palavras e locuções) |
[Não havia uma edição intermediária entre o Minidicionário e o Dicionário] | Dicionário Houaiss da língua portuguesa (mais de 146 mil verbetes) |
Dicionário Houaiss da língua portuguesa (mais de 228 mil entradas) | Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa (ainda inexistente; mais de 230 mil entradas) |
Vale lembrar que talvez esta confusão não seja acidental, pois a editora Objetiva estará embolsando dezenas de reais para cada pessoa que comprar um Dicionário Houaiss da língua português acerta de estar comprando uma versão atualizada do antigo e excelente dicionário de mesmo nome que já conhece. Pois não está. Está comprando algo um tanto menor e um tanto menos completo – o que em si não é problema algum, desde que a compra seja feita com conhecimento de causa, e não como resultado de propaganda enganosa.
Assim, talvez caiba pensar duas vezes antes de gastar R$ 250 em um dicionário 35% menor em relação ao antigo Houaiss – que portanto não atualiza e a bem dizer sequer inclui 35% das palavras e locuções de seu predecessor! –, para daqui a algum tempo mais uma vez desembolsar sabe-se lá quanto pela tão aguardada edição completa.
Contraponto – Correspondência com Mauro Salles Villar, lexicógrafo-chefe do Instituto Antônio Houaiss
Enquanto eu escrevia este artigo, entrei em contato com do Instituto Antônio Houaiss, que, ao contrário da Editora Objetiva, dignou-se a prestar muitos, se não todos, os esclarecimentos solicitados, através de seu lexicógrafo-chefe, Mauro Salles Villar.
Parece que o tratamento dado aos números e nomes dos dicionários deve-se a razões comerciais, que competem apenas à editora Objetiva. Isso explicaria por que, embora as informações sejam confusas em todas as demais fontes consultadas, o prefácio – assinado por Mauro Villar – é de uma clareza cristalina em relação a eles.
Reproduzo abaixo, na íntegra e com a devida autorização do meu correspondente, os emails que trocamos.
[Primeiro email, de 17 de agosto.]
Caros amigos do Instituto Antônio Houaiss,
Sou tradutor literário e, há algum tempo atrás, recebi com alegria a notícia sobre a recente edição do Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Logo, contudo, chamaram-me a atenção para o fato de que o novo Dicionário Houaiss da língua portuguesa não era -- surpresa das surpresas -- uma nova edição do homônimo, que, ao que tudo indica, agora parece ter passado a se chamar Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa pela editora Objetiva, embora essa denominação "grande" não conste na capa, na ficha catalográfica nem em lugar algum do referido dicionário. Também fui alertado sobre o conteúdo significativamente menor do DHLPem relação ao antigo homônimo.
Na tentativa de esclarecer a situação, fui ao site da editora Objetiva, que apresenta os dados relativos ao antigo DHMP e a seu homônimo de modo absolutamente confuso, indicando, para o antigo, o número de verbetes e definições, e para o novo apenas a soma (?) do número de entradas, locuções e acepções, o que torna impossível uma real comparação entre as duas edições. O site do IAHinfelizmente não ajuda a desfazer a confusão, embora o prefácio da nova edição -- que provavelmente o consulente só vai ler depois de adquiri-la -- afirme de modo claro e categórico que a nova edição é bastante menor do que a anterior.
A confusão dos nomes, aliada à confusão no modo de apresentar os dados relativos aos dicionários, certamente está induzindo muitos incautos a comprar a nova edição do DHLP achando que estão comprando uma simples versão na nova ortografia do antigo homônimo, quando na verdade estão comprando bem menos do que isso.
Não seria mais adequado, portanto, informar estes dados claramente ao consumidor, tanto na página do Instituto Antônio Houaiss quanto na da editora Objetiva? Já tentei contato com eles, mas ao que tudo indica o editorial não responde emails concernentes a esse assunto. Muito me agradaria ler uma resposta de vocês.
Obrigado,
Guilherme Braga (Porto Alegre).
***
[A resposta de Mauro Villar foi-me encaminhada por XXXXX, um outro membro do Instituto Antônio Houaiss, no mesmo dia: 17 de agosto.]
Caro Guilherme,
em resposta ao seu email envio um texto de nosso diretor técnico Mauro Villar.
Atenciosamente,
XXXXX
IAH
***
[Resposta de Mauro Villar em 17 de agosto.]
Caro Guilherme,
O novo dicionário citado tem 146 mil entradas e traz como nome Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. A 2ª edição do dicionário que agora se chama Grande Dicionário Houaiss, obra diferente da anterior, terá, quando sair, mais de 232 mil entradas (atualmente tem cerca 228.500). Também acho que esses são os dados numéricos que precisam estar claros para os compradores, não essa soma de entradas com locuções e acepções inventada por um concorrente que tinha menos verbetes que o Houaiss e por isso precisava de um dado numérico “de peso”. De tal soma chega-se a um total, realmente, mas de quê? Infelizmente, todos os outros vendedores de dicionários foram atrás dessa cálculo, para não ficarem atrás. Sou contra.
O novo dicionário, de porte médio, um pouco maior do que o Aurélio, tem o seu texto atualizado pela grafia oficial do Acordo, e esse é um ponto importante para se entender a sua utilidade. A edição do Grande que ainda existe à venda em sua versão de 1ª edição atualizada não está redigida segundo o Acordo ortográfico. Tal trabalho está em processo (para sua 2ª edição), pois ele tem hoje mais de 60 milhões de caracteres e a alteração ortográfica mexe bastante com as suas macro e microestruturas . Com isso, esse trabalho não pôde ser feito por revisores, mas sim por lexicógrafos, tratando-se de algo muito especializado e longo. Lamento a confusão instaurada com os nomes da capa. O Instituto Houaiss é um centro de estudos lexicográficos da língua e uma fábrica de obras de referência. Eu, geralmente, as projeto e desenvolvo com grupos de especialistas. O Instituto não comercia os livros que faz, para isso contratando uma editora que cuida, então, da produção da obra, sua distribuição, marketing e comercialização por um período determinado.
O grupo do Instituto é muito pequeno e vive assoberbado com o que tem a fazer. (Foram 7 dicionários nos oito anos transcorridos desde que o nosso primeiro veio a lume.) Por essa razão, infelizmente não temos uma seção de respostas aos leitores, cuja correspondência nos chega em quantidade, com perguntas, dúvidas, sugestões, colaborações etc. Espero um dia podermos entrar em contato com quem nos escreve, como estou fazendo excepcionalmente neste seu caso. Faço-o aqui por estar certo que de tem toda a razão no que reclama. Só lhe peço que tenha, pelo menos, paciência conosco e acredite que o trabalho dentro do Instituto procura ser sempre o mais sério em matéria de lexicografia em nossa língua. Mas problemas colaterais existem.
Obrigado por ter-nos escrito,
Mauro de Salles Villar.
***
[Minha resposta foi redigida a XXXXX, mesmo membro do IAH que me reencaminhou o email do Mauro Villar, também em 17 de agosto.]
Caro XXXXX,
Muitíssimo obrigado pela resposta. Estou escrevendo um breve artigo -- a ser publicado o mais breve possível nas listas e blogs de tradutores, revisores e demais profissionais de Letras que frequento -- sobre as diferenças entre as duas edições, em que tento desfazer as confusões referentes aos títulos e aos dados numéricos apresentados nos sites, e gostaria, se possível, de reproduzir na íntegra a resposta do Mauro Villar.
Peço assim, por gentileza, que você encaminhe meu pedido a ele. Também me disponho a omitir certas partes (como as referências ao Aurélio, p. ex.) se ele assim preferir. Neste último caso, favor indicar as partes a omitir.
De qualquer modo, creio que a inclusão de uma resposta integral ou parcial do diretor técnico do IAH no meu artigo só contribuirá para manter a boa imagem do Instituto e do trabalho realizado por vocês, cuja seriedade jamais esteve em xeque, ao menos de minha parte. Trata-se exclusivamente de uma reclamação referente ao modo como o dicionário está sendo vendido, nada tendo a ver com a qualidade do conteúdo que encerra.
No aguardo de sua resposta, um abraço,
Guilherme Braga (Porto Alegre).
P.S.: Por favor estenda os meus agradecimentos ao Mauro Villar.
***
[Resposta recebida de Mauro Villar em 18 de agosto.]
Guilherme,
Pode usar o meu texto como quiser e dele cortar o que quiser também. A resposta foi pessoal, minha para você, não visando publicitação externa; mas se pensar que deve aproveitar o seu texto, por favor, faça os cortes que julgar necessários e use-o como base. Atenção sempre para não criar-me embaraços maiores. É importante, no caso dos dicionários de que falamos, que se entenda que são duas obras diferentes, uma Ferrari e uma (sei lá) Honda Civic, digamos, feitas para públicos diferentes. A primeira excele em filologia, datações com fonte, asiaticismos, africanismos, palavras antigas ou arcaicas na língua atual, regionalismos, aprofundamento em análises etc.; é bem extensa e mais cara. A outra é uma obra mais ágil, sem peso nestas antes citadas informações, focada nos usos atuais da língua e mais voltada para uma óptica brasileira (ou seja, menos ecumênica em sua concepção quanto à lusofonia que o Grande), mas dá, por exemplo, entrada a palavras que mesmo o Grande (na atual edição no comércio) não tem. Para a quase totalidade de usuários, essa obra mais enxuta (embora com 146 mil entradas) será eficaz, além de estar totalmente atualizada; para quem precisar de uma Ferrari, a outra sempre estará à mão. A estrutura lexicográfica e as informações numa e noutra obra são as mesmas; só a sua extensão difere.
Um abraço do Mauro Villar.
BIBLIOGRAFIA:
Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de janeiro: Objetiva, 2004.
Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de janeiro: Objetiva, 2009.
[i] A distribuição deste artigo para fins não lucrativos é livre, desde que respeitados a integridade do texto original e o crédito ao autor.
[ii] Tradutor literário e licenciado em Letras (português-inglês) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
[iii] Conforme demonstrado nas diversas partes do artigo Não compre o novo VOLP!, assinadas pelo prof. Cláudio Moreno e publicadas no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, facilmente encontráveis na internet.
[iv] Hoje a editora Objetiva refere-se ao antigo Dicionário Houaiss da língua portuguesa como Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa em seu site, embora o adjetivo “grande” não conste na capa, na ficha catalográfica nem em parte alguma da obra.
[v] Informações disponíveis em <http://www.objetiva.com.br/objetiva/cs/?q=node/574>. Acessado em 13 de agosto de 2009.
[vi] Informações disponíveis em <http://www.objetiva.com.br/objetiva/cs/?q=node/1803>. Acessado em 13 de agosto de 2009.
[vii] Como todas as contagens foram feitas a mão, é possível que haja pequenos erros, o que no entanto não invalida o argumento de que a nova edição do Dicionário Houaiss da língua portuguesa é muito menos completa do que a antiga.
[viii] Dicionário Houaiss da língua portuguesa (2009), p. xi.
[ix] Dicionário Houaiss da língua portuguesa (2004), p. xv.
[x] No primeiro link fornecido acima, vê-se que a página sobre o Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa traz a foto de uma obra que estampa apenas o título Dicionário Houaiss da língua portuguesa na capa.
9 comentários:
Louvo a tenacidade do bravo Guilherme para pesquisar o assunto a fundo.
Obrigada a você, Danilo, por nos dar a oportunidade desta leitura.
ótimo! é muita esperteza, demais da conta. dei nota no blog linkando para cá.
Guilherme, sua iniciativa comprovou uma coisa que o olho experto e acostumado à edição de 2001 podia perceber, mas não podia questionar só com base no empirismo, isto é, que o dicionário novo é substancialmente menor. Seus cálculos e suas pesquisas mostraram claramente isso. Aguardemos o agora famigerado (sem qualquer sentido pejorativo) Grande Houaiss, então. Obrigado Danilo por divulgar texto do nosso colega.
Abraços.
Heber
P.S.: Há essa interessante edição do Houaiss com 7398 páginas em três volumes. Você já teve a oportunidade de manuseá-la?
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=728959&sid=89811712511714672927140446&k5=32804487&uid=
Danilo. Primeira vez que entro em seu blog, por mero acaso. Gostei, vou frequentá-lo. Sou tradutora de filmes e programas de televisão. Concordo basicamente com tudo que li por aqui, até agora.
Maria Cristina.
Que bom que você está gostando. Quando discordar, dê lá sua opinião. Este é um blogue para discussão e os comentários são apreciados.
Olá, sou estudante de letras, também trabalho com revisão de textos e gostei muito do artigo, foi bastante esclarecedor. Recentemente, a livraria Saraiva lançou uma promoção do Novo Houaiss e eu fiquei interessada em comprar, mas também fiquei confusa com relação à descrição do dicionário. Fiz a comparação dos números e, confusa entre soma e número real de entradas, não entendi como um dicionário com quase mil páginas a menos pode apresentar um número de verbetes consideravelmente maior e também como, sendo assim, o antigo dicionário continuava cerca de 150 reais mais caro (imaginei que fosse por causa do material mais nobre,mas, mesmo assim, achei estranho). Acabou que não comprei o dicionário, tenho apenas os dois dicionários eletrônicos, o antigo e o novo, que realmente possui o dicionário de elementos mórficos entre seus conteúdos e também um esclarecimento sobre as diferenças entre o novo e o antigo Houaiss (o que é valido, mas deveria estar claro para o consumidor ANTES da compra). Estou satisfeita com o dicionário, acho justa a diferença dos preços (o antigo continua bem mais caro), mas concordo que o consumidor tem o direito de saber todas as informações do produto que está comprando. Agora com as devidas informações, vou aguardar a chegada da nova edição com o Grande Dicionário Houaiss!
Olá, Danilo, sou tradutora e revisora, e gostaria de deixar uma dica: o GRANDE HOUAISS está por 90,00 reais no submarino. Creio que seja uma promoção bem limitada. Ainda prefiro trabalhar com ele e ter um VOLP para resolver(?*) o problema do novo acordo ortográfico (* Também foi publicado com algumas incoerências e na correria).
Cheiro de má-fé. Sugiro a atermação de reclamação no Ministério Público Federal, que existe pra esse tipo de coisa.
Bravo! Que maravilhoso que tenha realizado este trabalho, com certeza muitos lhe agradecem e muitos se entristecem pela falata de esclarecimentos da Editora Objetiva. Que bom que esperei para comprar o meu!
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